Um motor descrito por uma mulher de letras
Vagueando
Despertou-me a curiosidade do título "O Infinito está nos olhos do outro”, mas logo olhei para o lado, porque achei estar na presença demais uma tanga. Mas, não sei porquê, voltei atrás e ao título e constatei que era escrito por uma jornalista da RTP, Fátima Campos Ferreira e com prefácio de António Ramalho Eanes, duas figuras que me merecem muito respeito.
Comprei o e li o livro, do qual destaco dois pequenos excertos que se identificam comigo e de que gostei particularmente.
O primeiro tem a ver com um carro, que foi o meu primeiro carro um VW Carocha e fiquei estupefacto como uma mulher de letras descreve, em tão bem e tão poucas palavras, o motor deste carro.
"O motor do carro tinha um ruído inesquecível, como se tivesse um botão de volume e aumentasse e diminuísse à medida que dobrávamos curvas ou entrássemos nas povoações” .
Se a inteligência artificial conseguisse pegar neste texto e transformá-lo no tal “ruído” aposto que os meus ouvidos jamais o aprovariam. Só quem viajou neste carro conseguer entender o que ali está descrito.
O segundo tem a ver com um gosto muito especial que tenho pelas coisas que já foram usadas e carregam um passado. Estas coisas só contam o seu passado a quem estiver disposto a conhecê-lo.
“O sentido do usado ganhava a ilusão da viagem ao mundo de outras vidas”
Quando olho para um objecto usado, seja meu ou esteja numa qualquer feira de velharias é este o meu sentimento.
De resto, este livro, sendo a história de uma familía, não aprofunda detalhes desnecessários, descreve vivências de outras eras que merecem ser conhecidas.
Parabéns Fátima Campos Ferreira