QUESTÃO
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Data Inquérito
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Em 2017 teve alguma multa de trânsito
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22/12/2018
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Sim, e paguei
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1905
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17%
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Sim, mas ignorei
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331
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3%
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Não, mas houve vários motivos para ser multado
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1873
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17%
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Não, mas também não fiz nada que justificasse multa
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6817
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62%
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10926
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QUESTÃO
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Data Inquérito
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Em 6 dias de operação Natal Tranquilo houve 15 mortos nas estradas portuguesas. Qual o erro que mais vezes comete ao conduzir?
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27/12/2018
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Ando com excesso de velocidade
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2437
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19%
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Uso o telemóvel enquanto conduzo
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1202
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9%
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Conduzo depois de beber álcool
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407
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3%
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Conduzo com sono
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576
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4%
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Arrisco um bocado nas ultrapassagens e em outras manobras
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576
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4%
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Irrito-me quando há muito trânsito e não adequo a condução a essa circunstância
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684
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5%
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Outro
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1197
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9%
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Eu ando sempre bem, o problema são os outros
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5919
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46%
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12998
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Realizou o portal Sapo, em 22 e 27 de Dezembro passado, dois inquéritos (quadros acima) relacionados com o cumprimento ou não do Código da Estrada (CE), ao qual responderam 23.924 leitores.
Numa altura em que estamos ainda a digerir o fracasso da Operação Natal Tranquilo e Operação Ano Novo, os resultados destes inquéritos vieram, mais uma vez, confirmar que mesmo sem a ocorrência de chuva, neve ou nevoeiro, ou seja as chamadas condições adversas, quão péssimos são os portugueses a conduzir.
As respostas indicam que a esmagadora maioria dos portugueses, não só acha que cumpre fielmente o CE, como também considera que o problema da sinistralidade deriva do comportamento dos outros condutores.
Faz-me lembrar aquela anedota (infelizmente tantas vezes real) em que o indivíduo que segue em contramão em plena AE, acha que todos os outros é que vão mal.
Os resultados dos inquéritos não são surpreendentes. Apenas revelam que a maioria dos condutores não tem a mais pálida ideia das regras do CE, sendo surpreendente, isso sim, como, nesta imensa ignorância das regras, não ocorrem ainda mais acidentes.
Infelizmente as Escolas de Condução não ensinam a conduzir um automóvel, nem os perigos que isso representa. Ensinam sim, como fazer andar um carro, a prática vem depois, com o tempo. Se, com o tempo vier uma ou mais, más práticas, ninguém as vai corrigir, até ao dia em que as estatísticas acrescentam mais um acidente à lista.
E este desconhecimento das regras, não deriva só do (mau) ensino da condução e da iliteracia de muitos dos condutores relativamente ao CE, que aprendem a empinar para fazer o teste, mas sem nunca perceber o que está subjacente a cada resposta que acertam. Está também em causa o facto de as autoridades repisarem sempre as mesmas infrações; Falar ao telemóvel, o excesso de velocidade e o excesso de álcool no sangue, que, embora sendo infrações muito graves, nem sempre são a causa directa dos acidentes.
A falta da percepção do risco associado à condução é assustador, a falta de atenção na condução é sistemática, o desrespeito pelo código é prática corrente e, pior, na maior parte das vezes quem as pratica, nem tem a noção que infringiu qualquer regra do CE.
Eis alguns exemplos do que refiro;
Falta de percepção do risco – Frequentemente vê-se automobilistas que circulam em dias de chuva e nevoeiro com luzes apagadas. Será que têm consciência de que assim não são vistos e isso constitui um enorme perigo para a sua integridade física, para não falar na dos outros?
Falta de atenção – Milhares de manobras de mudança de direcção são realizadas diariamente sem que sejam devidamente assinaladas. Os automobilistas estão conscientes do risco que isso acarreta e os constrangimentos que isso causa à fluidez do tráfego? Será que não sabem que as regras do Código da Estrada se destinam a assegurar a segurança, mas também a fluidez do tráfego? Quem nunca ficou parado num entroncamento devido ao trânsito existente, o qual sai à direita, sem sinalizar essa manobra e que se tivessem dado essa indicação teríamos entrado sem qualquer problema? Quando estiver numa fila demorada, lembre-se que uma das razões da demora, pode residir nesta falta de respeito.
Junto a cada entroncamento nas vias rápidas e AE existem linhas mistas, uma contínua e outra descontínua, sendo que as mesmas se destinam a evitar, por exemplo que quem segue na faixa da esquerda ou do meio, não possa sair no entroncamento tarde de mais e assim colocar em risco que circula na faixa da direita. O desrespeito por esta linha contínua é tão banal como beber um café e acredito que muitos nem se apercebam da sua presença e do que significa.
Falta de respeito pelo Código da Estrada – Reiteradamente se circula colado ao carro da frente, muitas vezes o carro da frente é uma daquelas carrinhas de caixa fechada, ou seja, não se vê um palmo à frente do nariz e mesmo assim segue-se colado, muitas vezes a velocidades altas sem o mínimo de visibilidade.
Uma das regras básicas do CE, é que a circulação se faz pela via direita e no caso das vias rápidas e AE, pela via mais à direita. Esta regra está para o CE, como o abecedário e a tabuada estão para a Instrução Primária. Ainda não percebi porque se insiste em circular na via do meio ou à esquerda quando não há trânsito à direita. Contudo, já percebi das conversas que vou explorando com outros automobilistas, a ideia é, se não há trânsito porque não posso circular ao meio. A minha pergunta é, se não há trânsito porque não circular à direita. Nunca obtive uma resposta aceitável.
Em resumo, com todos estes problemas, considero que o número de acidentes até é baixo. Ao que parece porque a Nossa Senhora de Fátima e/ou todas as outras, ainda fazem milagres nas estradas portuguesas.