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Generalidades

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16
Jun22

Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul


Vagueando

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Para celebrar duas imagens da travessia do Atlântico Norte em 2011, sendo que das várias que fiz, esta foi a única vez em que a ausência de nuvens me permitiu, ver todas as ilhas dos Açores, neste caso a Ilha do Pico.

Celebra-se em 17 de Junho deste ano, o centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul.

O primeiro voo teve lugar em 1903 pelas asas dos irmãos Wrigth. Estava resolvida a questão de como, a partir do solo, com recurso a um motor, era possível elevar-se no ar e manter-se por lá, digamos assim, durante 3 segundos!

Coisa pouca é certo, mas se Neil Armstrong, astronauta americano que pisou a Lua pela primeira vez em 1969 (66 anos apenas após o voo dos Irmãos Wright) e que proferiu a frase, “um pequeno passo para o homem um grande salto para a humanidade”, esta encaixaria perfeitamente na celebração deste voo, como se poderia aplicar, 19 anos depois, ao voo de mais de 60 horas de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, entre Lisboa e o Rio de Janeiro, iniciado em 30 de Março de 1922.

Certo é que apenas cinco anos depois da viagem dos nossos heróis, aparece a PanAm e a Varig, a KLM já existia desde 1919.

Em pouco mais de 100 anos a evolução deste meio de transporte, que aparece já depois do comboio e do barco, foi algo de extraordinário a todos os níveis, em especial em termos de segurança. Sendo o último meio de transporte de grande envergadura a aparecer, tornou-se no mais seguro, pelo que hoje, o maior risco de andar de avião comercial é ir de carro até ao aeroporto.

Não deixa de ser curioso comparar o risco de voar de há cem anos com o risco atual. Na altura os acidentes sucediam-se e a probabilidade de morrer num acidente de aviação era enorme. Atualmente a probabilidade de sofrer um acidente de aviação é infinitamente menor do que quando estamos em terra, razão pela qual já não faz sentido dizer que gostamos de andar com os pés bem assentes na terra para nos referirmos que estamos em segurança.

É hoje claro e fantástico, que o voo dos portugueses, para além de ser o primeiro a atravessar o Atlântico Sul, deu um impulso muito significativo à orientação em voo, já que no mar, não existem referências para navegar à vista e os nossos aviadores fizeram-no voando de dia e de noite.

Eles tiveram seguramente, muita responsabilidade no enorme sucesso que a aviação goza hoje em dia.

Afinal, de nada servia saber voar sem se saber como ir para onde se pretendia.

Tive o prazer de ler o livro de Mário Correia, A Grande Aventura, lançado este ano para celebrar tão importante evento e que nos dá uma excelente perspetiva do que foi preparar e realizar este voo.

Imaginar uma epopeia destas em 1922, em que voar era uma incerteza, sem uma cabine fechada, suportando o frio e a chuva, mais o barulho dos motores, que precisavam de vigilância constante, manusear aparelhos de navegação, usar uma lanterna a pilhas para ver de noite, fazer cálculos manuais para saber até onde a gasolina existentes nos depósitos lhes permitia chegar, por mais que tentemos, não conseguimos ter a mais pálida ideia das dificuldades. A tudo isto juntava-se uma alimentação deficiente e parca, composta por bolachas de água e sal, chocolate e água com etapas de voo ininterrupto de mais de 11 horas.

As peripécias foram muitas, como não podia deixar de ser, mas a tenacidade destes dois homens permitiu que a travessia se concluísse.

Um dos muitos problemas sentidos durante o voo, era a tendência que o avião tinha para levantar o nariz, o que obrigava a um esforço físico e psicológico muito grande para manter o avião nivelado. Esta anomalia devia-se ao facto de um dos flutuadores meter água aumentando assim o peso e consumo de combustível.

O desenvolvimento do Sextante levado a cabo por Gago Coutinho, motivou o interesse da empresa alemã fabricante destes aparelhos, a Plath, a comprar a patente, comercializando-o pelo mundo com o nome de System Admiral Gago Coutinho. Esta empresa que ainda existe, conta a sua história desde a fundação em 1837, dá relevo à volta ao mundo no Graf Zepplin, realizada em 1929, usando um sextante fabricado pela C.Plath, nada referindo sobre a aquisição da patente a Portugal, pela qual Gago Coutinho nada quis receber. Compreende-se ou talvez não, mas a empresa é alemã prefere dar relvo ao que é seu.

Lamentavelmente, estando nós em Portugal, a celebração dos 100 anos desta importante travessia, não tem tido o destaque na imprensa nacional, que seguramente merece, muito menos a atenção dos portugueses. Pela minha parte, vou  almoçar, neste dia tão importante não só para Portugal como para o Mundo, ao Leão de Ouro, no Rossio, onde os nossos aviadores se reuniram várias vezes para falar sobre navegação e onde nasceu a ideia de criar um instrumento a que deram o nome de Corretor de Rumos Coutinho-Sacadura.

Quem sabe se os portugueses não deviam ir mais vezes ao Leão de Ouro e inspirar-se para fazer um país voar bem alto, numa rota de sucesso com rumo bem definido, pelo Sextante de Gago Coutinho.

Fica a ideia.

 

Actualização 11 de Fevereiro de 2023 - Fotos inéditas da viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral: “O meu pai foi o primeiro a abrir a porta do avião”.

30
Mar20

De Cintra a Sintra


Vagueando

Da grafia Cintra à designação Sintra atravessaram-se 4 séculos. No princípio do Século XVII usava-se Cintra. 109 anos depois, com a Revisão ortográfica de 1911, passou a usar-se o S em vez do C.

Sintra do Monte da Lua, vê hoje o seu centro despido de gente, de som, de alegria, de animação, de vida. A vida que existe não se manifesta, não se vê, está escondida, confinada em casa. São poucos os habitantes que sobraram nas casas existentes, dado que muitas já estavam abandonadas antes do crescimento brutal do turismo, foram recuperadas para alojamento local.

Do apinhado de gente que diariamente enchia, melhor que apinhava ruas, ruelas, becos, passagens, trilhos, palácios, castelo, restaurantes e cafés, que esgotavam queijadas e travesseiros, tudo desapareceu, incluindo as queijadas e os travesseiros. Foi uma aterragem de emergência em que os passageiros se salvaram mas desapareceram misteriosamente, não sei se a coberto do nevoeiro tão habitual em Sintra.

Não há residentes no centro de Sintra que justifiquem um take away aberto, não há nada. Não há sintrenses, não há o travesseiro ou a queijada. Não é Sintra, é não sinta, nada.

Das estradas e ruas apinhadas onde não se respirava nem andava por falta de espaço hoje não se anda nem se respira (a ansiedade também cria falta de ar) por falta de gente e porque os residentes, quando saem para passear o seu animal de estimação, fazer um pouco de exercício ou ir às compras, são tão poucos para o espaço existente.

As estradas outrora perigosamente congestionadas por excesso de carros, autocarros e veículos de animação turística, deram lugar a espaços enormes por onde nada circula a não ser o ar que ninguém quer respirar, até porque nesta época, para além do vírus, junta-se o malfadado pólen dos plátanos.

Ontem ao dar uma volta, à volta de casa, em estrito cumprimento do estado de emergência, vi menos de meia dúzia de pessoas, ainda bem, está em causa o bem de todos. Pela primeira vez desde que me encontro em casa, pensei que estava a sonhar, com a cabeça na Lua ou no Monte da Lua sem cabeça para pensar, que apesar de morto a minha alma pensava que estava vivo ou, apesar de estar vivo, pensava que estava morto e que me tinha calhado em sorte tão imenso paraíso.

Ao encontrar um velhinho painel de azulejos com a designação de S. Pedro de Cintra, fiquei mais confuso ainda, tinha viajado no tempo, até ao Século XVII.

Espantado olhei para os trajes e constatei que, de acordo com o que aprendi na História, estava mesmo em Cintra.

Recomposto da agradável surpresa e livre do virus, lembrei-me logo; Se em 1985 Michael J. Fox consegui ir ao passado e regressar ao futuro, também eu conseguirei regressar a Sintra após Covid 19 se ir embora. Mesmo em Cintra a esperança é a última coisa a morrer, para o bem de todos.

No link abaixo encontrão as fotos.

https://photos.app.goo.gl/dtermW1SeuXLvULW6

 

 

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