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Generalidades

Generalidades

03
Jan25

Tripas Tina


Vagueando

Participação XXI, do Ano II, no desafio 1 foto 1 texto de IMSilva

Sempre ouvi falar do prato mais famoso do Porto, as Tripas à Moda do Porto. Não sendo um prato do meu agrado, a dobrada é assim uma coisa parecida, à moda não sei de quem, mas também não sou apreciador.

Vem isto a propósito porque nas minhas vagueações de Natal, me deparei com as Tripas Tina, Fiquei curioso, abeirei-me (acho que é assim que se diz no Porto) e, para meu espanto, não era um prato, eram bolachas americanas.

Fiquei ainda a saber que existe um quiosque com o mesmo nome, na Costa Nova.

Fica a foto e a dica. Só não posso avaliar o produto porque não provei, os doces não são a minha praia.

Bom Ano de 2025

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25
Dez24

Obrigado EREDES e Feliz Natal


Vagueando

A EREDES, que não conheço de lado nenhum, na medida em que não tenho nem nunca tive qualquer contrato com a mesma, instalou-se em minha casa, sem que eu pudesse fazer alguma coisa.

Primeiro massacrou-me durante longo tempo, com telefonemas e até “ameaças” para substituir o meu velhinho contador de electricidade, alegando que ia ser obrigatório substituí-lo por um contador inteligente, ou seja, com o QI muito maior que o meu.

Perguntava sempre ao senhor simpático que me telefonava para fazer a substituição, se já era obrigatório. Ah e tal, ainda não é mas olhe que está para breve.

Respondia-lhe sempre, se não é, não muda nada.

Até que um dia, já farto das chamadas e da pressão deixei colocar o tal contador inteligente e deixei-o trabalhar por mim, ou seja, deixei de dar as leituras de forma regular, passando apenas a conferir as facturas.

Desconfio sempre de quem me “empurra” e ainda diz que é melhor para mim. Faz-me lembrar aquela lei/regulamento ou lá o que era, que a partir 2006 todos teríamos que abandonar a EDP (actual SU Electricidade) e passar para um comercializador disponível no mercado. Mais um empurrão de que não gostei e não mudei, dezoito anos depois eis que estou na SU Electricidade.

Voltemos então à EREDES.

Em 2023 decidi adquirir uns painéis solares para auto consumo, que se têm revelado eficazes, trouxe-me alguma poupança, mas que implicou uma mudança nos hábitos de consumo, passando a consumir mais durante o dia (aproveitando a exposição solar). Fazendo uma média aos preços da energia na tarifa bi-horária versus tarifa simples, quis fazer uma experiência durante seis meses para esta última tarifa.

Nada mais simples, entrei no site da SUElectricidade e mudei.

“Prontos” graças ao contador inteligente, a mudança não implicou a deslocação de um técnico à minha casa para fazer a alteração. Passado seis meses voltei ao site para alterar novamente para a tarifa bi-horária a coisa não funcionou. Através da mesma plataforma enviei uma mensagem à SU Electricidade que, dias mais tarde me confirma, em resposta escrita, que a alteração tinha sido feita.

Era falso, descobri quando conferia uma factura. Entro em contacto com a SU Electricidade e dizem-me que a EREDES não autoriza a mudança, a qual só posso fazer, 1 vez por ano!

Na minha rua, o fornecimento de energia é muito deficiente, ocorrem várias falhas no fornecimento de energia e até me obriga a ter uma potência contratada superior ao que necessitaria para não ter problemas. Segundo a EREDES, as linhas estão em mau estado e é necessário instalar um posto transformador na rua para que o serviço fique a funcionar corretamente.

Andamos nisto há mais de três anos, os moradores queixam-se, a resposta é sempre a mesma, ou seja, tem que se substituir a cablagem e instalar o tal posto.

Descontos no fornecimento da energia, uma vez que estão assumidas as deficiências, não isso é que os fornecedores da energia, os quais por sua vez informam nada ter a ver com as falhas porque isso é com a EREDES.

Conhecem a figura de estilo “Pescadinha de Rabo na Boca”pois é isso que o consumidor sente, ninguém resolve o problema e o regulador ERESE só serve para fazer prova de vida anual para anunciar as tarifas para o ano seguinte e pronto, é assim.

Mas a EREDES, na noite de 24 resolveu trazer-me a melhor prenda no sapatinho, por volta das 19 e picos, pumba lá se foi a corrente, o forno, o fogão, o exaustor, a luz, o jantar de Natal.

O problema do costume, deixou uma série de habitações sem energia eléctrica e sem iluminação pública. Um dos meus vizinhos ligou-me uma hora depois e disse –me que tinha contatado a EREDES que lhe referiu não ter previsão para o restabelecimento da energia.

Como duas horas mais tarde a energia não tinha sido reposta, liguei eu para a EREDES que informou não ter reporte de nenhuma avaria na minha rua.

E pronto, com fome, sem ceia de Natal, desmobilizou-se a família depois da troca de presentes à meia noite, à luz das velas e de barriga mais ou menos vazia (confortada com uns salgadinhos) e só se fez luz novamente, já no dia 25 pelas 2h e 45m.

Portanto a EREDES entra na minha casa com um contador inteligente, faz as regras sobre como posso gerir os meus consumos mas não me liga nenhuma, quando sabe que há vários anos um problema no fornecimento de energia que afeta uma série de moradores.

Obrigado EREDES e Feliz Natal e que o Ano de 2025 leve a inteligência dos teus contadores para o Departamento de Planeamento de Obras Pendentes, quem sabe lhe melhore a eficiência.

01
Dez24

Um conto de Natal ou algumas curiosidades de Natal


Vagueando

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O meu azevinho com mais de 50 anos

 

O António, quiçá espevitado pelas aulas de cidadania no primeiro ano do ensino básico, andava às voltas com o nascimento e da adoração ao menino Jesus e começou a interessar-se pelo Natal.

Não percebendo o porquê da grande correria às lojas, aproveitava as suas conversas com o avô, que tinha toda a paciência do Mundo para falar com ele sobre o Natal e disparou uma série de perguntas.

Avô porque já anda tudo atarefado com compras de Natal?

Porque temos por hábito trocar presentes nesta altura do ano?

Porque penduramos as meias na chaminé na noite de Natal?

Eh lá tanta pergunta, vamos lá isso, chega-te aqui para o pé de mim.

No início da civilização humana guardavam-se provisões para o Inverno que eram consumidas com muito cuidado. É que com o rigor dos Invernos, não havia forma de obter novos alimentos.

Com chegada da Primavera celebrava-se a passagem segura do Inverno e tirava-se a barriga de misérias, festejando com comida em abundância. Cada agricultor tinha as suas próprias reservas mas faziam-se celebrações em grupo nas pequenas povoações, trocando/oferecendo comida, podendo assim obter-se uma grande variedade de pratos.

O Cristianismo aproveitou-se desta celebração convertendo-a nas oferendas ao menino Jesus. Mais tarde esta prática foi adotada pelas famílias e amigos como forma de reforçar os laços sociais entre elas. É assim que nasce a troca de presentes entre famílias no Natal, razão pela as lojas já estão com muito movimento.

E o avô continuou, aquele receio da comida poder faltar no Inverno, afinal na altura não existiam mercearias nem supermercados as pessoas só comiam o que conseguiam cultivar e o que conseguiam caçar, também tem a ver com o Pai Natal.

Este começou por ser uma figura que o viquingues vestiam para representar o Inverno, figura essa que era recebida e adorada na esperança de que o Inverno fosse o mais suave possível. Mais tarde, esta figura tosca acabou por ser ligada a S. Nicolau, protetor de crianças e estas, em sinal de agradecimento, costumavam deixar às suas portas, comida para o seu cavalo. S. Nicolau, bondoso deixava-lhes doces.

Reza a lenda que o estalajadeiro de uma hospedaria, tinha por hábito fazer conservas de rapazinhos em vinagre que guardava dentro de barricas de salmoura, para depois servir aos clientes e que S. Nicolau salvou três rapazes da morte certa. A partir daí tornou-se um santo adorado pelas crianças, daí as ofertas ao seu cavalo e a retribuição de doces ás crianças o que só aumentou a sua popularidade.

S. Nicolau era uma figura tosca, muito popular na Holanda, era conhecido por Sinter Klaas. Os colonos holandeses chegaram à América no Século XVII, altura em que deram a conhecer a figura por aquelas bandas e a pronúncia americanizada acabou por derivar o nome de Santa Claus.

Não estás a ver uma figura tosca, criada pelos viquingues, vestir um fato vermelho como o Pai Natal usa hoje, pois não?

Mas o fato do Pai Natal não foi sempre assim avô?

Não. O fato do Pai Natal nasceu de uma acção de marketing, desculpa, de publicidade. Conheces a Coca Cola, uma marca que esteve proibida de se vender em Portugal antes da Revolução de Abril, mas que é muito popular no Estados Unidos da América?

Conheço, claro!

Bem então antes de te explicar a relação entre a Coca Cola e o fato do Pai Natal, deixa-me falar desta bebida em Portugal. Nos anos 20, esta bebida já circulava por alguns cafés mais seletos de Portugal. A marca queria entrar oficialmente no País e decidiu fazer uma campanha publicitária. Para tal contratou a única agência de publicidade em Portugal. A agência socorreu-se de Fernando Pessoa, na altura ainda não era o grande poeta que hoje conhecemos que resumiu a bebida numa frase interessante – Primeiro estranha-se depois entranha-se. Como em Portugal vigorava um regime fascista, liderado por António Salazar, que impedia a liberdade que hoje temos, o diretor de saúde de Salazar classificou o produto como uma espécie de droga, pelo que a bebida foi proibida.

Contudo, continuou a fazer sucesso na América.

Bom então a Coca Cola, nos anos 30, decide usar São Nicolau para fazer publicidade na América. A tal figura tosca que representava o Pai Natal pela forma como se vestia parecia um velhote bastante bêbado e isso não ligava nada com aquela bebida, tipo xarope açucarado.

Então a Coca Cola, contratou um artista americano, Haddon Sundblom para desenhar um fato para o Pai Natal. Dos vários desenhos, a Coca Cola escolheu aqueles que tinham as suas cores, vermelho e branco. A partir daí o fato do Pai Natal passou a ser o que conhecemos hoje, lá lá vão quase 100 anos.

O António com a curiosidade satisfeita preparava-se para se despedir do avô quando este lhe disse.

Então já vais?

É que falta responder porque se penduram as meias na véspera de Natal e ainda te queria falar de outra coisa.

Pois é avô tinha-me esquecido dessa.

As meias também têm a ver com S. Nicolau que pertencia a uma família abastada, Com a morte dos seus pais numa epidemia, ficou sozinho e muito rico. Como era bom cristão resolveu ajudar os mais pobres mas cedo percebeu que se ficassem a saber da sua grande fortuna seria pressionado por todo o tipo de vigaristas e parasitas pelo que resolveu ajudar de forma anónima, realizando os seus actos caritativos disfarçado.

Ficou a saber que um homem tinha perdido todo o seu dinheiro num mau negócio e que por isso ficou impossibilitado de dar dotes às suas filhas para se casarem, nem tão pouco conseguia mantê-las em casa por falta de sustento. A única alternativa que lhe restava era vendê-las para prostituição.

S.Nicolau resolveu agir. Passou pela casa do homem e atirou um bolsa cheia de ouro através da janela aberta do quarto de uma das filhas. No dia seguinte atirou outra bolsa de ouro pela janela da segunda filha. Intrigado, o homem escondeu-se debaixo da janela da terceira filha, apanhando S. Nicolau quando atirou outra bolsa de ouro.

S.Nicolau implorou-lhe que não contasse a ninguém as suas acções o que não foi cumprido.

Quando mais tarde esta história foi conhecida, veio a saber-se que uma das filhas tinha encontrado a bolsa de ouro dentro de uma das suas meias que estava a secar à janela, porque S. Nicolau tinha depositado a bolsa propositadamente dentro da meia em vez de a atirar para dentro da janela. E assim nasceu o costume de se pendurar meias na chaminé para que o Pai Natal deposite dentro delas as prendas para os meninos.Que giro avô.

Deixa-te estar aqui mais um pouco vou contar-te uma história que entristece o Natal e as suas celebrações. O António anichou-se no avô, entusiasmado com mais uma curiosidade.

O avô perguntou-lhe; Sabes que há famílias que proíbem os avós de ver os netos?

O António, estupefacto, dada a sua grande estima pelo seu avô e porque já havia perdido a avó, perguntou-lhe, porquê?

O avô, disse-lhe que embora conhecesse muitas histórias e curiosidades sobre o Natal, não tinha resposta para lhe dar.

O António, acrescentou que os pais deles nunca o impediriam de ver o avô e, mesmo que o fizessem ele viria sempre visita-lo e rematou, vou procurar saber porquê.

Meu neto escusas de procurar, o Mundo evoluiu tanto, já fala de Inteligência Artificial, capaz de resolver de forma rápida tantos problemas, mas ainda não resolveu o problema da estupidez humana.

As pessoas perderam a bondade, a compreensão e a gratidão, ao mesmo tempo adotaram e mantêm as celebrações, nomeadamente as do Natal, por puro espírito consumista, preferindo privar este relacionamento de tão grande importância para todos.

Curiosidades baseadas no livro Mistérios do Natal de Desmond Morris - Publicações Europa América - 1992, com a exceção da última parte do conto.

27
Dez23

Caramba é isto o Natal!


Vagueando

Se há coisa que me aflige e muito é ver a forma como se conduz em Portugal. Não é necessário circular durante muitos quilómetros, para assistir a mudanças de direção sem que se ligue o pisca, traços contínuos (continuamente) ignorados, faróis desligados com chuva ou nevoeiro, desrespeito pelo sinal vermelho, parar na estrada para tomar e largar passageiros (TVDE’s).

Em 10 dias, 4.852 acidentes, 17 mortos, 1.400 feridos, 80 dos quais graves, 49 mil infrações, 682 detidos por excesso de álcool no sangue ou por estarem a conduzir sem carta de condução, vários condutores a conduzir veículos sem seguro e/ou sem inspeção obrigatória.

Mas também me aflige e muito a falta de indignação, com esta tragédia. Não há primeiras páginas inflamadas à procura de culpados, porque não há figuras públicas envolvidas, nem políticos.

17 mortos, caramba é Natal, e isto não devia fazer parte do Natal.

Em que circunstâncias ocorreram estes acidentes, porque ocorreram, atropelos ao Código da Estrada, má manutenção dos veículos, negligência grosseira dos condutores?

Nem se consegue arranjar uma desculpa esfarrapada, por exemplo, a culpa é do mau estado das estradas e do parque automóvel envelhecido por causa dos impostos que se pagam na compra de um carro novo?

Convivemos bem com a desgraça, exceto se o envolvido num acidente, com ou sem culpa, seja uma figura pública ou um político.

10
Dez23

Isto não é um desafio


Vagueando

A Primavera já vem a caminho e nada melhor do que nos fazermos ao caminho para a apanhar e, de caminho, celebrar não só a sua chegada, mas a passagem de um conto de Natal, algures por Sintra.

Se o Natal é para estarmos com a família, a Primavera também pode ser para estar com a família e em família (blogs Sapo), mas na rua, ao Sol.

Daí que me lembrei, não de lançar um desafio, mas de fazer uma proposta que consiste em fazer parte do percurso do  meu conto de Natal deste ano.

Acredito que fazer todo o percurso descrito no conto seria desonesto da minha parte e até uma via-sacra mas não tenho nenhuma vontade de vos “obrigar”a fazer uma penitência.

Assim faríamos uma pequena parte do percurso pedestre (pequeno) que vos prometo com poucos carros a rondar as pernas mas com muita paisagem e ar puro.

20231210_104259.jpg

A ideia seria partirmos, junto à placa da Rua das Terras do Burro, não é que tenha alguma coisa de interessante para ver, apenas porque num presépio existe um burro e seguirmos o percurso descrito no conto até à antiga Igreja de S.Pedro de Canaferrim.

Fica a proposta, vão pensando nisso que eu vou dando mais pormenores até à Primavera, se houver interessados, claro.

Nota de 12/12/2023

Parece que há mais propostas e já para este ano.

https://www.nit.pt/fit/ginasios-e-outdoor/vem-ai-uma-caminhada-natalicia-por-sintra-com-direito-a-sonhos-para-todos

 

26
Dez21

Dois dias - 537 acidentes


Vagueando

Em apenas dois dias, com festejos limitados devido à pandemia, o que reduziu bastante a circulação automóvel neste período, registaram-se mais de 500 acidentes, de que resultaram 12 feridos graves e 1 morto.

A fiscalização do trânsito pela GNR, passa mais pela imagem desta Instituição junto das Televisões, do que pela eficácia que deveria demonstrar junto dos condutores. A culpa não é dela, mas sim deste consumo doentio que é necessário para alimentar as audiências.

Aparecem nas televisões durante uns minutos, em que um capitão  faz uns apelos, sempre os mesmos, com mais dois ou três agentes a olhar para o trânsito, umas operações stop em que se pede os documentos, uns controlos de velocidade que dão multas fáceis e pronto, está feito.

O resultado, é mais do mesmo, acidentes em catadupa, sobre os quais a opinião pública e os jornais não dão eco sobre as suas causas. Fica-se pelo excesso de velocidade e o excesso de álcool no sangue. 

Portanto, não existem carros a circular com pneus em mau estado, com deficiências nos sistemas de iluminação (nem má prática no seu uso), toda os condutores sinalizam corretamente as suas mudanças de direção, inclusive nas rotundas e as estradas estão todas bem sinalizadas, nada que justifique tantos acidentes.

Um pequeno desvio para exemplificar como os maus hábitos se tornam normais. Um polícia é muitas vezes abordado por  automobilistas a solicitar algum tipo de informação. Quando isso acontecida há uns anos o carro parava junto do polícia e, antes mesmo de perguntar fosse o que fosse o polícia mandava encostar num local onde não provocasse embaraço ao trânsito, para calmamente poder ajudar. Hoje, um carro para, para o mesmo efeito junto de um polícia, sem encostar, sem sinalizar a manobra, fica a impedir a circulação, sem que isso incomode o polícia e o automobilista.

Voltando ao tema. As televisões, sabendo da existência da grave sinistralidade em Portugal, dedicam largo tempo de antena a este tema, desde que ocorra um acidente que envolva um político, um político ministro ou uma figura pública. Aí escalpeliza-se o assunto, não se investiga, ou seja, noticia-se de modo a tornar o tema mais interessante para vender jornais e ter audiências,  mesmo que isso não ajude ou até dificulte o esclarecimento das causas do acidente. 

Quanto à segurança nas estradas, e sobre as formas de conduzir seguro, absolutamente nada ou, pior, dando maus exemplos do que não se deve fazer. No passado dia 12 de Dezembro a CNN, no programa GTIPLUS, passou uma reportagem "Uma viagem pela Nacional 1 ao volante de uma Fiat Ducato" CNN Uma viagem pela N1.

O programa contava com três jornalistas, Bernardo Gonzalez, Rui Pelejão e Luís Guilherme, cada um deles conduziu um veículo diferente. Falou-se das características e do conforto proporcionado pelos veículos em causa e praticaram-se infrações a conduzir os veículos porque existe um grande sentimento de impunidade. Se este sentimento de impunidade não existisse, a edição do programa teria tido o cuidado de apagar a prática destas infrações, debatê-las com os jornalistas antes de as exibir em público ou exibindo-as, fazê-lo com um pedido de desculpas e com uma chamada de atenção para a má prática.

Se se derem ao trabalho de ver o filme aqui  CNN Uma viagem pela N1, constatarão que ao minuto 8, o jornalista Bernardo Gonzalez efetua uma ultrapassagem onde a linha contínua devidamente visível no pavimento o impedia e, ao minuto 11:45, o jornalista Rui Pelejão, ao sair do estacionamento, não respeita a linha dupla contínua que o impedia de realizar aquela manobra. Isto passou-se na Nacional 1, uma das vias onde se registam mais acidentes no país.

Para terminar, isto não foram duas infrações menores, mas sim contraordenações muito graves, de acordo com a alínea o) do Artigo 146º do Código da Estrada.

Que belo exemplo se dá nestes programas televisivos.

 

19
Dez21

Aquele Natal foi diferente


Vagueando

Este era o seu primeiro Natal fora de casa, tinha 6 anos. Naquele ano, em vez dos seus avós se deslocarem a Sintra foi ele até ao Algarve.

Na altura a casa dos seus avós não tinha sequer uma estrada.  Ficava num outeiro, num escampado, longe de tudo. Depois de sair da estação de caminho-de-ferro tinha que se percorrer 12 km, sendo que 3 km ou se faziam a pé ou de carroça.

A casa não dispunha de água canalizada, apenas uma cisterna, nem de eletricidade. Aliás, num raio de 10 km as poucas casas existentes não tinham energia elétrica.

As noites eram escuras que nem um breu salvando-se as de lua cheia, cuja luz parecia tão mais forte do que é hoje. Os avós tinham um cão enorme, também conhecido por cão fantasma, o que ele era nestas noites de luar.

Não existia, nem se suspeitava que pudesse vir a existir aquilo a que hoje se chama poluição luminosa, muito menos se suspeitava que anos mais tarde, estaríamos dispostos a pagar para puder observar o céu sem a atual poluição luminosa, quando, naquela altura queríamos era fugir dali.

O céu era escuro, muito escuro, as constelações eram facilmente identificáveis, a estrela polar idem e o melhor de tudo, todos os dias as estrelas cadentes davam espetáculo.

E porque é que isto é um conto de Natal? Pois não sei!

Não havia Bimbys, não havia máquinas de lavar louça, nem roupa, não havia gás, não havia frigorífico. Não existiam supermercados nem lojas de conveniência nem pastelarias. Compras online ou a UBER Eats eram coisas que nem a ficção científica ainda tinha abordado, e as poucas mercearias existentes, eram a mais de 10km, fechavam aos Sábados à tarde e ao Domingo, pelo que preparar a refeição de Natal era uma tarefa logística gigantesca, o esquecimento de algum ingrediente deitava tudo por água abaixo.

Mas havia espírito de Natal, talvez por isso, isto seja um conto de Natal.

As mulheres passavam o dia a cozinhar a ceia. Para além disso faziam pão, biscoitos, fritos, rabanadas, fatias douradas, sonhos. Os homens ajudavam nas tarefas mais pesadas, como carregar os alguidares de barro cheios de massa, a qual amassavam com vigor, transportavam os tabuleiros de madeira cheios de pão, empilhavam lenha para o forno e para as lareiras. Para além disso limpavam os estábulos dos animais e alimentavam-nos. As crianças mais velhas, encarregavam-se de pôr a mesa, fazer pequenos recados e no fim secavam a louça que era colocada em armários de madeira rústica e tosca, cujas portas fechavam com fechos de aldraba.

Toda a gente trabalhava de forma solidária, a casa mais próxima era a 300m e a outra a 500m, sem estrada que as ligasse.

Ainda assim os preparativos de Natal eram feitos em conjunto, economia de escala. Várias panelas de ferro com 3 pernas eram postas ao lume em cima de brasas numa das casas, cozia-se couves, bacalhau, batatas, nabos, cenouras. Na outra casa, ateava-se fogo ao forno onde se cozia pão, dois ou três tabuleiros com cerca de 30 pães, esperavam para entrar para a cozedura e depois seguiam-se os perus para assar ao lado do polvo, que ia a este forno transformar-se em lagareiro. Na última casa, faziam-se as filhoses, os fritos e outros bolos à base de batata doce.

As crianças corriam de casa em casa, com um petromax  (lanterna a petróleo) na mão com que iluminavam a vereda (caminho de pé posto), para levar algo que estivesse a fazer falta e na hora de sair o pão do forno, um dos pães era grosseiramente partido à mão, molhado em azeite e açúcar ou seja uma tiborna, que eram repartidos e transportados pelas crianças às outras casas.

Ao principio da noite, depois de feita a distribuição da comida, cada família reunia-se na sua casa para celebrar o Jantar de Natal em grande alegria.

À meia-noite as mulheres pegavam nos seus terços, acompanhando a Missa do Galo pelos pequenos transístores (rádios de bolso a pilhas) e as crianças andavam de casa em casa a tentar descobrir em que chaminé tinha descido o Pai Natal para deixar as almejadas prendas.

Depois de correrem todas as casas, não encontraram nada, ficaram perplexas e zangadas pela falha do Pai Natal.

O avô entrou em cena, com aquela calma que caracterizava os avôs da época, levou-as ao telheiro onde também se cozinhava nas brasas e lá estavam as prendas, naquela chaminé cheia de fuligem do negro fumo da lenha, da muita lenha ardida ao longo do ano.

Desta vez o Pai Natal tinha deixado tudo cá fora, para por a criançada em polvorosa.

08
Dez20

Talvez seja um Conto de Natal


Vagueando

Aqui vos conto o conto possível deste Natal, contando que seja a primeira e última vez que passo por esta pandémica celebração de Natal.

O ano passado, andava eu a vaguear num conto de Natal (1) pelo espaço sideral , fui obrigado a lá ficar longos meses devido ao cancelamento dos voos espaciais, motivado pela pandemia de Covid 19 que se abateu sobre a terra, mas que não chegou ao espaço.

Alguns meus companheiros estiveram na missão de reposição das estrelas nos seus devidos lugares e a reorganizar a via láctea, depois do sucesso que foi se terem unido para fazer uma gigantesca e espacial iluminação de Natal. Contudo, a mim coube-me a fava e fiquei confinado no escritório da Estacão Espacial “Christmas Lighting 2020”a programar toda logística de regresso à Terra, bem mais chato, trabalhoso, moroso e sujeito a todo o tipo de críticas, do que realinhar todas as estrelas do Universo.

Com tudo isto perdi a noção de tempo terreste.

Acabei de chegar à Terra onde, devido ao space jet lag, ainda não sei se tenho os pés bem assentes na dita.

Chego a casa e antes mesmo de entrar, passo pela minha árvore de estimação, o azevinho. Constato que está de boa saúde.

20201208_155938.jpg

Entro em casa, cumprimento a família que me recebe de braços abertos, mas com máscara na cara. A minha cadela vem de rompante, salta e deita-me ao chão.

Que seria eu sem ela?

Meio atordoado reparo na árvore de Natal montada na sala, com as luzinhas a piscar e perante o meu ar estupefacto, a minha mulher diz-me; É Natal, qual é o espanto? Bem, o espanto é que eu estava habituado a que fosse o meu azevinho a anunciar-me o Natal, que era sempre na altura em que as suas bagas ficavam vermelhas, fazendo um contraste lindíssimo com o estonteante verde das suas espinhosas folhas. Portanto, se o azevinho não tem bagas não é Natal.

Pois homem, não sei o que se passa, mas isto cá pela Terra está tudo muito estranho desde que começou esta coisa da pandemia. Está tudo triste, não podemos estar com ninguém, não podemos ver ninguém, não podemos ir comprar prendas de Natal e acho que o azevinho interiorizou este sentimento tão humano de tristeza e, vai daí, não deu bagas.

Lá na Estação Espacial íamos tendo notícias sobre o que se passava na Terra mas como não possuíamos acesso ao Whats App, Facebook, Instagram, Tik Tok, não tínhamos a percepção real do que se passava cá em baixo.

Fui de novo ter com o azevinho, não falei com ele, mas fiquei a observa-lo a tentar perceber. Seria que o tempo meteorológico não lhe correu de feição, ou terá feito mal as contas desde a última floração, terão as bagas caído ou fugido com medo? Ou se pura e simplesmente o azevinho, este ano, deu-lhe um amoque.

Não obtive resposta. Como posso celebrar o Natal se o meu azevinho se recusou a celebrar. O meu azevinho, resistente, às agruras da natureza, como o frio, o vento, a chuva, este ano, armou em grevista e disse não à produção dos seus frutos.

Daí que, não havendo Natal o que há é uma espécie de Natal, resguardo-me também e fico por aqui no conto ou nesta espécie, absurda, de conto.

No entanto, para todos, pandemia à parte, um Bom Natal e que o ano de 2021 nos restitua a liberdade e a alegria.

 

(1) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/o-meu-conto-de-natal-7583

 

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  103. N
  104. D
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