Barcos, marés, mares e marinheiro de água doce
Vagueando
Não morro de amores por barcos, melhor não gosto mesmo nada de barcos, aliás tenho até um certo pânico de viajar em barcos.
Quando maior é o barco maior é o ódio, pelo que se me saísse o Euromilhões, daqueles mesmo de perder a cabeça, jamais compraria um iate.
Este medo, ódio ou seja lá o que for, até inexplicavelmente inexplicável, talvez derive de ouvir na minha infância muitas conversas de um familiar, Comandante da Marinha Mercante Portuguesa sobre o que era (se calhar ainda é) navegar no nosso Atlântico que, como bem sabem, começa aqui mesmo, no ponto mais Ocidental da Europa, no Cabo da Roca, onde a terra decidiu acabar.
Deixemos o medo para trás das costas e vamos ao que interessa - O desafio do costume, 1foto 1 texto de IMSilva
O texto já vem de trás, a foto vem já a seguir.
Saquei-a durante uma viagem de barco que durou uma eternidade, 15 minutos, para ir da Fuseta até à ilha com o mesmo nome. Já a navegar, em “alto mar”, para me desfocar do enjoo, foquei-me na antiga estação Salva Vidas da Fuseta, que achei bastante fotogénica e comecei a fotografar.
Depois lembrei-me, porque não fazer uma foto panorâmica do mar, da ria, da terra, do céu, de tudo o que os meus olhos alcançam e da ilha, afinal como bem referiu José Saramago, é preciso sair da ilha para ver a ilha.
Não sei se foi da maré, da ondulação, do enjoo ou se isto que se vê na foto aconteceu mesmo e eu não vi porque ainda não tinha saído da ilha, mas saiu isto.
Se tivesse que legendar esta foto escolheria “Tsunami”