As Causas do Atraso Português
Um livro do Economista Nuno Palma para repensar o passado para reinventar o presente
Vagueando
Há muito que buscava por uma obra que explicasse as razões da falta de crescimento do nosso País e por isso tinha uma ideia distorcida das causas,
O livro “As Causas do Atraso Português” do economista Nuno Palma, explica as razões através de uma descrição histórica do país, da Monarquia à Primeira República e do Estado Novo até à actualidade.
Este livro contesta os mitos que se têm criado à volta das razões do atraso português que, no entender do autor servem (convenientemente) de desculpa aos governos para esconder a sua incompetência e más escolhas no rumo que traçaram, nestes último anos, para o país
Goste-se ou não das razões expostas, concorde-se ou não com as mesmas, creio que este é um livro importante e até deveria merecer maior atenção e divulgação dos meios de comunicação social e dos comentadores de serviço, um debate mais profundo sobre o seu conteúdo.
Para aguçar o apetite de quem não leu ou não está a pensar em ler o livro, deixo duas notas que considero curiosas, duas questões e uma opinião final.
Nota 1 – O Período em que o nosso crescimento acelerou de forma significativa e em que esse crescimento se traduziu numa melhoria significativa dos rendimentos dos portugueses (sim porque como o autor refere, nem sempre o crescimento se refletiu no bolso dos portugueses) foi entre 1950 e 1980, ou seja abrangendo o Estado Novo e a Democracia. O autor refere até que entre 1926 e 1974, o rendimento médio por pessoa multiplicou-se por cinco.
Nota 2 – Estamos a ser ultrapassados pelos Países de Leste que aderiram à Comunidade Europeia e receberam menos fundos do que Portugal (o autor até defende que nos deveriam cortar os fundos para que ocorresse um choque frontal com a realidade). O crescimento mais rápido e com menos fundos destes Países, deve-se ao facto de terem experimentado o atraso provocado pelo excesso de intervenção do poder político centralizado no Estado e daí que aderiram mais facilmente à economia de mercado, que nós portugueses, habituados às benesses estatais e à crença de que o Estado Novo fascista e de tendência direitista nos conduziu à miséria, recusamos.
Face a este panorama, que o livro aprofunda com mais detalhe, deixo as seguintes questões.
Questão 1 – Imaginemos que o destino de Portugal, nos últimos 50 anos, com o mesmo povo e o mesmo nível demográfico, tinha sido conduzido pelos governos alemães. Teria tido resultados positivos, tinha crescido e convergido com a União Europeia? Estaria no pelotão da frente dos países mais ricos?
Questão 2 – Imaginemos que o destino de Portugal, nos últimos 50 anos, com os mesmos habitantes e distribuídos igualmente pelas regiões do país, mas de nacionalidade alemã, tinha sido conduzido pelos governos que existiram em Portugal. Como seriam os resultados, iguais aos que temos na atualidade? Seriam melhores e estaríamos a crescer em vez de divergir?
Opinião Final – O livro traça um panorama desastroso sobre a nossa identidade colectiva, mitos sobre o Estado Novo que se confundem com a direita portuguesa, apresentando-a como negativa que tem servido de desculpabilização dos governos para o nosso fraco crescimento devido aos erros do passado.
Daí as minhas duas questões, para perceber se o problema é mesmo dos governos ou de um povo que “não se governa nem se deixa governar” ou se o problema é efetivamente de maus governos (os nossos emigrantes até são tidos como competentes, disciplinados e competentes nos países onde se encontram radicados) que têm sido incompetentes, não fazendo nem reformando por laxismo ou interesses escondidos, tais como o beneficio da clientela partidária, dos monopólios ou oligopólios privados, exercendo controlo sobre as entidades reguladoras, deixando a Justiça com graves problemas de funcionamento.