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Generalidades

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03
Out24

Reflexos


Vagueando

Participação IX do Ano II no Desafio 1 foto 1 texto de IMSilva

A semana passada andei a fazer umas caminhadas mais longe de Sintra, mas sempre em ambiente campestre, montanha, serra, natureza, em suma, fora de estrada. E mesmo estas estradas, quando era necessário usá-las um pouco para chegar a outro trilho, o trânsito era muito reduzido para não dizer nulo. A Aldeia onde estive hospedado, num turismo rural, não tinha, seguramente, mais de dez habitantes e, não fosse o turismo (nesta altura muito reduzido), certamente que há muito que estaria abandonada. 

Assim, ainda tem dois hotéis rurais que disponibilizam cerca de 12 a 14 quartos. 

Mais tarde, deixarei aqui algumas fotos para poderem apreciar a beleza natural que sobrou depois de moldada pelo homem, entre os anos 16 e 19 A.C.

A foto de hoje resulta de uma dessas caminhadas, onde era suposto descer até ao lago e fazer uma foto que refletisse a tranquilidade de tudo o que o ladeava. Gosto de reflexos, já andei por aqui a falar deles em Falta de Inspiração, servindo-me de um escritor de que gosto.

Contudo, o cansaço já era considerável, pelo que resolvi fazer um truque, ou seja batota, para obter um reflexo de jeito. Acho que me saí bem, usando o tejadilho preto de um carro que se encontrava estacionado, que me poupou a fazer um dedo de luva que acrescentaria mais uns significativos metros ao total da minha caminhada.

20240930_160055.jpg

Se a imagem não se revelou apelativa, perdoem-me, afinal só vos queria deixar um pouco de beleza e o que conta é a intenção.

04
Ago24

Alentejo em poesia


Vagueando

 

20240731_110858.jpg

 

Alentejo toda a gente te quer ver

Seja de Verão ou de Inverno

Como se admirassem uma bela mulher

Sem medo de ir parar ao Inferno

 

20240730_202801.jpg

 

 

 

O Sol veio para se despedir      

Forçou a entrada na casa fechada

Por mais que o tentasse dissuadir

Não consegui expulsá-lo à pancada

 

O Sol, atrevido entrou na casa trancada

Sem cerimónias e sem pedir licença

Disse que queria beijar a minha amada

Fechei-lhe a janela para impedir a ofensa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alentejo de planície dourada

Calor que procura frescura

Gastronomia muito aprimorada

Servida com carinho, amor e ternura

 

Alentejo de vozes afinadas

Elevam a grandeza do cante

Escuta-se nas ruas e escadas

Ouvi-las é fascinante

 

Alentejo quente, escaldante

Terra do grande lago

Para o ver siga avante

Encontrará a paz ao seu lado

20240731_202922.jpg

 

 

 

Alentejo terra do calor

Alentejo que procura sombra

Registar ambas com amor

É coisa que assombra

 

Enquadrar a sombra e o Sol

De forma geométrica

Nem com um guarda-sol

Só na parede da chafarica

 

 

 

 

 

 

 

 

20240731_202408.jpg

 

Não se pode reservar o Sol

Mesmo que se esteja a despedir

Deixou de cantar o rouxinol

Fica a hora de refletir

 

O Alentejo não é só paisagem

É felicidade de noite e de dia

Mesmo que esteja só de passagem

Contemple e deixe a correria

 

20240731_112000.jpg

 

 

 

 

Alentejo de portas abertas

De paredes tão brancas

Parecem paisagens desertas

Mas vê-las tão belas estancas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para admirar mais Alentejo

Basta clicar no link abaixo

Siga pelo Ribatejo

E não fique cabisbaixo

https://photos.app.goo.gl/sAjnLJX2XHgQzWHk7

 

 

 

07
Dez20

30 dias, 30 imagens, um sonho, uma realidade


Vagueando

Imaginemos que todos os dias recordávamos algo que vivenciámos de forma agradável.

Foi o que fiz durante todo o mês de Novembro. Ao longo do mês escolhi, todos os dias uma foto de locais onde estive, com o objectivo de construir uma história à volta delas, que pode ou não, fazer sentido.

No início de Dezembro, comecei a olhar para aquelas fotos e, ao fim de algum tempo, lá nasceu qualquer coisa.

Se quiserem podem abrir todas as fotos no link abaixo e acompanhá-las com a leitura.

https://photos.app.goo.gl/ZY5R3JxC9NqREcqcA

Viajem comigo, se tiverem paciência, pelas imagens, todas recolhidas em Portugal entre 2015 e 2020, algures entre a Serra da Estrela e o Alentejo, bem como Sintra.

Sujeito ao escrutínio do leitor avaliar o quão reconfortante e enérgico é subir ao alto de uma serra para ver nascer o Sol. A espera pode parecer monótona, haver até uma sensação de frustração. Contudo, quando o Sol desponta, apercebemo-nos que nasceu mais cedo para nós só para compensar o nosso esforço.

A brisa fresca começa a ser temperada pelo ténue calor que a gigantesca luz proporciona. A rápida mutação das cores, o movimento da vegetação e das pessoas parece surreal, só comparável a um bailado sem coreografia, em que o movimento sem regras é tudo e só isso, ar puro, luz natural e liberdade total.

Já mais despertos e revigorados, com o Sol já alto, vamos caminhando em direcção a lado nenhum, encontramos uma casa abandonada que nos segreda que precisa calor humano. Não que lhe falte calor, falta-lhe movimento e gente. O Sol quando nasce é para todos, inclusivé para as casas que agradecem o calor e algumas, mais calorentas procuram estar próximo da água e deixaram-se seduzir por um relvado em cima do seu telhado, bem plantado pela engenharia, da natureza.

P5190223.JPGSubimos de novo a outra montanha, está nublada e gélida. Não obstante, uma nuvem cool, deixa passar a réstia de Sol que acerta no único pedaço de neve que ainda resistia, fazendo a sua brancura sobressair no meio do castanho pedregoso.

P8090718.JPGJuntamo-nos de novo, para ir a lado nenhum, mas em contraluz para a fotografia, um a um, todos em pose e em posse das faculdades psico-motoras que nos hão de levar a outros locais onde, eventualmente, não pararemos, contemplaremos em andamento lento, não nos cansemos.

 

Deito-me ao nível do chão para ver fugir os que já lá vão, dou de caras com um cão que não fez ão, ão, apenas me deitou a língua de fora e disse; Afasta-te estou à espera da minha ração. Até eu comia uma ração de combate se a tivesse, mas não disse nada ao cão. Os cães não gostam ser incomodados quando comem.

Viro-me de barriga para cima vejo o céu e uma erva azeda, desoriento-me, viro-me de novo, agora de lado, à procura dos outros que seguiram pela vereda, mas a minha visão esbarra num lago, estou perdido.

Levanto-me, recomponho-me e sigo, pé ante pé, retomo o caminho, qual caminho? Nem eu sei. Só sei que estou ali sozinho, entre o céu e a terra e o bendito caminho. Caminho, caminho, caminho, até o sol fugir.

Acordo, estava a sonhar, na caminha!

Não sei que horas são, nem quero saber, vou correr atrás do sonho, corro o risco de me perder, agora a sério, mas tem que ser.

Levanto-me confuso mas com prazer, saio a correr.

Sintra espera-me.

Gosto de ver gente, mas não gosto de estar com muita gente, nem no meio de muita gente, não há gente na rua, que raio, mas é de dia. Onde é que se enfiou toda a gente.

Estou doente, dormente, demente

A cabeça está oca, o corpo não sente

Tenho medo de deixar de ser gente

E que o corpo já não se aguente

Ainda não sei que horas são, estou perdido entre sonho e a realidade, mas é mesmo de dia, não é verdade?

Tinha-me esquecido, estamos no meio, a menos de meio ou a mais de meio, de uma pandemia. 

Não há gente, não há movimento a não ser o da terra em torno do Sol que no-lo trás todos os dias indiferente ao que gente, crente ou descrente, sente.

 

Vagueio por Sintra, vejo cafés, hotéis, monumentos, escadas e arruamentos sempre sem gente.

Está tudo igual, mas tudo tão diferente, que nem acredito que ali estou, no meio da estrada a olhar para uma paragem de autocarro sem passageiros à espera, quando antes se amontoavam e desesperavam com o muito trânsito que lhes atrasava o transporte. Sintonizo o meu olhar para tentar descobrir algo que nunca vi e vi, uma árvore esburacada que me faz lembrar uma gruta. Pareceu-me ver lá dentro um duende. Olho para as outras estão alinhadas a receber o resto do sol do dia.

Faço mais um esforço e descubro que é Natal, a árvore que o anuncia está ali em frente ao Palácio Nacional, é um dejá vu desta vez estranho porque é mesmo estranho.

20201203_140810.jpg

Procuro outro ângulo de visão e encontro, descubro o Castelo debaixo daquela árvore de Natal, artificial, tempo esquisito este, ouvi dizer que é o novo normal.

PC190496.JPG

Ando por ali perdido no meio de tanta falta de gente, perdi as minhas referências, caminho e esbarro numa corda que parece suspensa no céu. Belisco-me, estou acordado, acho eu.

Fico por ali a pensar se devo subir – será que mereço – ou resistir.

Olho mais uma vez, não há gente, mas vou esperar mais um pouco, talvez ainda não seja ainda a minha vez que, seguramente, há de vir.

Feliz Natal

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