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Generalidades

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08
Nov22

Gare do Oriente


Vagueando

Os pilares escorrem água em quantidades inimagináveis, os bancos estão todos encharcados

Sou passageiro regular nos comboios, gosto deste meio de transporte por várias razões. É nostálgico, é seguro, podemos movimentar-nos dentro das carruagens, consegue-se ler tranquilamente (ainda que agora, sem perceber porquê, as pessoas atendem os telemóveis em alta voz e isso irrita-me, perturba-me o sossego e a leitura).

Já tinha usado a Gare do Oriente algumas vezes mas sempre com bom tempo. Contudo, hoje estava um dia chuvoso, percebi como uma estação moderna, de grande importância na linha mais movimentada do país e na ligação entre Lisboa e Porto pode ser tão desconfortável, mal concebida e péssimamente mantida.

Está em causa uma das estações ferroviárias mais importante do país, usada por passageiros tão diferentes, desde o profissional que se desloca em trabalho, ao turista nacional e estrangeiro e ainda por famílias.

Pois esta estação, deixa entrar o vento e chuva, tornando impossível aguardar na gare pelo comboio num dia como hoje. Pode ser bonita (já nem é muito pela falta de conservação a que tem sido votada), mas caramba quem concebeu e aprovou a construção desta estação de comboios alguma vez pensou no conforto dos passageiros e na funcionalidade da mesma?

Nas gares centrais, supostamente protegidas da chuva, porque as coberturas abragem uma área maior, estas são tão altas que deixam que o vento transporte a chuva  para o seu interior. Pior são as coberturas terem aberturas, buracos, falta de isolamento, seja lá o que for, deixarem entrar a chuva por todo o lado, pingando em cima dos poucos bancos existentes, porquê tão poucos bancos para as pessoas se sentarem?

Numa altura em que se pede às pessoas para usar o comboio, quer por questões ambientais, quer por razões económicas ditadas pelo preço dos combustíveis, esta estação tem todos os ingredientes para fazer fugir qualquer passageiro. Pela minha parte fiquei avisado e só se for de todo impossível evitá-la não me apanham lá mais em dias de chuva. As coberturas dos acessos ao Centro Vasco da Gama e os que seguem até às paragens de autocarros deixam a chuva entrar, mais uma vez não se vê manutenção, as escadas tornam-se um perigo porque estão molhadas.

Não sei se foi por ter ficado tão defraudado, que até reparei que as plataformas de acesso ao comboio são demasiadamente baixas (relativamamente a outras estações que conheço na Grande Lisboa) face aos estribos dos comboios, dificultando a entrada e saída de pessoas mais idosas.

Sinceramente num país onde a poucos metros de distância se realiza uma Web Summit, onde circulam milhões para projectos que a maioria das pessoas não entende para que servem (se é que servem para alguma coisa para além de dar dinheiro a ganhar a poucos e acabar com mais uns empregos), se fala à boca cheia de Unicórnios (que a maioria das pessoas também não sabe o que é) não consigo conceber que aquela estação tenha sido concebida na era moderna, na modernidade que foi a Expo 98.

Simplesmente deplorável.

 

19
Set22

Encontro de raridades em Sintra e um fenómeno


Vagueando

 

Sintra é conhecida, mesmo em pleno Verão, pelo seu microclima, nevoeiro, frio, humidade, chuva e vento, em especial de manhã e nos finais de tarde.

Talvez por isso, muitos espetáculos ao ar livre são cancelados devido a este microclima.

Contudo, tal como apregoavam os cauteleiros antigamente (agora as cautelas até já nos são impingidas nos balcão dos CTT) há horas de sorte e ontem, em Monserrate, não foi só uma hora de sorte, foi um final de dia fantástico.

Isto porque;

  • A temperatura estava excelente.
  • Não havia nevoeiro.
  • A despedida do Sol foi incrivelmente bela.
  • Não estava vento, nem sequer uma brisa.
  • O Teor de humidade era baixo.
  • A luz estava fantástica, a chuva caída na semana passada limpou toda a poeira do ar, aumentando a qualidade dos raios solares em todo o parque.
  • Esteve presente o fenómeno do piano - Mário Laginha - que acrescentou à beleza paisagística do anfiteatro relvado de Monserrate, a beleza musical .

Sintra é sempre uma descoberta, até para mim, residente há 64 anos, nunca tinha visitado o parque no final do dia e ainda por cima nestas condições.

Porque se trata de uma raridade, partilho convosco as fotos do evento.

https://photos.app.goo.gl/inAbWAbAP1YvdaK2A

 

11
Out21

Gripe, essa coisa que tinha desaparecido


Vagueando

Antes de começar a espraiar-me, duas informações;

1 – Abaixo, em itálico, reproduzo (incluindo a cor vermelha)  um dos títulos em destaque  na primeira página do DN de hoje.

2 – Não li o artigo em causa, mas acho importante deixar o alerta.

Médicos alertam fim da máscara vai trazer mais gripes, infecções respiratórias e alergias. Aquilo que serviu de barreira contra a covid também evitou a transmissão de outras doenças, que agora deverão voltar ao normal. Nos meses frios de ano passado quase não houve gripes, mas no último inverno antes da pandemia matou mais de 3 mil pessoas.”

Espraiemo-nos então.

Sou asmático desde criança e ouvi, ao longo da minha vida, milhentas opiniões médicas sobre a postura que devia adoptar, para além da medicação que me era prescrita, para evitar ataques de asma.

A que mais gostava era que devia sair de Sintra, a humidade, o frio eram péssimos para a minha saúde. A outra que detestava ouvir , (porque a minha mãe acompanhava-me, obviamente, às consultas porque ser uma criança) era que devia andar sempre muito bem agasalhado no inverno, pelo que, embora magríssimo, parecia o boneco da Michelin tal a quantidade de roupa que envergava.

Ambas as doutas opinoões eram erradas ou então a minha asma é negacionista dos saberes das ciências médico-científicas.

A verdade é que os meus pais me levavam para a outra margem, onde moravam os meus tios era mais quentinho. Assim que lá chegava, tinha logo um ataque de asma. Quando me libertei da tirania da mãe, no que se refere ao vestuário, mesmo em Sintra e com frio, os ataques de asma eram raros,  porque usava pouca roupa, muito menos do que a aconselhada pelos médicos.

E ainda cá estou, mais de 50 anos depois, sem asma e sempre a viver em Sintra com o frio, chuva, muita humidade e nevoeiro.

Ora ao longo da minha vida, fui sempre ouvindo os médicos referir que era uma mariquice não ir trabalhar constipado ou até mesmo com gripe e, até ao meu empregador ou a outros, não se podia dizer que ficávamos em casa por causa de uma gripezinha (onde é que já ouvi isto).

O que nunca ouvi de qualquer médico, antes da pandemia, foi aconselhar os seus pacientes para usar máscara nos transportes, no trabalho, no café ou restaurante, quando, para não serem maricas, iam trabalhar com gripe.

Daí que este alerta, mal amanhado pelos médicos ou mal noticiado pelos jornalistas, que muitas vezes com a mentira também me enganam, me pareça, peço desculpa aos médicos, uma forma de se porem em bicos de pés e dizer, que eles é que são os presidentes da Junta (médica).

 

20
Ago21

Já fui árvore e árvore ainda sou


Vagueando

P7280473.JPG

Não nasci assim, torta. Entortaram-me.

Não nasci assim seca, secaram-me.

Não era deste tamanho, cresci.

Não fui como estou, mas agora sou.

Não era daqui, viajei para cá.

Não era árvore, era semente.

Já não sou senciente, nem doente, nem sequer estou dormente, morri, não sendo gente. Morri, pasme-se de pé, assim, como me ainda vê, depois de muito retorcida pelo vento.

Estou morta, na paisagem tratam-me por resistente.

Estou sem vida como se vê, dou vivas à vida que me vê.

Sou um peso morto, apoio o peso da vida de outras espécies que se agarram a mim, como se eu, morta, fosse a sua tábua de salvação.

Sou abraçada por caminhantes, que não se podem agora abraçar, fotografada por curiosidade, quiçá por me acharem bela, observada por muitos, idolatrada por paisagistas, pintada por artistas, que me chamam natureza morta.

Já não sinto o vento a retorcer-me nem abanar-me, já não sinto o frio a gelar-me, nem a chuva a molhar-me, apenas percebo que sou torta, depois de morta, quem se importa!

08
Dez20

Talvez seja um Conto de Natal


Vagueando

Aqui vos conto o conto possível deste Natal, contando que seja a primeira e última vez que passo por esta pandémica celebração de Natal.

O ano passado, andava eu a vaguear num conto de Natal (1) pelo espaço sideral , fui obrigado a lá ficar longos meses devido ao cancelamento dos voos espaciais, motivado pela pandemia de Covid 19 que se abateu sobre a terra, mas que não chegou ao espaço.

Alguns meus companheiros estiveram na missão de reposição das estrelas nos seus devidos lugares e a reorganizar a via láctea, depois do sucesso que foi se terem unido para fazer uma gigantesca e espacial iluminação de Natal. Contudo, a mim coube-me a fava e fiquei confinado no escritório da Estacão Espacial “Christmas Lighting 2020”a programar toda logística de regresso à Terra, bem mais chato, trabalhoso, moroso e sujeito a todo o tipo de críticas, do que realinhar todas as estrelas do Universo.

Com tudo isto perdi a noção de tempo terreste.

Acabei de chegar à Terra onde, devido ao space jet lag, ainda não sei se tenho os pés bem assentes na dita.

Chego a casa e antes mesmo de entrar, passo pela minha árvore de estimação, o azevinho. Constato que está de boa saúde.

20201208_155938.jpg

Entro em casa, cumprimento a família que me recebe de braços abertos, mas com máscara na cara. A minha cadela vem de rompante, salta e deita-me ao chão.

Que seria eu sem ela?

Meio atordoado reparo na árvore de Natal montada na sala, com as luzinhas a piscar e perante o meu ar estupefacto, a minha mulher diz-me; É Natal, qual é o espanto? Bem, o espanto é que eu estava habituado a que fosse o meu azevinho a anunciar-me o Natal, que era sempre na altura em que as suas bagas ficavam vermelhas, fazendo um contraste lindíssimo com o estonteante verde das suas espinhosas folhas. Portanto, se o azevinho não tem bagas não é Natal.

Pois homem, não sei o que se passa, mas isto cá pela Terra está tudo muito estranho desde que começou esta coisa da pandemia. Está tudo triste, não podemos estar com ninguém, não podemos ver ninguém, não podemos ir comprar prendas de Natal e acho que o azevinho interiorizou este sentimento tão humano de tristeza e, vai daí, não deu bagas.

Lá na Estação Espacial íamos tendo notícias sobre o que se passava na Terra mas como não possuíamos acesso ao Whats App, Facebook, Instagram, Tik Tok, não tínhamos a percepção real do que se passava cá em baixo.

Fui de novo ter com o azevinho, não falei com ele, mas fiquei a observa-lo a tentar perceber. Seria que o tempo meteorológico não lhe correu de feição, ou terá feito mal as contas desde a última floração, terão as bagas caído ou fugido com medo? Ou se pura e simplesmente o azevinho, este ano, deu-lhe um amoque.

Não obtive resposta. Como posso celebrar o Natal se o meu azevinho se recusou a celebrar. O meu azevinho, resistente, às agruras da natureza, como o frio, o vento, a chuva, este ano, armou em grevista e disse não à produção dos seus frutos.

Daí que, não havendo Natal o que há é uma espécie de Natal, resguardo-me também e fico por aqui no conto ou nesta espécie, absurda, de conto.

No entanto, para todos, pandemia à parte, um Bom Natal e que o ano de 2021 nos restitua a liberdade e a alegria.

 

(1) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/o-meu-conto-de-natal-7583

 

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