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Generalidades

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13
Out20

Mentira


Vagueando

Hoje escrevo para mentir.

Mentir, isso mesmo, dito assim, descaradamente.

Mentir a mim mesmo. Mentir como se estivesse a discutir sobre a culpa de, como peão, ter sido atropelado por mim próprio, na qualidade de automobilista.

Depois do atropelamento, desculpem, do confinamento, resolvi também mentir sobre o medo. Não do medo de sair à rua, mas do medo de respirar.

Decidir deixar de respirar não é bem como tomar a decisão do tipo, hoje vou parar de fumar e deixo de comprar tabaco. Contudo, cravo um de vez enquanto aos amigos. Até que os amigos se negam e deixo de fumar.

Isto de deixar de respirar, já me perseguia antes da pandemia, por causa dos gases com efeito de estufa (ver E no entanto, as vacas continuam a peidar-se aqui) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/e-no-entanto-as-vacas-continuam-a-11359?tc=52615441535

Até esta altura só treinava para deixar de respirar quando ia tirar uma chapa aos pulmões e o técnico dizia: Encha o peito de ar, não respira, não respira, não respira, pode respirar.

Ainda com esta ideia maluca por resolver, saí porta fora, para voltar a circular. Já na rua lembrei-me que o melhor seria respirar em modo de segurança.

(A propósito de porta https://classeaparte.blogs.sapo.pt/as-portas-15637)

Respirar em modo de segurança, consiste em fornecer aos pulmões apenas 50% do oxigénio que preciso, mas devidamente filtrado por uma máscara

Em vez de inspirar com a convicção de que o ar puro faz bem à saúde, passei a respirar, não sei se sem convicção ou se com a convicção de que respirar afinal, pode fazer muito mal à saúde.

Este tipo de respiração tem a vantagem de encaixar bem com a narrativa actual, safe and clean. Ao respirarmos menos, não só reduzimos em 50% o risco de deixar entrar o vírus e ao mesmo tempo, fica disponível mais ar limpo - ainda que possa estar “covidado”. Se está mais limpo, também estamos a contribuir para um ambiente melhor, ainda que o ambiente mental das pessoas possa, eventualmente, estar a piorar.

Para continuar a mentir deixo algumas imagens (ver link abaixo), destas minhas saídas.

https://photos.app.goo.gl/fh37ncEZcBiHnFox9

Acredito que acreditem que algumas fotos possam parecer verdadeiras. Nada mais falso porque, se forem a estes locais não vão ver nada daquilo que eu retratei.

É tudo uma questão de sorte e de respiração, inspiração, expiração, sudação e muita concentração.

Sou um mentiroso, mas agora a sério.

Estamos todos a precisar, agora que vem aí o Inverno, de calor humano, de voltarmos as estar juntos, onde quer que estejamos.

Só estou preocupado com uma coisa. Andam para aí a dizer que uma mentira contada muitas vezes passa a ser verdade, pelo que já estou baralhado e sem saber se falei verdade ou se contei uma mentira.

20
Jul20

História de um aprendiz de agricultor - Psila-Africana


Vagueando

Psila.jpg

Quando os meus avós faleceram herdei um terreno no Algarve com cerca de 100 laranjeiras. Como morava a 300 km de distância e não queria deixar a coisa ao abandono, arrendei o laranjal.

A coisa correu mal.

Não obstante, não desisti e, no ano seguinte, fiz uma ronda pelas cooperativas da região, com a seguinte proposta;

- Tratam, apanham, vendem e só me pagam o custo anual da electricidade consumida para a rega que era totalmente automática. De salientar que no inverno, altura em que não consumia nenhuma energia, a EDP cobrava-me sempre o aluguer do contador, pelo que os custos eram elevados, para rendimento zero.

A resposta de 4 cooperativas foi, não estamos interessados, é pouco, não tem dimensão para explorarmos. (E eu que pensava que as cooperativas serviam para juntar interesses e prestar ajuda aos associados)

Morreram, por falta de água, todas as laranjeiras.

O meu pai, falecido em 2012, que tinha como hobby a agricultura e percebia da coisa, plantou no meu quintal, 3 limoeiros, uma laranjeira e uma tangerineira, que produziram sempre muito bem até 2018. Nesse ano comecei a ver as folhas a definhar e mirrar.

Como não percebia e não percebo nada do assunto, levei umas folhas a uma cooperativa agrícola da minha zona que me informou tratar-se de psila-africana. Perguntei logo como se trata? É difícil, é uma praga de declaração obrigatória ao Ministério da Agricultura, é obrigatório tratar, tem que fazer uma poda radical aos ramos afectados, não os pode deitar fora nem colocar no lixo e tem de aplicar o produto xxx e produto yyy .

Não consegui comprar os produtos, por não tenho cartão de aplicador de produtos fitossanitários e os ramos, mesmo que os cortasse, não os podia queimar, porque era Verão!

No ano seguinte, com as árvores em pior estado fui pesquisar sobre a praga e fiquei a saber que o Ministério da Agricultura referia que, apesar de todas as medidas implementadas, a praga Trioza erytreae (ou Psila-Africana dos Citrinos) estava a expandir-se no Centro do País. Este insecto, foi detectado pela primeira vez no território nacional em 2014. Acrescentava ainda o Ministério que estava a decorrer um programa de luta biológica, com recurso a um insecto parasitoide específico, num trabalho conjunto e articulado entre as autoridades fitossanitárias portuguesas e espanholas.

Comecei a estar atento aos sinais dos limoeiros e laranjeiras e verifiquei que na zona onde vivo e arredores mais afastados a praga instalou-se e já há árvores completamente atacadas, ou seja em vias de morrer.

Em desespero de causa, a minha esperança virou-se para as associações de ambientalistas, pelo que fui ao Google e pesquisei “ambientalistas psila africana”.

Surpreendentemente, aparece muita coisa sobre a psila africana mas nada que ligue os ambientalistas à mesma, ou seja, nem conselhos, nem indignações, nem propostas, nem pedidos de esclarecimento ao Ministério da Agricultura.

Movido pela curiosidade, porque normalmente os ambientalistas preocupam-se muito com árvores em perigo, voltei a fazer nova pesquisa “ambientalistas e abate de árvores”.

Bingo!

Muitos resultados;

  • Ambientalistas contra abate de árvores em Sintra (Logo eu que sou de Sintra)
  • Ambientalistas constestam abate de árvores no Tua.
  • Quercus critica abate de árvores.
  • Quercus constesta abate de árvores junto …. E por aí fora.

Continuando curioso, nova pesquisa “ambientalistas poda de árvores”

Bingo!

  • Organização ambientalista FAPAS constesta poda excessiva de árvore
  • Quercus – Podas abusivas e/ou abate infundado de árvores em espaço urbano são um problema ambiental em destaque no distrito da Guarda
  • Quercus – Câmara de Tondela acusada de fazer podas de árvores fora de prazo e por aí fora.

Ora adoptando a velha máxima do o que não está na Internet, nomeadamente no Google, não existe, concluo que embora a psila africana existe, mata árvores, é uma praga de difícil controlo, mas não é uma causa, nem preocupação para os ambientalistas.

Mas que raio de ambientalistas são estes? Defendem a natureza ou apenas aquela natureza que lhes dá visibilidade e publicidade?

Não precisam de responder, mas perderam um aliado.

 

“A imagem acima mostra o que acontece à ramagem das árvores atacadas por esta praga”. Pode ser que a Sapo ache que isto merece destaque, por isso junto aqui chocolate, porque li uma vez que a equipa da Sapo Blogs é muito sensível ao chocolate.

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