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Generalidades

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18
Jan23

Sonhar e voar


Vagueando

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Sonhar é ir para lá da nossa vida quotidiana, da nossa vida física.

Sonhamos em pé, sentados, acordados e a dormir. Contudo, que eu saiba, ainda não conseguimos fotografar os nossos sonhos de modo a os podermos exibir aos nossos amigos ou melhor, mostrar a todos que não estamos a inventar, que não estamos loucos.

Voar faz parte do sonho de qualquer pessoa, mesmo que tenha receio de algum dia o vir a fazer. Voar sempre fez sempre parte do sonho do ser humano, mesmo antes da invenção do avião e de outras máquinas voadoras.

Voar é ir para lá das nuvens e depois de as vencer contemplar o céu que continua lá bem alto, inacessível, ainda que num avião a tentação de lhe tocar seja grande.

Sonhar e voar complementam-se, jogam em equipa não para competir, apenas e só para satisfazer quem gosta de uma coisa e de outra.

Um destes dias, a sonhar ou voar, acordado ou a dormir, dei comigo a voar. O voo subia, subia, subia e de repente eu próprio ao lado do piloto a sonhar ou voar, disse-lhe;
Olhe, ali em frente, as nuvens abriram uma passagem tão bela, tipo chaminé que podemos passar por ali e continuar a subir.

Ele concordou, a voar e a sonhar, entramos naquela passagem que chamava por nós e continuámos a subir onde ainda estamos e de onde envio este post.

Não sei onde estou, só sei que não estou em casa, nem com os pés no chão, nem se estou ainda a voar ou ainda a sonhar-

17
Jun20

Do 80 para o 8


Vagueando

 

 

20200603_125948.jpg

Almoço num dia de Junho, no Restaurante Bristol, com bom tempo o que em Sintra quer dizer, sem nevoeiro e sem vento. Não se vê uma pessoa ou um carro na estrada da Volta do Duche. 

Regresso sem inspiração e sem gana o que é contra a minha vontade. Nem consigo explicar porquê. Talvez venha para aqui desabafar, meditar, lamentar, buscar, passar o tempo ou, quem sabe, à procura de encontrar uma qualquer motivação ou emoção.

Este novo normal faz-me muito mal, afecta-me a moral.

A falta de vida em Sintra deixa-me triste, a falta de gente aborrece-me, a falta de movimento faz-me sentir morto, a falta de tudo o que mexe deixa-me com stress, a falta de som irrita-me.

Não há quem se me dirija a perguntar como se chega ao Castelo ou ao Palácio, não há quem me pergunte onde comer as melhores queijadas, não há quem me questione onde consegue estacionar o carro, não há quem me diga, mas Sintra é assim todos os dias, não há quem me peça para lhe tirar uma foto (em abono da verdade já era raro por causa da mania das selfies).

Os passeios estão a ficar flácidos porque não são pisados, as escadarias não gostam de ver os seus degraus ao deus dará, os corrimãos querem ser agarrados, os monumentos não têm audiência para contar as suas histórias, as árvores fazem sombra que ninguém aproveita, a água corre pelos riachos sem testemunhas nem árbitros que confirmem que passou por ali, as dobradiças estão desempregadas e em risco de reumatite permanente, as fechaduras estão fartas de estar fechadas, as portas há muito que não se mexem, algumas já estão a engordar, os vidros continuam transparentes mas ninguém vê para dentro ou para fora, os postigos estão fartos de tapar a luz do sol, os tapetes estão fartos de estar enroladas, os capachos sentem-se humilhados por ninguém lhes esfregar os sapatos, os semáforos estão cansados de dar ordem de paragem ou de passagem sem que ninguém lhes ligue, as fontes sentem-se abandonadas, as mesas anseiam por uma toalha.

Resta-me a paisagem verde ,que parece ser a única coisa viva à minha volta. 

Sinto que me largaram de repente num deserto sem areia, cuja travessia vai ser longa e dolorosa para todos.

Sinto que passámos do 80 para o 8 e termino por aqui. Se um disco voador aterrasse hoje em Sintra, na Volta do Duche, no Castelo ou no Palácio, não estaria cá ninguém para testemunhar.

Vai na volta, preciso mesmo de um duche, estarei a sonhar?

 

 

 

 

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