Até há pouco menos de 6 meses os debates mais acesos no Mundo e nas redes sociais eram sobre a qualidade do ar que respirávamos. Nessa época (fica bem aqui a palavra época, dá uma sensação de longínquo) não se falava de COVID-19, porque, como não estava na Internet nem nas redes sociais, obviamente, não existia.
Greta Thunberg era a figura de proa deste combate e lembrava-nos a todos, inclusive aos líderes mundiais, como nos atrevíamos a pensar só em dinheiro, quando o importante era mudar de vida, porque a vida só tinha futuro sem poluição.
A sustentabilidade, onde quer que se aplique, por azar, atinge quase sempre os gostos dos portugueses.
Primeiro foram as sardinhas, quando a comissária europeia Emma Bonino proibiu-nos de as pescar: Depois foi o bacalhau. Segundo o Marine Conservatin Society no Reino Unido, parecem existir provas que o bacalhau capturado na costa da Noruega é insustentável, tendo já arrasado a capacidade reprodutiva. Também Isabel Jonet se referiu ao nosso bife como sendo quase um pecado da gula.
Ora, para piorar a coisa, os nutricionistas lembram-nos que o bife também está associado a maus hábitos alimentares, nomeadamente porque são acompanhados por batatas fritas (french fries para quem não sabe o que são batatas fritas).
Entendo os países nórdicos e mais alguns do Norte da Europa na posição de força contra eventuais futuras ajudas financeiras ao nosso país. Desde já porque pensam que a probabilidade de morrermos todos do vírus é elevada e porque, mesmo que tal não aconteça, uma vez que vão ficar sem bacalhau para nos vender, não vale a pena darem-nos dinheiro que depois não vai gerar lucros nos seus países.
Já fomos acusados de gastar tudo em copos e mulheres, mas eu continuo a achar que o bacalhau e o cheiro do dito, na versão Quim Barreiros, ocupa também um lugar de destaque nos nossos gastos.
Voltemos à vaca (fria).
Os ecologistas e demais seguidores de Greta Thunberg asseguram que as vacas são as maiores responsáveis pela emissão de gases poluentes para a atmosfera. No total o sector da criação de gado, será culpado por 18% das emissões, enquanto o sector dos transportes, lançará apenas 13,5% de emissões poluentes.
Acredito piamente que nestes 18% de emissões de gases estejam incluídas as vacas dos Açores, nomeadamente aquelas que em Setembro de 2011, foram alvo da atenção do então Presidente da República, Dr Cavaco Silva, que, de forma perspicaz, viu que o sorriso das vacas espelhavam a sua satisfação ao olhar para o pasto que começava a ficar verdejante.
Ora se o pasto estava a ficar verdejante e se as vacas são o maior foco de poluição, a ecologia não pode ser verde. Atrevo-me a dizer, que o negro das ervas nas bermas do IC 19 é mais verde que o pasto das vacas nos Açores, isto sou eu a falar, mas sou daltónico.
Eis senão quando chega o Covid-19 e o Mundo parou.
Para meu espanto, as vacas continuaram a peidar-se, mesmo onde são sagradas, nos Açores e no Mundo.
Contudo, a poluição, milagrosamente baixou mais de 50% em todo o Mundo.
Acho que está na altura de se voltar ao bitoque e ao prego no prato ou no pão, desde que se ande a pé e deixar de apelidar as vacas de poluidoras.
O ar está agora mais limpo mas, ainda assim conspurcado com um vírus que funciona como o Sheltox, mata que se farta e a culpa não é, seguramente, das vacas.
A dúvida que se impõe é saber se não há vida sem poluição? Ou se, para não haver poluição, temos que acabar com a vida, inclusivé com a das vacas?
Então e os direitos dos animais, já para não falar dos direitos humanos?
Nota de 08/07/2020 . Hoje, ao passar por um quiosque, reparei que a capa do Jornal o Sol de 04/07/2020, destacava as palavas da Ministra da Agricultura, numa entrevista que deu ao jornal; "As vacas não deixaram de existir e a poluição não baixou".
Hoje 24/09/2020 li o seguinte;
https://greensavers.sapo.pt/greenpeace-alerta-que-as-emissoes-de-gases-da-criacao-de-gado-sao-maiores-que-as-causadas-pelos-carros-na-ue/