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Generalidades

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16
Abr23

Para lá do Marão mandam os que lá estão, em Marvão deliciam-se os que lá vão.


Vagueando

 

20230322_183509.jpg

As viagens ao Alentejo são para mim, idas ao paraíso. Quando repito uma viagem, uma caminhada e encontro as mesmas paisagens, os mesmos locais, vejo tudo diferente, parece que nunca tinha estado ali.

É uma paixão o Alentejo, desde o profundo ao litoral.

 Por mais que fotografe e, em casa, com tempo, reveja as fotos, constato que a lente fotográfica mente, porque na minha mente, ficou muito mais beleza do que a fotografia captou e não acredito que seja eu a enganar-me a mim mesmo.

O Alentejo, é cor, é tranquilidade, é gente, boa gente, com quem dá gosto conversar sem pressa, é espaço em que o limite não é já ali, é no horizonte, no céu.

Aquele espaço alentejano, com pouca gente e gente sem pressa, acalma, regenera, melhora a respiração, mesmo quando a “calma” aperta e abanamos qualquer coisa para refrescar ou procuramos uma sombra para nos proteger.

Quando estou no Alentejo, estou tão leve que mesmo que houvesse por ali um espelho eu não me refletiria nele e se tirasse uma selfie, também não me veria. A lente fotográfica mente, o espelho também, a imagem é virtual e enantiomorfa. Portanto, ando pelo Alentejo, não me vejo nem ninguém me vê.

Não sei se as imagens que guardo no meu cartão de memória cerebral caberiam, se fosse possível transpô-las para algum disco externo ou agora, mais moderno, para uma qualquer nuvem.

Talvez a Natureza seja a forma de Arte mais versátil. Em constante mutação, tão lenta e tão rápida, que nos surpreende e nos deixa incrédulos, quando assistimos a um vídeo time-lapse.

São milhões de momentos fugazes que não se repetem e que jamais conseguiremos registar todos para a posterioridade e mesmo que fosse possível gravá-los, jamais conseguiríamos vê-lo na totalidade.

Resta-nos os pequenos registos de grandes momentos, como este que partilho convosco, no link abaixo, um por do Sol fresquinho em Marvão.

https://photos.app.goo.gl/9saFencQnPF3TjDP9

 

13
Out20

Mentira


Vagueando

Hoje escrevo para mentir.

Mentir, isso mesmo, dito assim, descaradamente.

Mentir a mim mesmo. Mentir como se estivesse a discutir sobre a culpa de, como peão, ter sido atropelado por mim próprio, na qualidade de automobilista.

Depois do atropelamento, desculpem, do confinamento, resolvi também mentir sobre o medo. Não do medo de sair à rua, mas do medo de respirar.

Decidir deixar de respirar não é bem como tomar a decisão do tipo, hoje vou parar de fumar e deixo de comprar tabaco. Contudo, cravo um de vez enquanto aos amigos. Até que os amigos se negam e deixo de fumar.

Isto de deixar de respirar, já me perseguia antes da pandemia, por causa dos gases com efeito de estufa (ver E no entanto, as vacas continuam a peidar-se aqui) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/e-no-entanto-as-vacas-continuam-a-11359?tc=52615441535

Até esta altura só treinava para deixar de respirar quando ia tirar uma chapa aos pulmões e o técnico dizia: Encha o peito de ar, não respira, não respira, não respira, pode respirar.

Ainda com esta ideia maluca por resolver, saí porta fora, para voltar a circular. Já na rua lembrei-me que o melhor seria respirar em modo de segurança.

(A propósito de porta https://classeaparte.blogs.sapo.pt/as-portas-15637)

Respirar em modo de segurança, consiste em fornecer aos pulmões apenas 50% do oxigénio que preciso, mas devidamente filtrado por uma máscara

Em vez de inspirar com a convicção de que o ar puro faz bem à saúde, passei a respirar, não sei se sem convicção ou se com a convicção de que respirar afinal, pode fazer muito mal à saúde.

Este tipo de respiração tem a vantagem de encaixar bem com a narrativa actual, safe and clean. Ao respirarmos menos, não só reduzimos em 50% o risco de deixar entrar o vírus e ao mesmo tempo, fica disponível mais ar limpo - ainda que possa estar “covidado”. Se está mais limpo, também estamos a contribuir para um ambiente melhor, ainda que o ambiente mental das pessoas possa, eventualmente, estar a piorar.

Para continuar a mentir deixo algumas imagens (ver link abaixo), destas minhas saídas.

https://photos.app.goo.gl/fh37ncEZcBiHnFox9

Acredito que acreditem que algumas fotos possam parecer verdadeiras. Nada mais falso porque, se forem a estes locais não vão ver nada daquilo que eu retratei.

É tudo uma questão de sorte e de respiração, inspiração, expiração, sudação e muita concentração.

Sou um mentiroso, mas agora a sério.

Estamos todos a precisar, agora que vem aí o Inverno, de calor humano, de voltarmos as estar juntos, onde quer que estejamos.

Só estou preocupado com uma coisa. Andam para aí a dizer que uma mentira contada muitas vezes passa a ser verdade, pelo que já estou baralhado e sem saber se falei verdade ou se contei uma mentira.

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