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Generalidades

Generalidades

15
Nov24

O prazer de um café com uma boa vista


Vagueando

Participação XV no desafio 1 foto 1 texto

 Tenho prazer em beber café, muito prazer. O sabor, o cheiro, a espuma, a cor, tudo é beleza naquela pequena chávena branca, formam um conjunto fotogénico muito belo.

O café constitui para mim um momento de relaxamento mas raramente o bebo sentado, exceto quando almoço num restaurante.

Faz parte do meu pequeno-almoço sempre e hoje, para participar neste desafio resolvi trazer o café à baila.

Ainda que normalmente não beba café sentado à tarde ou ao pequeno-almoço, abro sempre uma excepção quando encontro uma mesa que acrescenta valor à minha paz e descontração quando bebo um café.

Há poucos dias deixei aqui um post relacionado com a recente abertura em pleno centro de Sintra - Casa da Torre - onde a mesa 6 tem uma vista fabulosa para o Palácio e hoje trago aqui uma foto de outra mesa que tem uma vista também lindíssima para o mesmo Palácio só que do lado oposto.

20241031_163626.jpg

Há uns dias, com a sala totalmente vazia, tomei um café nesta mesa, quando o Sol de Inverno já se despedia de Sintra seguindo em direção ao mar.

Esta mesa pode ser encontrada na casa mais antiga de queijadas de Sintra, ou seja desde 1756, na Volta do Duche em Sintra, cuja história já aqui postei.

Podem consultar alguns dos benefícios do café, segundo a CUF e as várias formas como se pede café em Portugal, algumas delas, confesso, desconhecia por completo.

Para mim a única coisa que faço questão para beber um café é que a chávena não seja de vidro, mas sim de porcelana branca.

Esquisitices.

04
Ago24

Casa da Torre

A modernidade com sabor a 93 anos de história


Vagueando

 

20240727_165302.jpg

No passado dia 29/07/2024, dia em que tirei esta foto, foi inaugurada em pleno Centro Histórico de Sintra, a Casa da Torre.

Encontra aqui a doçaria habitual de Sintra, nomeadamente as famosas queijadas e travesseiros, bem como um serviço tradicional de pastelaria.

Hoje, ao contrário do dia da inauguração, tive a oportunidade de entrar e apreciar a decoração. A casa, para além do balcão virado para a rua, para os mais apressados, dispõe de dois pisos com mesas e lugares sentados e outro balcão/montra no piso um.

Gostei da decoração, sóbria, com cores claras o que acrescenta luz ao interior, uma vez que as janelas são pequenas, típicas da época do edificio.

Os lugares à janela permitem observar todo o movimento habitual de um centro histórico altamente turístico e gozar da tranquilidade que o espaço transmite. No piso um, a janela da mesa 6 tem um vista fabulosa para o Paço, pelo que acredito que esta mesa venha a ser especial.

Outras fotos da Casa da Torre

Vale a pena uma visita a esta casa, implantada num edifício histórico, mesmo ao lado de um lindíssimo posto do CTT (ver abaixo) sendo ela própria uma referência histórica no património da doçaria sintrense, ao ser gerida pela Casa do Preto que já leva 93 anos de história.

Cronologia do edifício onde está implantada a Casa da Torre (também pode ser consultada aqui )

Séc. 16 - a primitiva torre devia datar do reinado de D. Manuel ou início do de D. João III; séc. 18, 2ª metade - a torre actual foi construída por iniciativa do Marquês de Pombal, após o terramoto de 1755, que provocou a derrocada da anterior a partir do piso onde se encontra a maquinaria do relógio;

1773 - data inscrita no sino voltado a E.;

1791 - data inscrita no sino voltado a S.;

1812 - por deliberação camarária são colocadas luminárias na torre por ocasião do nascimento de um Infante;

1815, 11 Fevereiro - uma acta de reunião da Câmara refere a existência de um relógio na torre;

1820, 6 de Maio - são colocadas luminárias na torre para celebrar o aniversário de D. João VI;

1822 - reedificação da antiga cadeia, a cargo do empreiteiro Pedro de Oliveira; A 4 Maio - reparação do mecanismo do relógio;

1823, 26 Outubro - são colocadas luminárias na torre para celebrar o aniversário do infante D. Miguel;

1830 / 1840 - várias gravuras, duas de William Burnett (de 1830 / 1838), uma de George Vivian (de 1839) e outra Célestine Brélaz (de 1840), representam a torre de forma diferente, designadamente no que diz respeito às sineiras;

1836, 13 Abril - uma deliberação camarária estabelece um ordenado de 60.000 reis anuais para o carcereiro, com obrigação de cuidar do relógio;

1837, 28 Janeiro - na acta da reunião camarária refere-se o arrendamento da casa do 1º piso da torre; Em 22 Novembro - a casa é arrendada a António Rodrigues Ferreira;

1839 - Aquisição de nova corda para o relógio;

1849, 29 Outubro - Pagamento pela Câmara de 4.800 reis a João Pereira Pinto, por uma reparação do relógio;

1852 - a maquinaria do relógio ainda não estava ligada aos sinos;

1857, 25 Abril - Pagamento pela Câmara de 2.680 reis a António Maria da Silva, pela reparação do relógio , colocando-lhe roldanas novas, madeira e ferros;

1873, 28 Maio - é nomeado carcereiro João Pereira Pinto, o qual já exercia, interinamente, o cargo de relojoeiro desde o ano anterior;

1882 - Data inscrita no sino voltado a N.; na mesma data parece ter-se procedido à aquisição de novo mecanismo para o relógio;

1899 - limpeza do relógio, que não se efectuava pelo menos há 4 anos, pelo que o mesmo se encontrava parado;

1907 - a pedido da Liga Promotora dos Melhoramentos de Sintra a Câmara Municipal cede ao Estado o edifício da antiga cadeia, com vista à construção de uma estação de correios;

1911 - construção do Edifício dos Correios, segundo projecto do arq. A. Marques da Silva, na qualidade de arq. do Ministério do Fomento, no local da antiga cadeia, permanecendo apenas a torre do relógio.

 

05
Mai24

Castelo S.Gregório

Monte Sereno - S. Pedro de Penaferrim - Sintra


Vagueando

Destes dois bancos - de jardim - observam-se três montes na Serra de Sintra. Da direita para a esquerda, o monte onde nasceu o Castelo dos Mouros, o monte onde nasceu o Palácio da Pena e o Monte Sereno onde, muito mais tarde, nasceu um sonho que nunca se concretizou – A criação de um Hotel, Restaurant, Pousada neste monte.

Gregório Casimiro Ribeiro, o mentor do sonho, está intimamente ligado a Sintra por vários motivos.

Em 1911 associando-se a José Ambrósio, enteado de Josefa das Neves (queijadas da Sapa) começa a fabricar queijadas em Ranholas que eram vendidas no Café Pérola em Sintra. Em 1916 com esta sociedade desfeita, estabelece-se por conta própria no Largo do Regedor, actualmente Largo Dr. Manuel Arriaga em S.Pedro de Penaferrim, dando origem à marca Queijadas Recordação de Sintra, que ainda hoje existem e são comercializadas em estabelecimento próprio, “Gregório” (nome aditado pelo seu filho) também conhecido pelas queijadas do Polícia Sinaleiro. Este polícia, moldado em chapa ainda existe no estabelecimento mas numa posição mais recatada, anteriormente estava no passeio e era bem visível aos automobilistas que “supostamente” deveriam obedecer à ordem de paragem nesta Casa das Queijadas.

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Fotos (de cima para baixo e da direta para a esquerda) Jornal de Sintra 147 de 15/11/1936, Ecos de Sintra 391/391 de 10/06/1944 e Jornal de Sintra 172 de 23/05/1937.

Na foto de cima é possível ver, do lado direito, o Polícia Sinaleiro no passeio, com a indicação “Paragem Queijadas”. A menina em cima do burro era Vera Ribeiro neta de Gregório Casimiro Ribeiro e o homem era o actor António Ribeiro, pretendendo-se com esta foto recriar o transporte de queijadas a caminho das feiras onde eram vendidas.

Para além o negócio das queijadas fundou o jornal local “O Regional” em 1921. Promoveu a construção do Castelo S. Gregório – nome atribuído pelo povo - no Monte Sereno, que é visível de vários pontos de Sintra, nomeadamente dos bancos que deram início a esta história, ainda que o arvoredo que tem crescido à sua volta o esteja a esconder. Chegou a residir no primeiro andar de uma casa encarniçada existente no Largo Dr Manuel Arriaga, anteriormente denominado do Regedor, onde a título curiosidade, plantou em combinação com Joaquim Rodrigues Ferreira, antigo fiscal da Câmara os quatro plátanos ali existentes.

A ideia de edificar este castelo, nasce em 15 de Outubro de 1926, com o pedido de construção de uma casa de habitação, processo nº 516 na Câmara Municipal de Sintra que foi deferido em 29/11/1926.

Ainda que o pedido de construção referisse que se destinava a uma casa de habitação, a aprovação do projeto é feita na base de que se tratava de um Restaurante Hotel, pelo que o proprietário ficou isento do pagamento de taxas.

Na exposição que envia à Câmara, em 27/11/1926, solicita a classificação do projeto como turístico, fazendo questão de lembrar que a construção era demasiado dispendiosa, devido ao terreno acidentado, ainda que não se poupasse a sacrifícios, reconhecendo que eram muito superiores às suas forças, essa classificação seria uma mais-valia, quer junto da Câmara quer junto do Governo para levar o projeto a bom porto.

A licença de construção foi atribuída por 12 meses, sendo que as obras demoraram bastante mais, uma vez que só em 1942 é que Gregório Casimiro Ribeiro solicita o pedido de vistoria, indicando que a Casa de Repouso, Hotel ou Restaurant se encontra concluída, faltando apenas a respetiva ligação do esgoto, que não teria sido realizada por não ter sabido antes e na altura do pedido também ainda não o saber, qual o destino a dar à construção.

Em 1940, duas notícias no Jornal Ecos de Sintra, abordava-se a obra. Na edição nº 225 de 24/03/1940, O castelo iria ser uma pousada em breve, dado que dias antes o diretor do Secretariado de Propaganda Nacional visitou o local e que teria ficado encantado com a vista que dali se desfrutava. A outra, na Edição nº 226 de 01 de Maio de 01/05/1940, com o título “Iniciaram-se as obras na pousada do Monte Sereno”  dá-se nota que o projeto terá obtido uma comparticipação do Estado, através de um contrato assinado no dia 27 de Março do mesmo ano, com a Direção Geral da Fazenda Pública, cuja fiscalização será assegurada pela Secretaria da Propaganda Nacional e que será inaugurada brevemente.

Em 29 de Outubro de 1942 é realizada vistoria ao edifício e no dia seguinte é emitida a licença de habitabilidade nº 126, pela Repartição de Obras Municipais, tendo sido paga uma taxa de vistoria 55 escudos, sendo que esta repartição “toma a liberdade de lembrar que a construção foi autorizada com isenção de taxa de licença, parecendo ser de justiça manter-se essa isenção se a construção for destinada a fins turísticos, como primitivamente” O parecer do Fiscal da Câmara – Francisco do Santos, justifica que o projeto obedece aos regulamentos em vigor para as construções urbanas, considerando projeto como bastante interessante.

Entretanto o Chefe da Repartição de Finanças do Concelho de Sintra, dirige em 22/12/1948, o pedido 2405 à Câmara Municipal de Sintra, a solicitar esclarecimentos sobre a emissão da licença de habitação para o imóvel que não estaria em condições para lhe ser atribuída a referida licença de habitabilidade e onde a dado passo pode ler-se “…há quem queira demonstrar perante esta Secção de Finanças que esse prédio não estava, nessa data, em tais condições”.

Durante a construção deste Castelo, foram encontrados objectos pré-históricos, descritos pelo arqueólogo Félix Alves Pereira, num artigo no Diário de Notícias, em 1932/33, como sendo cinco utensílios ou armas de pedra usadas pelo homem antes deste tomar conhecimento dos metais. Noutro artigo do mesmo arqueólogo, faz-se referência também a achados de utensílios em Metal. Este arqueólogo fala ainda em achados estranhos, nomeadamente uma Bala de Pedreiro num artigo publicado em jornal que não consegui identificar nem tão pouco a data de publicação.

Tanto quanto sei o sonho de transformar o edifício acastelado numa pousada, nunca se concretizou e em 30/09/1942, uma pequena notícia no Jornal Ecos de Sintra número 320, dá-se nota de que o castelo foi vendido e que desde essa data tem passado por vários particulares, tendo encontrado recentemente um anúncio que estará de novo à venda por cerca de 6 milhões de euros. O anúncio pode ser consultado no link abaixo e é uma excelente oportunidade para o poderem apreciar por dentro, cuja beleza me parece muito superior à exibida no exterior.

https://kretzrealestate.com/pt/annonce/4250n/chateau-manoir/

Um dos anteriores proprietários ter-se-á queixado das dificuldades para chegar com o seu carro até ao Monte Sereno, uma vez que o excesso de trânsito descendente, na Calçada da Pena, proveniente do Palácio da Pena e a ocupação indevida com estacionamento dos locais mais largos desta calçada, destinados justamente ao cruzamento de veículos, impedia-o de subir a mesma calçada (ainda que a sinalização o permitisse e permita) até à sua casa, correndo sérios riscos de ter um acidente.

No link abaixo encontram-se várias fotos dos artigos dos jornais citados neste texto, anúncio diversos, plantas e fotos do Castelo.

https://photos.app.goo.gl/qF17mFLqVNpQCjys8

Bibliografia

Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, nomeadamente o livro Apontamentos Vários e o livro Bairros de Sintra.

Jornal de Sintra

Jornal Ecos de Sintra

Arquivo Municipal da Câmara Municipal de Sintra

Outros Links de interesse sobre esta construção

Paisagem Cultural de Sintra  

Caminheiro de Sintra 

As 5 Quintas e Edifícios Maravilhosos em Sintra

26
Abr24

Suicídio


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Hoje no desafio 1foto1texto de IM Silva, trago mais um texto antigo publicado no Jornal O Regional de Sintra, jornal esse fundado em 1921 por Gregório Casimiro Ribeiro, fundador também das Queijadas Recordações de Sintra as quais podem ser encontradas na Casa Gregório em Sintra. Foi ainda proprietário do Castelo Gregório situado na Serra de Sintra, mais precisamente no Monte Sereno, história que ando a escrever e que, qualquer dia, aparecerá por aqui.

Trata do suícidio de um macho que se atirou para debaixo do eléctrico de SIntra no Banzão, que foi notícia no número 68 do Jornal acima referido, na data de 06/01/1923.

Suicidio.jpg

 

 

 

09
Mar24

Isto não é um Desafio IV


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Este é último post sobre Isto não é um Desafio.

A ideia está explicada (ver Isto não é um Desafio IIII onde também se encontra as ligação para os anteriores) pelo que hoje fica apenas a ligação para as últimas fotos mistério e a ideia de que estou disponível para vos acompanhar neste passeio em data a combinar.

Fica então mais uma história sobre um local onde passaremos, o Jardim da Vigia e proponho que façamos o passeio em Abril, pelo que aceito propostas para datas.

 

09
Fev24

Isto não é um Desafio III


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Continuando com a proposta de “Isto não é um desafio”, hoje vou acrescentar mais algumas novidades.

Para os que chegaram aqui pela primeira vez, recordo que este texto vem na continuação de dois anteriores que podem ser lidos em aqui Post I e Post II com objetivo de vos convidar a fazer um pequeno passeio pedestre que começa nas Terras do Burro e acaba no Castelo do Mouros em Sintra.

Por sua vez estes dois post's surgiram depois da publicação de um conto de Natal, integrado num projeto nascido aqui na Comunidade Sapo.

Dando então sequência à proposta do passeio pedestre já apresentado, mas sem data ainda definida e ainda sem participantes inscritos, acrescento a possibilidade de, se os participantes assim o quiserem, almoçarmos depois do percurso, em local a definir.

Acrescento mais 3 fotos (já são seis) mistério de locais por onde passaremos que deverão ser identificados pelos participantes, durante o passeio.

Por último mais uma  histórica, neste caso sobre a toponímia de uma rua que atravessaremos de uma ponta à outra, a Rua Albino José Batista.

No próximo mês de Março, farei o último post sobre este tema e apresentarei as últimas fotos mistério, bem como mais uma história sobre um local por onde passaremos.

09
Jan24

Isto Não é um Desafio II


Vagueando

Blank 10 Grids Collage.png

 

No dia 10 do mês passado, deixei aqui a proposta, para quem estiver interessado, de fazer a parte final do percurso que descrevi no meu conto de Natal deste ano – O Natal Faz-se Caminhando, uma vez que todo o trajeto descrito no conto é real.

Ainda é cedo para pensar numa data, até porque não sei se haverá interessados, mas o ideal, havendo quórum, será aguardar pela chegada da Primavera.

Contudo, como também não me parece honesto, propor seja o que for, sem que os eventuais aderentes saibam com o que contar, fui fazer o trajecto para vos deixar algumas notas.

Distância 2.75Km

Atura mínima 253 metros

Altura máxima 405 metros

Tempo de percurso 44 minutos

Grau de dificuldade – Médio. Existe uma escadinha (dos Clérigos que é longa e ingreme, mas há uma alternativa mais fácil).

A distância corresponde apenas ao trajeto de ida e para regressar existem várias possibilidades - mais que não seja voltar para trás pelo mesmo caminho ou utilizar outro caminho (a distância é mais ou menos igual) mas sempre a descer e em caminho direito sem mais subidas. Existe ainda terceira hipótese de regresso que divulgarei no próximo mês.

O tempo que demorei a fazer o percurso foi muito rápido, já que praticamente não parei, a não ser para fazer umas fotos, o meu objectivo era medir a distância e verificar a altimetria para vos dar detalhes e poderem visualizar a azul no mapa.

Terras do Burro Map.jpg

Para vos tentar, vou acrescentar alguns aliciantes que consistem em;

  • Publicarei desde já 3 fotos (ver aqui) que servirão de atrativo, ou seja, enquanto caminharmos, deverão estar atentos, tipo Peddy Paper, para que identifiquem os locais destas 3 fotos mistério.

 

  • Em 10 de Fevereiro e 10 de Março, publicarei mais 2/3 fotos mistério, pelo que no início da atividade, teremos no máximo 9 fotos mistério para identificação durante o passeio.

 

  • Nesta publicação e nas outras duas acima descritas deixarei sempre uma história sobre alguns locais onde vamos passar. A de hoje é do nosso ponto de encontro (caso isto vá para a frente), a Casa das Queijadas do Preto.

Por hoje é tudo, sendo certo que podem ver desde já as fotos (não mistério no link abaixo) dos locais onde passaremos.

https://photos.app.goo.gl/X66TkbQsrXhJ2W869

No próximo dia 10 de Fevereiro, voltarei com mais novidades.

01
Set23

O legado dos jornais (locais)

Curiosidades


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Quando somos jovens o tempo escapa-se com uma velocidade estonteante, os estudos, as namoradas, as festas, não nos deixam apreciar nada sobre os locais onde vivemos.

Os velhos, nessa altura eram segundo a nossa perspetiva, uns chatos, quando falavam começavam sempre com a frase -no meu tempo não era nada disto, isto agora é uma pouca-vergonha.

Depois vem a família, o trabalho e nada muda, bem pelo contrário o tempo já não se escapa, pura e simplesmente parece não existir. Os locais onde vivemos são os mesmos mas transformaram-se, acrescentaram história à sua existência, apagando os sinais do passado que se perde à medida que os mais velhos desaparecem.

Quando me reformei, comecei a prestar mais atenção a um jardim próximo da minha casa, cujo projeto, da autoria do arquiteto Raul Lino, o transformou num dos mais belos miradouros que conheço. No local, não existe nada que o ligue a este arquiteto, nem tão pouco existe uma placa com a sua história resumida.

Vai daí, resolvi pesquisar no Jornal de Sintra o que se escreveu sobre este jardim/miradouro. A pesquisa resultou num post que coloquei aqui em 09 de Abril de 2022 sob o título o Jardim da Vigia.

Durante estas pesquisas fui recolhendo outras informações que, não se ligando com o jardim, achei curiosas pelo que resolvi partilhar hoje duas destas notas. A primeira é um cartoon publicado no jornal em 31 de Maio de 1953 e que reproduzo abaixo A linha de Sintra foi inaugurada em 1887, pelo que este cartoon foi publicado 66 anos depois, eu ainda não era nascido, mas o turismo para Sintra já seria uma realidade.

Excursionistas Sintra 31 05 1953 jornal 16318.jpg

Não vou contar aqui a história da Linha de Sintra, apenas vou referir que não foi através desta linha que o primeiro comboio chegou a Sintra.

O primeiro comboio, denominado Larmanjat , chegou a Sintra, em 1873, passando por Ranholas e quer este, quer os que vieram com a construção da Linha de Sintra acabaram por influenciar a história das queijadas de Sintra, nomeadamente as da Sapa.

A outra nota curiosa, que publico abaixo, tem a ver com uma notícia deste jornal em 25 de Dezembro de 1954 e que se refere a um homem que seguia de bicicleta e acabou atropelado por um avião.

Colhido por um avião Jornal 160325 - 25 12 1954.j

Isto aconteceu porque a estrada antiga que ligava Sintra a Pero Pinheiro, atravessava a pista da atual Base Aérea nº 1 e era justamente conhecida por Estrada da Base ou Estrada da Granja, porque esta Instituição Militar está implantada no local conhecido por Granja do Marquês.

Na foto do Goggle que deixo abaixo é bem visível a estrada que atravessava a pista e que liguei com uma linha vermelha a parte que entretanto desapareceu.

BA1 (2).jpg

 

03
Out22

Ranholas


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Ranholas é a principal porta rodoviária de entrada em Sintra. Chega-se apressado, do IC19, com três faixas de rodagem, para desembocar mesmo no limite nascente desta localidade. E chega-se apressado porque o limite de velocidade, antes de chegar ao local da foto abaixo é de 100 km/h.

Este risco indesculpável foi reportado à Infraestruturas de Portugal em Março de 2021, Processo 2021REC01422. Em 01/04/2021, recebi a seguite resposta deste organismo; "Esclarecemos que sendo uma zona de transição de gestão da via entre a IP e o município de Sintra, vamos proceder à alteração da sinalização vertical de forma a resolver a situação o mais rapidamente possível."

Talvez porque a resposta da Infraestruturas de Portugal foi transmitida no dia das mentiras, explique o facto de, até agora, nada ter sido corrigido.

Ranholoas.jpg

É aqui que as três faixas de rodagem do IC 19  se transformam apenas numa, as outras duas, uma segue para Cascais (via A16), a outra segue em direção às praias de Sintra . É por dentro desta localidade que se acede ao centro de Sintra. (Atente-se no limite de velocidade, já lá irei).

A toponímia  Ranholas, ao contrário do que se pensa, nada tem a ver com ranho ou ranhoso, mas sim com o diminutivo de "ranha" termo que é usado em Portugal e na Galiza para designar declive no leito de um rio - "José Pedro Machado Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa." 

E por se tratar de uma pequena localidade, não se pense que não tem a sua importância na historia de Sintra, porque tem e muita. Foi em Ranholas que nasceram as queijadas mais antigas de Sintra, as queijadas da Sapa, pela mão de Maria Sapa. 

"As Queijadas da Sapa tiveram a sua origem em Ranholas em 1756, momento que terá marcado o início da produção industrial de queijadas, com uma produção diária de vinte dúzias, vendidas aos fidalgos que se dirigiam a Sintra.

Em 1887 o comboio a vapor chegou à Estefânia e Ranholas deixou de ser a porta privilegiada de entrada em Sintra, devido à chegada do comboio. Desta forma as queijadas de Maria Sapa, mudam-se então para a Volta do Duche, onde desde então e, passando de geração em geração se mantém até hoje, a produção diária das tradicionais queijadas de Sintra." Ler em comércio com história Queijadas da Sapa.

Em Ranholas, viveu Raul Solnado, até existe uma Avenida com o nome deste artista muito próximo desta localidade e este conhecido artista usou a localidade de Ranholas nas suas paródias, ouvir aqui Raul Solnado Exército de Ranholas

Em Ranholas vive também o conhecido ator Rui Mendes.

O primeiro comboio que chegou a Sintra, em 1873, o Larmanjat, entrava por Ranholas onde tinha uma paragem. Em boa hora, a Pousada da Juventude em Sintra, inaugurada este ano, decidiu atribuir o nome de Larmanjat ao seu café restaurante. Larmanjat.

Estou aqui a vaguear pelo passado para chegar à situação actual da localidade de Ranholas. 

Sendo o IC 19 uma das estradas mais movimentadas do país, o fluxo de trânsito que desemboca em Ranholas é brutal e por isso facilmente se transforma em infernal. O limite de velocidade,  visível na foto acima, nunca é cumprido excepto nos congestionamentos de trânsito, infelizmente  é habitual. Os moradores de Ranholas reclamam e bem, por uma segunda travessia de peões, ainda que de pouco sirva, porque é raro os carros pararem na que existe. Os automobilistas têm medo -fundado, diga-se - de serem abalroados se o fizerem.

Aos Domingos, os motoqueiros passam por Ranholas a velocidades bem superiores ao permitido, ultrapassando ( é proibido ultrapassar dentro desta localiadade) vários carros em simultâneo. Os acidentes são frequentes.

A fiscalização  não existe, quer em termos de controlo de velocidade, quer no toca ao desrespeito diário e frequente do trânsito proveniente de Lisboa,  pela sinalização que proíbe a viragem à esquerda em dois entroncamentos existentes em Ranholas. O piso apresenta-se muitas vezes escorregadio com a humidade que é habitual em Sintra aumento o risco de acidente.

Desconheço se se está a estudar alguma solução para o problema do trânsito desta localidade, mas há uma que, sem necessidade de qualquer obra,  aliviaria bastante o trânsito dentro de Ranholas. 

A solução passaria pela eliminação da portagem entre Sintra e Cascais, uma vez que a maioria do trânsito que provem de Lisboa ,  segue na direção de Cascais. Assim escoaria-se-ia o grosso do fluxo de trânsito pela A16 e não por dentro de Ranholas.

Com esta solução, cada veículo proveniente de Lisboa que segue na direção de Cascais faria  menos dois quilómetros por dia,  um para cada lado, para além de descongestionar o trânsito na localidade e, consequentemente a qualidade do ar, a qualidade de vida das pessoas que ali residem, ainda aumentaria a segurança e fluidez rodoviária.

Segundo um estudo sobre o fluxo de trânsito, levado a cabo pelo IMT, nos primeiros 6 meses de 2021, atravessaram diariamente Ranholas, entre 37 mil a 56 mil veículos. Partindo do pressuposto que metade (é muito mais) se dirige na direção de Cascais, teríamos entre 18 a 28 mil veículos diários fora de Ranholas.

Fazendo uma média, cerca de 12 mil veículos deixariam de atravessar Ranholas todos os dias. Estes 12 mil veículos deixariam de fazer os tais 2km a mais diariamente, ou seja menos 24 mil Km.

Cada carro consome aproximadamente 7 litros aos 100km, diariamente teríamos uma poupança de combustível de 1.680 litros, qualquer coisa como 2.856,00 euros  e ainda uma redução de CO2 na ordem dos 38kg. Anulizando estes valores.

  • Poupança de combustível 613.200 litros
  • Poupança no pagamento do combustível 1.042.440,00 Euros
  • Redução da emissão de gases (CO2) 13.870 kg

Neste caso, a inflação, os custos da guerra, os custos para o ambiente, o custo da importação de combustível, já para não falar da segurança e tranquilidade da população de Ranholas, não serão mais importantes que o custo ambiental que recai sobre todos?

Deixo esta mensagem, porque estou de acordo com o Presidente da República, deve-se explicar aos portugueses, o que aí vem, nomeadamente as consequências da inflação, da guerra e da gula financeira, (ah isto de falar da gula financeira não é politicamente correto)  cujo impacto se refletirá negativamente na vida das pessoas.

Entretanto, como não sou Presidente da República, reconheço que não tenho estaleca sequer para poder candidatar-me, limito-me a alertar para o que já cá está e, como nos podemos enganar uns aos outros com uns galardões.

Se Sintra, mesmo com este problema consegue ser um dos 100 destinos mais sustentáveis Sintra destino sustentável, parece-me que a tarefa de querer salvar o planeta uma utopia. 

Até porque o planeta está-se marimbando para nós, porque ele fica, com bom ou mau ambiente, nós é que podemos desparecer.

Nota Posterior à data do post (17/10/2022) - Entretanto leio o artigo, A Batalha do Nosso Futuro, de Diogo Queiroz de Andrade, na revista do Expresso, Edição 2607, de 14 de Outubro de 2002 e fiquei totalmente esclarecido sobre a questão ambiental , na versão de uma corrente de gente rica, denominada "longtermism" e fiquei esclarecido sobre todas as questões ambientais. Sugiro a leitura, mais que não seja, para ficarem a saber como o Mundo dos "influencers" ricos funciona.

 

 

 

24
Jul22

As histórias e toponímias que cabem em 692 metros da Rua Albino José Batista - Sintra


Vagueando

Placa Fim da rua.jpg

A Rua Albino José Batista, com 692 metros de comprimento e de largura irregular, inicia-se junto ao Jardim da Vigia e termina na Estrada de Chão de Meninos, junto à Casa das Queijadas do Preto.

A história (possível) sobre esta rua, completa uma trilogia de posts que já escrevi, ligando assim as histórias do Jardim da Vigia Ler aqui  e da Casa das Queijadas do Preto Ler aqui.  Nasceu de uma conversa com D. Carlota, 86 anos, a sua habitante mais velha, residente na mesma há 64 anos, que me disse com a certeza de uma memória fresca e bem viva, que antigamente se chamava Rua Campo do Arrabalde.

Não existe na CM de Sintra qualquer registo sobre a atribuição desta toponímia à rua, ainda que tenham indicado que este topónimo seja anterior a 1969, data a partir da qual estes registo foram organizados.

José Alfredo da Costa Azevedo, ex-presidente da CM Sintra, refere no seu livro Bairros de Sintra, que o comerciante lisboeta com o mesmo nome, residiu nesta rua, sendo que, segundo a D. Carlota, viveu no nº 47, na altura Vila Eliza e atualmente Vila Stª Maria.

Albino José Batista, fundou em 6 de Julho de 1876, uma loja na Rua Nova do Almada, nº 92, razão pela qual lhe atribuiu o nome de Loja 92, especializada em artigos de senhora. Sugiro uma consulta ao blogue Restos de Coleção neste link Albino J Batista

Curioso é o facto do dia da inauguração da loja (dia 6) e nome atribuído à mesma (92), formar o número igual ao comprimento da rua com o seu nome, os tais 692 metros.

Para confirmar a informação dada pela D. Carlota, recorri a documentos da família da minha mulher e de alguns dos moradores, que me deram acesso a escrituras e contribuições prediais dos anos 30 e até mesmo anteriores. Desta consulta conclui que a rua era designada por Campo do Arrabalde ou Sítio do Campo do Arrabalde e também, popularmente por Rua Bairro do Ingleses e que os terrenos que a ladeavam eram conhecidos por Terras de Cima e Terras de Baixo.

Deduzo que a designação oficial seria mesmo Rua Campo do Arrabalde, isto porque a história contada pela D. Carlota parece confirmá-lo; Quando esta necessitou de realizar um acto público que envolvia a sua casa, referiu que se situava na Rua Bairro dos Ingleses, toponímia que não constava oficialmente e que impediu a realização deste ato. Neste sentido, foi obrigada a fazer um novo registo da casa na Rua Campo do Arrabalde.

Num testamento de 1950 de um familiar da minha mulher, faz-se referência a uma casa situada no Campo do Arrabalde (não referia rua) ou Bairro dos Ingleses. Por curiosidade, nesse mesmo testamento, também é referida uma casa na Escadinhas do Arrabalde, as quais, em sessão de Câmara de 16 de Abril de 1955, adotaram a toponímia de Escadinhas da Vigia, sendo que estas Escadinhas começam junto ao Miradouro da Vigia, onde se inicia também a Rua Albino José Batista.

O Arrabalde, começava no Largo Sousa Brandão (local onde existia uma Casa de Cantoneiros, transformada em Posto de Turismo de Sintra) e estendia-se para nascente, abrangendo toda esta zona onde se situa a rua e o jardim.

Há cerca de 7 anos, cruzei-me na rua Albino José Batista, com um casal italiano que me perguntou onde era a Vila Alecrim do Norte. Disse-lhes que não havia nenhuma Vila com este nome, nesta rua.

Perante a sua insistência e convicção inabalável de que estavam certos, tinham viajado propositadamente até Sintra para ver o local, telefonei à minha mulher, nascida nesta rua e perguntei-lhe onde era esta Vila. A resposta foi, para minha vergonha e contentamento do casal, que era muito perto do local onde tinha nascido e pela sua explicação percebi que estávamos mesmo à porta da Vila Alecrim do Norte e, pela primeira vez em muitos anos, reparei que estava lá escrito Vila Alecrim do Norte.

Curioso, perguntei-lhes a razão do seu interesse para viajar de Itália em busca deste local. Referiram-me que leram um livro cujo título era o “Diário de Sintra”, que relata a experiência de 3 jovens ingleses S. Spender, C. Isherwood e W.H.Aunden, que viveram nesta casa ente Dezembro de 1935 e Agosto de 1936.

Efectivamente nos anos 30 e até aos anos 70, viveram nesta rua vários ingleses, nomeadamente na Casa Cerrado da Eira e na Vila Alecrim do Norte, que conviveram com portugueses, alguns dos quais ainda vivos.

No Cerrado da Eira vivia a Srª Enid Mitchell, que manteve com os habitantes portugueses uma excelente relação de amizade e até de solidariedade social, chegando a doar casas a alguns deles, quer nesta rua quer em ruas adjacentes, alguns dos quais ainda as habitam. No alto de S.Pedro, mesmo junto à escola, existia uma taberna conhecida por Carlos Mitchell, dado que o dono, o Sr Carlos, chegou a ser motorista da Sra Mitchell.

Enid Mitchell pintava quadros com motivos de Sintra e foi a mentora de um pintor natural de S.Pedro de Penaferrim, Pinheiro de Santa Maria, que foi viver para os Açores, nos anos 70,  mais precisamente na Ilha Graciosa, infelizmente, falecido já no decorrer de 2022.

Devido à “colónia” de ingleses a viver nesta rua e arredores, conta-se que foi um dinamarquês de nome Anderson, residente na casa conhecida por Achadinha, com acesso quer por esta rua como pela Rua Dr. José Neto Milheiriço, que resolveu “batizar” a rua, com o nome de Rua Bairro dos Ingleses, e terá mesmo colocado uma placa com esta designação.

Não estava mal visto e parecia fazer sentido e não terá havido contestação popular ou eventualmente, dos serviços oficiais, pelo que a designação pegou!

A toponímia não oficial de Rua Bairro dos Ingleses, explica-se então assim.

Nos anos 30, vieram viver para uma casa, alugada pela Srª Mitchell, a Vila Alecrim do Norte, os 3 jovens escritores ingleses, Stephen Spender, Christopher Isherwood e Wystan Hugh Aunden. Este jovens fugiam do preconceito existente em Inglaterra sobre os homossexuais e vieram para Sintra em busca da tranquilidade e inspiração que lhes permitisse escrever obras teatrais e poesia e que mais tarde concretizaram.

Enquanto habitaram esta casa, entre Dezembro de 1935 e Março de 1936, escreveram um diário (Diário de Sintra) que deu origem a um livro, editado em italiano e traduzido para espanhol. Este livro só foi possível após o filho de Stephen Spender, Mattew Spender, radicado em Itália, ter descoberto por volta de 2012, o diário escrito pelo seu pai, enquanto aqui viveu.

Depois da história contada pela D. Carlota, resolvi procurar o livro, o qual, infelizmente não está traduzido para português, e adquiri a versão espanhola.

Ao ler as histórias foi como tivesse visto filme da época, a forma como os ingleses nos viam “os portugueses eram engraçados e simpáticos, dado que em Inglaterra segue-se a tradição de que todos os estrangeiros não o são”, e as tarefas levadas a cabo por estes ingleses, que iam desde a construção de casotas em madeira para acolher a criação de coelhos, à construção de galinheiros para criação de galinhas, à construção de um canil, para além das tarefas de jardinagem e, pelo meio, iam escrevendo, quer o diário, quer outras obras.

C.Isherwood escreve uma carta à sua mãe em Dezembro de 1935, que consta do livro, a relatar que encontraram casa em Sintra, mais precisamente a Vila Alecrim do Norte e chama a atenção da mãe para a morada que segue na carta. Infelizmente, pese embora tenha conseguido contatar Matthew Spender, não foi possível apurar qual a rua ou local que era referido naquela carta.

Segundo o Diário de Sintra, Enid Mitchell terá referido aos jovens ingleses que foi a segunda mulher a tirar a carta de condução em Portugal.

Enid Mitchell, viveu com os pais em Portugal, com o início da guerra vai para Inglaterra servir o seu país como enfermeira regime de voluntariado e regressa a Portugal com o fim da mesma.

Após a morte dos seus pais, vende a casa onde viviam, “O Cerrado da Eira”, a outro inglês o Senhor Shaw e vai viver numa pequena casa que autonomizou do Cerrado da Eira, com uma criada portuguesa, de nome Domingas. Esta casa foi deixada em testamento à sua criada Domingas que, por sua vez, a deixou em testamento a outro habitante de S. Pedro que ainda nela reside.

Quando se dá o 25 de Abril em Portugal, Shaw decide vender "O Cerrado da Eira", que foi comprado pela família Rocha Neves, cujos herdeiros a habitaram até há pouco tempo.

Regressando à toponímia Albino José Batista. Existem mapas camarários, um dos quais editado pela C.M. Sintra em 1978, que relativamente a esta rua, coincide com outro publicado na página 304, do livro de José Alfredo da Costa Azevedo – Bairros de Sintra, que mostram que a rua Albino José Batista, não chegava até à Casa das Queijadas do Preto, onde hoje termina.

Principiava igualmente junto ao Jardim da Vigia, mas terminava no final da Travessa da Boavista. E era esta Travessa da Boavista que ia terminar em Chão de Meninos, junto à Casa das Queijadas do Preto. (ver foto abaixo)

20220721_183959.jpg

A azul a extensão da Rua Albino José Batista no mapa da CMSintra de 1978.

A vermelho a Travessa da Boavista no mesmo mapa

A verde a atual Rua Albino José Batista

Ainda assim, em conversas tidas com alguns residentes das redondezas asseguraram-me que a parte final da rua, ou seja, junto à Casa das Queijadas do Preto, não era a Travessa da Boavista, mas sim Rua do Forno da Cal, dada a existência de um forno mesmo junto ao parque de estacionamento da desta casa de queijadas.

Como já referi acima as pesquisas que efectuei, na CMSintra, Biblioteca Municipal e no Arquivo Histórico da Câmara, não consegui apurar, quando é que foi atribuída a toponímia Albino José Batista, muito menos se se estendeu até Chão de Meninos. Nem tão pouco a empresa que fez as placas toponímicas, Cerâmica Isabel Garcia, me conseguiu esclarecer. A ser verdade que a Travessa da Boa Vista se estendia até à Casa das Queijadas do Preto, também faria sentido, não só devido à existência da Quinta da Boavista, mas também porque que nalguns locais da rua é possível ter uma excelente vista, para Norte e Poente. À vista desarmada é possível ver as Berlengas, o Convento de Mafra e a serra de Montejunto.

Diz o povo e muito bem, como posso confirmar, que quando daqui se avista as Berlengas (normalmente a bruma ou o nevoeiro o impedem) é sinal de chuva o que é verdade.

Para baralhar ainda mais esta história, um contrato de promessa de compra e venda, datado de 30 de Novembro de 1979, que também consultei, faz-se referência a um mesmo imóvel, como estando em ruas diferentes. Efectivamente o promitente-comprador era o arrendatário do andar superior, é referido no contrato como estando sedeado na Rua Albino José Batista e o imóvel completo, é referido no mesmo contrato como estando sedeado na Rua Bairro dos Ingleses.

Em resumo; Parece não existir dúvidas que a Rua Albino José Batista recebeu esta toponímia devido ao facto de este comerciante aqui ter vivido e não teria a extensão atual. Anteriormente seria era designada por Rua Campo do Arrabalde, conhecida popularmente por Rua do Bairros dos Ingleses. Mais tarde, penso que nos anos 70, especulo eu, que a CM de Sintra terá constatado que a residência do referido comerciante estava localizada não na rua com o seu nome, mas sim na Travessa da Boavista ou Rua do Forno da Cal e resolveu prolonga-la. Lembro perfeitamente de ser colocada a placa toponímica junto à Casa das Queijadas do Preto, ainda que não consiga datar o acontecimento.

Já que a Rua principia junto ao jardim da Vigia e porque estamos a falar de uma contadora de histórias invisual, vai para 10 anos, no decorrer das conversas, a mesma perguntou-me pela pedra dos Cinco Dedos que era visível deste Jardim quando foi inaugurado em Maio de 1939, (ver foto abaixo do local onde foi construido o Jardim da Vigia e onde é possível ver a pedra dos cinco dedos).

Arrabalde.jpg

 

Disse-lhe que a pedra não se vê.

Respondeu-me, que era impossível aquela mão de pedra é tão grande, não me diga que caiu.

Não D. Carlota, não caiu, foram as árvores que cresceram muito e a taparam.

Ficou triste!

Sendo a cegueira uma doença, infelizmente no caso da D. Carlota incurável, ela não esperava que natureza cegasse todos aqueles que ainda vendo, já não conseguem ver a pedra dos cinco dedos.

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