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Generalidades

Generalidades

22
Ago24

Perdidos achados de antigamente


Vagueando

 

Não posso perder a embalagem pelo que cá estou, mais uma vez, a participar neste desafio 1 foto 1 texto de IMSilva sendo que já vamos na participação IV do Ano II.

Nos locais públicos existe normalmente um local que dá pelo nome de Perdidos e Achados, mas nem sempre assim foi. E não foi porque faltavam meios para o fazer, não se considerava ser uma necessidade, nem tão pouco se esperava que objectos perdidos (salvo raras exceções, tal como hoje) fossem devolvidos.

Assim quando se perdia alguma coisa era normal publicar-se no jornal o que se tinha perdido, na esperança de que fosse devolvido através das coordenadas dadas no jornal.

Próximo post.jpg

 

Assim descobri na mesma edição do Jornal de Sintra de 13 de Agosto de 1950, conforme foto acima, duas situações antagónicas que aparecem juntas nesta edição nº 864. Uma refere-se a anúncio sobre a perda de uma pulseira de ouro, pedindo-se a sua entrega na Casa das Queijadas do Preto e outra a um anúncio que refere o aparecimento de uma ovelha na Estefânia há três dias, não tendo sido possível localizar o dono, pelo que se solicita que contactem os Armazéns Baeta, estabelecimento outrora muito conhedcido em Sintra.

Embora conhecendo os descendentes destes dois estabelcimentos, não consegui apurar se estes dois anúncios produziram o efeito desejado.

 

05
Mai24

Castelo S.Gregório

Monte Sereno - S. Pedro de Penaferrim - Sintra


Vagueando

Destes dois bancos - de jardim - observam-se três montes na Serra de Sintra. Da direita para a esquerda, o monte onde nasceu o Castelo dos Mouros, o monte onde nasceu o Palácio da Pena e o Monte Sereno onde, muito mais tarde, nasceu um sonho que nunca se concretizou – A criação de um Hotel, Restaurant, Pousada neste monte.

Gregório Casimiro Ribeiro, o mentor do sonho, está intimamente ligado a Sintra por vários motivos.

Em 1911 associando-se a José Ambrósio, enteado de Josefa das Neves (queijadas da Sapa) começa a fabricar queijadas em Ranholas que eram vendidas no Café Pérola em Sintra. Em 1916 com esta sociedade desfeita, estabelece-se por conta própria no Largo do Regedor, actualmente Largo Dr. Manuel Arriaga em S.Pedro de Penaferrim, dando origem à marca Queijadas Recordação de Sintra, que ainda hoje existem e são comercializadas em estabelecimento próprio, “Gregório” (nome aditado pelo seu filho) também conhecido pelas queijadas do Polícia Sinaleiro. Este polícia, moldado em chapa ainda existe no estabelecimento mas numa posição mais recatada, anteriormente estava no passeio e era bem visível aos automobilistas que “supostamente” deveriam obedecer à ordem de paragem nesta Casa das Queijadas.

Blank 3 Grids Collage.png

Fotos (de cima para baixo e da direta para a esquerda) Jornal de Sintra 147 de 15/11/1936, Ecos de Sintra 391/391 de 10/06/1944 e Jornal de Sintra 172 de 23/05/1937.

Na foto de cima é possível ver, do lado direito, o Polícia Sinaleiro no passeio, com a indicação “Paragem Queijadas”. A menina em cima do burro era Vera Ribeiro neta de Gregório Casimiro Ribeiro e o homem era o actor António Ribeiro, pretendendo-se com esta foto recriar o transporte de queijadas a caminho das feiras onde eram vendidas.

Para além o negócio das queijadas fundou o jornal local “O Regional” em 1921. Promoveu a construção do Castelo S. Gregório – nome atribuído pelo povo - no Monte Sereno, que é visível de vários pontos de Sintra, nomeadamente dos bancos que deram início a esta história, ainda que o arvoredo que tem crescido à sua volta o esteja a esconder. Chegou a residir no primeiro andar de uma casa encarniçada existente no Largo Dr Manuel Arriaga, anteriormente denominado do Regedor, onde a título curiosidade, plantou em combinação com Joaquim Rodrigues Ferreira, antigo fiscal da Câmara os quatro plátanos ali existentes.

A ideia de edificar este castelo, nasce em 15 de Outubro de 1926, com o pedido de construção de uma casa de habitação, processo nº 516 na Câmara Municipal de Sintra que foi deferido em 29/11/1926.

Ainda que o pedido de construção referisse que se destinava a uma casa de habitação, a aprovação do projeto é feita na base de que se tratava de um Restaurante Hotel, pelo que o proprietário ficou isento do pagamento de taxas.

Na exposição que envia à Câmara, em 27/11/1926, solicita a classificação do projeto como turístico, fazendo questão de lembrar que a construção era demasiado dispendiosa, devido ao terreno acidentado, ainda que não se poupasse a sacrifícios, reconhecendo que eram muito superiores às suas forças, essa classificação seria uma mais-valia, quer junto da Câmara quer junto do Governo para levar o projeto a bom porto.

A licença de construção foi atribuída por 12 meses, sendo que as obras demoraram bastante mais, uma vez que só em 1942 é que Gregório Casimiro Ribeiro solicita o pedido de vistoria, indicando que a Casa de Repouso, Hotel ou Restaurant se encontra concluída, faltando apenas a respetiva ligação do esgoto, que não teria sido realizada por não ter sabido antes e na altura do pedido também ainda não o saber, qual o destino a dar à construção.

Em 1940, duas notícias no Jornal Ecos de Sintra, abordava-se a obra. Na edição nº 225 de 24/03/1940, O castelo iria ser uma pousada em breve, dado que dias antes o diretor do Secretariado de Propaganda Nacional visitou o local e que teria ficado encantado com a vista que dali se desfrutava. A outra, na Edição nº 226 de 01 de Maio de 01/05/1940, com o título “Iniciaram-se as obras na pousada do Monte Sereno”  dá-se nota que o projeto terá obtido uma comparticipação do Estado, através de um contrato assinado no dia 27 de Março do mesmo ano, com a Direção Geral da Fazenda Pública, cuja fiscalização será assegurada pela Secretaria da Propaganda Nacional e que será inaugurada brevemente.

Em 29 de Outubro de 1942 é realizada vistoria ao edifício e no dia seguinte é emitida a licença de habitabilidade nº 126, pela Repartição de Obras Municipais, tendo sido paga uma taxa de vistoria 55 escudos, sendo que esta repartição “toma a liberdade de lembrar que a construção foi autorizada com isenção de taxa de licença, parecendo ser de justiça manter-se essa isenção se a construção for destinada a fins turísticos, como primitivamente” O parecer do Fiscal da Câmara – Francisco do Santos, justifica que o projeto obedece aos regulamentos em vigor para as construções urbanas, considerando projeto como bastante interessante.

Entretanto o Chefe da Repartição de Finanças do Concelho de Sintra, dirige em 22/12/1948, o pedido 2405 à Câmara Municipal de Sintra, a solicitar esclarecimentos sobre a emissão da licença de habitação para o imóvel que não estaria em condições para lhe ser atribuída a referida licença de habitabilidade e onde a dado passo pode ler-se “…há quem queira demonstrar perante esta Secção de Finanças que esse prédio não estava, nessa data, em tais condições”.

Durante a construção deste Castelo, foram encontrados objectos pré-históricos, descritos pelo arqueólogo Félix Alves Pereira, num artigo no Diário de Notícias, em 1932/33, como sendo cinco utensílios ou armas de pedra usadas pelo homem antes deste tomar conhecimento dos metais. Noutro artigo do mesmo arqueólogo, faz-se referência também a achados de utensílios em Metal. Este arqueólogo fala ainda em achados estranhos, nomeadamente uma Bala de Pedreiro num artigo publicado em jornal que não consegui identificar nem tão pouco a data de publicação.

Tanto quanto sei o sonho de transformar o edifício acastelado numa pousada, nunca se concretizou e em 30/09/1942, uma pequena notícia no Jornal Ecos de Sintra número 320, dá-se nota de que o castelo foi vendido e que desde essa data tem passado por vários particulares, tendo encontrado recentemente um anúncio que estará de novo à venda por cerca de 6 milhões de euros. O anúncio pode ser consultado no link abaixo e é uma excelente oportunidade para o poderem apreciar por dentro, cuja beleza me parece muito superior à exibida no exterior.

https://kretzrealestate.com/pt/annonce/4250n/chateau-manoir/

Um dos anteriores proprietários ter-se-á queixado das dificuldades para chegar com o seu carro até ao Monte Sereno, uma vez que o excesso de trânsito descendente, na Calçada da Pena, proveniente do Palácio da Pena e a ocupação indevida com estacionamento dos locais mais largos desta calçada, destinados justamente ao cruzamento de veículos, impedia-o de subir a mesma calçada (ainda que a sinalização o permitisse e permita) até à sua casa, correndo sérios riscos de ter um acidente.

No link abaixo encontram-se várias fotos dos artigos dos jornais citados neste texto, anúncio diversos, plantas e fotos do Castelo.

https://photos.app.goo.gl/qF17mFLqVNpQCjys8

Bibliografia

Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, nomeadamente o livro Apontamentos Vários e o livro Bairros de Sintra.

Jornal de Sintra

Jornal Ecos de Sintra

Arquivo Municipal da Câmara Municipal de Sintra

Outros Links de interesse sobre esta construção

Paisagem Cultural de Sintra  

Caminheiro de Sintra 

As 5 Quintas e Edifícios Maravilhosos em Sintra

15
Fev24

Teleférico de Sintra


Vagueando

Depois de muitos anos de debates, de promessas e desilusões, avanços e recuos, finalmente o teleférico de Sintra.

Estávamos em 1958, quando na Edição 1247 do Jornal de Sintra, de 19/01/1958, se anuncia que finalmente iriamos ter um teleférico em Sintra, a partir da Estação de Caminhos de Ferro.

Pois é, no meio de tantos avanços e recuos, venceram os recuos e hoje, 66 anos depois, nem teleférico, nem estacionamento decente existe em Sintra para evitar que tantos veículos entrem em Sintra diáriamente.

Esta foto, do recorte do Jornal de Sintra referido, é a minah resposta ao desafio 1foto1texto de IMSilva.

20220927_160738.jpg

 

02
Jan24

A propósito de árvores


Vagueando

Há poucos dias publiquei aqui Fui Abraçar Árvores sendo que estas árvores se encontravam em ambiente rústico ou rural se preferirem, pelo que para além de acrescentarem muita beleza à paisagem, contribuírem para tornar o ar mais respirável e para a economia local, servirem de local de abrigo para aves e ainda, no Verão projetarem uma sombra generosa, a probabilidade de atingiram alguém se caírem ou se partir uma pernada é mínima.

A coisa pia mais fino em ambiente citadino, de tempos a tempos lá se parte uma pernada ou cai uma árvore grande porte e, para além dos prejuízos materiais, matam e ferem pessoas com gravidade.

Gosto de ver árvores dentro das cidades, deve ser promovida a sua plantação, ainda que me cause algum arrepio o tamanho de algumas, em especial em dias de vento, nomeadamente quando estão implantadas em zonas muito frequentadas, como é o caso de Sintra.

É que estes acidentes, quando acontecem, a primeira coisa que oiço é que estavam de boa saúde e nada fazia prever a sua queda. Não percebo nada de árvores, muito menos de podas ou desramagens, mas parece-me que quanto maior é a árvore maior o risco de queda ou quebra dos seus ramos.

Vem isto a propósito de uma notícia de 27 de Fevereiro de 1955, publicada no Jornal de Sintra nº 1098, com o título "Árvores Perniciosas" e que reproduzo abaixo, onde era solicitada à JAE - Junta Autónoma das Estradas (aquilo que é agora as Infraestruturas de Portugal) o corte de plátanos, justificando-se com vários constrangimentos que o seu porte provocava.

Ora hoje ninguém pensa em cortar árvores e talvez até de forma um pouco fundamentalista, parece que não se pode também podar árvoes. Assim os plátanos em Sintra atingem hoje nalgumas zonas, altura superior a 20 metros e continuam a crescer. Onde há cabos eléctricos alguns estão sob uma pressão enorme e não parece existir nenhuma preocupação com tal situação, nem da parte da Câmara nem da ERedes.

Ora se não existe vigilância sobre o cabos eléctricos que estão em risco de se partir, deduzo que também não exista vigilância sobre o estado de saúde das árvores.

Pela parte que me toca, o ano passado sofri vários cortes de energia por via do encontro destas ramagens com as linhas eléctricas e até se registou um princípio de incêndio em cabos que estavam a roçar num plátano que foi desramado posteriomente.  A menos de 100 metros do local onde ocorreu este incidente, outros cabos estão na mesma situação, mas parece que ainda não é altura de fazer alguma coisa, espera-se - eventualmente - pelo próximo incêndio.

A outra parte que me toca é que o tal pó referido na notícia de 1955, é um regalo para a minha asma a para os meus olhos que ficam vermelhos como deve estar o peixe fresco e nem o uso da máscara e de óculos me salvam dos transtornos causados.

Nem quero imaginar se um dia, por via de Sintra ser considerado Património Mundial da Humanidade se decidir enterrar os cabos de energia e telecomunicações, retirando os inestéticos postes, até onde podem crescer as árvores em ambiente urbano.

O que vale é que já passaram 28 anos desde que lhe foi atribuída essa classificação e não me parece que tão cedo se proceda ao enterramento dos cabos, na minha rua estava previsto ser em 2023, o que será sempre uma boa desculpa ou, quem sabe, uma boa prática para desramar ou podar alguns dos plátanos existentes.

Não haverá por aí um meio termo entre o fundamentalismo atual e a exigência feita em 1955?

Plátanos.jpg

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