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Generalidades

Generalidades

16
Nov23

Carro Cancela


Vagueando

Desafio IMSilva 1 foto 1 texto

 

Recentemente começaram a circular nas estradas portuguesas veículos cuja iluminação traseira é uma tira vermelha que ocupa toda a traseira do veículo, ou seja, em vez de dois farolins vermelhos, existe uma linha vermelha que liga uma ponta do carro à outra.

Deixou-se assim de ter a noção direita e esquerda e fácilmente se confunde a traseira de um destes carros com uma cancela, por exemplo com as usadas nos parques de estacionamento. 

Numa estrada sem qualquer tipo de iluminação, ao vermos um carro destes à distância a primeira reação é de que temos uma barreira à nossa frente.

Discordo completamente desta nova forma de iluminação que pode ser muito bonita e atrativa, mas que não me parece benéfica em termos de segurança, pelo que não concordo que tenha sido homologada.

Propositadamente colei numa mesma foto uma cancela e a traseira de um destes veículos, basta imaginarem o que veriam à distência, numa estrada onda não exista ilumiação pública. 

Carro cancela.png

 

12
Set23

Divagações sobre a "mula"


Vagueando

No meu tempo de infância habituei-me a ver crescer uma mula, que o meu avô comprou muito jovem e que mais tarde usava para lavrar e para puxar uma carroça algarvia, que na época eram lindas e um luxo. A mula era linda, esbelta, mansa, meiga, parecia um cão a segui-lo por todo o lado e o meu avô tratava-a como uma princesa.

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Carroça algarvia

Não seguia mais ninguém, só obedecia ao meu avô.

Uma vez seguia com ele, montados na mula e parámos na taberna para tomar uma bebida. A mula obviamente ficou à porta e solta. Na brincadeira, um conhecido tentou leva-la para a esconder mas não conseguiu.

Nesta altura também me habituei a ouvir a canção A Mula da Cooperativa, cantada por Max e recentemente, por António Zambujo num espetáculo a homenagear  este cantor. Contou ele que durante uma destas homenagens espetáculo, alguém na plateia, gritava com frequência, “Canta a Mula, canta a Mula….

E lá cantou a Mula.

Nos meus tempos de juventude a atirar para o adulto quando passava uma mulher jeitosa, agora já não se pode mandar piropos, dizíamos “ganda mula”. Também por esta altura ouvia-se muito a expressão “doutores da mula ruça” para designar pessoas que davam ares de importante quando não o eram.

Nos meus tempos de adulto em início de carreira profissional, cometi a maior gafe da minha vida, que ainda hoje me amargura, isto tudo por causa da “mula”.

A palavra mula fazia parte do vocabulário da empresa. Naquela altura trabalhava-se com muita documentação em papel e muito desse papel era transportado de mota que fazia o chamado serviço expresso. Ora essa documentação tinha que chegar todos os dias de manhã cedo, sob pena de não se conseguir trata-la até às 12h, o que acarretava consequências graves para a empresa e para os seus clientes.

O chefe, cabelos brancos, sempre de cigarro na boca e quase sempre com outro acesso no cinzeiro, conseguia transformar um espaço amplo onde trabalhavam cerca de 60 pessoas, num espaço pequeno para tanto fumo. Em abono da verdade, quase todos e todas (ainda não havia todes) fumavam.

Num dia chuvoso, entra o chefe por ali adentro, obviamente de cigarro na boca, onde eu e mais uns colegas aguardávamos a chegada da documentação para começarmos a trabalhar e diz; Estamos tramados (imaginam a outra expressão que o começa com “f”) o mula expresso (referindo-se o pobre estafeta) estampou-se no Campo Grande e a documentação espalhou-se toda pela estrada.

Deu-me vontade de rir chamar ao estafeta o mula expresso, mas passou-me a vontade quando descobri o trabalho extra que iríamos ter para recuperar aquele dia.

Percebem agora a razão por que é que a palavra mula fazia parte do vocabulário da empresa e este incidente, acabou por me inspirar a escrever um post, em Dezembro de 2019 a que chamei o Mula Expresso.

Para terminar só falta falar da gafe. Num final de dia, a empresa já tinha encerrado o atendimento ao público.

O meu posto de trabalho era ao lado de um colega que durante quase todo o dia andava na rua a angariar e visitar clientes, pelo que não tinha muita confiança com ele, até porque estava na empresa há menos de 3 meses. Tocam à campainha, foram abrir a porta e entra uma mulher linda, alta, super elegante que sentou num dos sofás destinados ao público.

Não resisti e atirei ao meu colega, já viste a ganda mula que acabou de entrar? A resposta do meu colega foi educada, acompanhada de um sorriso - É a minha mulher!

08
Set23

Sem eira nem beira

1 foto 1 texto desafio IMSilva


Vagueando

 

20230903_134407.jpg

A foto de hoje no âmbito do desafio 1foto 1 texto de IMSilva  , inspira-se numa série de placas informativas que encontrei no Algarve, à beira da estrada.

Para que não ande por aí como uma Eira Pelada, ou seja, deslavado e nu é só seguir até Faz-Fato e depois deste feito (na medida em que lhe fizeram o fato e não como um acontecimento extraordinário) de certeza que tão Bemparece.

Aproveite a nova fatiota,  siga até Ebros e descubra se as gentes de lá apreciam o traje e confirmam se bem parece, ou não.

 

27
Abr23

A Descentralização


Vagueando

O título acima pouco me importa do ponto de vista político, não me interesso nada sobre pormenores da discussão em torno se a devíamos ou não adota-la. Contudo, questiono-me se por mero acaso já a tivéssemos adotado, a situação que vou descrever estaria resolvida.

Trata-se do cruzamento na EN125, que permite a ligação entre a Praia Verde e Castro Marim.

O que não falta na EN 125 são rotundas. Existem para todos os gostos, algumas que nem redondas são, algumas estão ajardinadas, decoradas, cheias de painéis publicitários, e outras que nem sequer deviam de existir porque que não cumprem as regras mínimas estabelecidas para a sua construção.

Quem sai da A22 em Cacela Velha entra na N125 numa rotunda junto ao Restaurante o Infante. Se decidir seguir por esta estrada até à entrada de Vila Real de Stº António é obrigado a passar pelo referido cruzamento da Praia Verde e depois encontra mais sete rotundas.

Num percurso de 6,5 km encontra uma rotunda (umas são mini rotundas ou melhor dito, rotundas mal amanhadas) por cada 900 metros de estrada. Nestes 6,5 km o único cruzamento que não foi transformado em rotunda, mas tem espaço em abundância para a fazer é o da Praia Verde/Castro Marim.

É difícil entender porque não se construiu ainda neste local uma rotunda, o fluxo de trânsito, em especial no Verão assim o justifica. E ainda é mais difícil entender como este cruzamento está, há vários anos de forma provisoria, tão mal sinalizado com vários plásticos brancos e vermelhos e com um piso tão degradado que não permite o uso das faixas de aceleração e de desaceleração, as quais ajudariam o trânsito a escoar de forma muito mais rápida e muito menos perigosa, reduzindo assim o risco de acidente.

Esta inação paga-se com acidentes, mortes e feridos. Hoje, dia 27 foi mais um, com a agravante de se ter dado com um veículo da GNR que supostamente conhece bem o local, ver link abaixo.

https://www.algarveprimeiro.com/d/mais-um-acidente-grave-no-cruzamento-da-praia-verde-militares-da-gnr-envolvidos/50440-83

Não seria possível, uma vez que parecem existir desentendimentos, entre as entidades que já deveriam ter feito a rotunda, no mínimo sinalizar devidamente este cruzamento, dotando-o de pinturas decentes e bem visíveis no pavimento, melhorando o piso nas faixas de aceleração e desaceleração?

Existe Poder Local, existe a Infraestruturas de Portugal, existe a subconcessão da Rodovias Algarve Litoral (RAL), será necessário Descentralizar para resolver de vez este assunto?

16
Jun21

O peão e o veículo rápido


Vagueando

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Gosto de velharias, nomeadamente livros. Há uns dias, descobri um pequeno folheto apresentado pela Companhia de Seguros Tranquilidade, companhia fundada em 1871.

O folheto tinha como objetivo alertar para os perigos das ruas e das estradas, foi lançado em 1941, o presidente do Conselho de Administração era o Dr José Ribeiro Santo Silva e a companhia apresentava os seguintes rácios financeiros: Capital e Reservas Esc. 26.000.000$00 Receita total em 1941 Esc.41.000.000$00 Sinistros pagos em 1941 Esc. 11.600.000$00.

A informação vertida na contracapa terminava com esta nota “Se os pagamentos tivessem sido igualmente divididos por todos dos dias do ano, teríamos pago diariamente 32.000$00 escudos.”

Contudo, para além destas curiosidades, gostei particularmente de um pequeno trecho onde se aborda a questão dos atropelamentos de peões, cuja descrição é tão simples e objectiva que não resisto a transcrevê-lo na integra, com ortografia usada na altura.

Podemos dividir os atropelamentos em duas espécies, a saber: os ocorridos na faixa de rolagem, isto é no espaço da rua reservada aos veículos; e aquêles que acontecem sôbre os passeio das ruas ou bermas das estradas por onde só devem transitar peões.

Ao atravessar uma rua há sempre que ter presente que nos é mais fácil ver conscientemente o veículo, que se aproxima, do que sermos vistos pelo seu condutor. Isto explica-se, porque o campo de visão do condutor se acha limitado geralmente pelo para-brisa; porque os peões são quási sempre mais numerosos do que os veículos e porque êstes últimos, maiores do que aqueles, prendem mais a atenção.

Além disso, enquanto peão tem de livrar-se de um veículo de cada vez e cujo sentido de movimento quási sempre também conhece – o condutor, por seu lado, tem de haver-se com vários peões ao mesmo tempo que podem mudar a direcção em que se movem com muito mais facilidade do que qualquer veículo.

Dêste estado de coisas provém que um condutor,p ara se desviar de um transeunte completamente distraído, pode ir, por exemplo, colher outro mais prudente que já tenha tido o cuidado de se conservar na borda do passeio.

O pavimento por onde transitam os veículos deve ser considerado por todos os peões como «terra de ninguém». Pôr os pés nas faixas de rolagem das ruas e das estradas com muito trânsito, só para as atravessar mais ràpidamente possível, depois de haver a certeza de que se não aproxima qualquer veículo.

Ora se devemos atravessar as ruas e as estradas com cautela, o mesmo se observará quando se trate da via férrea, tendo, porém, aqui sempre presente que o vento que sopra em sentido oposto ao de um comboio que se aproxima o torna silencioso – e que além disso êste não para com a facilidade de um carro eléctrico ou camião.

Nota para os mais distraídos; Entenda-se carro eléctrico como os elétricos da Carris, os amarelos, para não se confundir com os atuais carros elétricos.

14
Nov20

Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada


Vagueando

Domingo, 15 de Novembro, dia mundial em memória das vítimas na Estrada.

Numa altura em que se fala de mortes todos os dias, por causa de uma pandemia, à qual não podemos fugir e sobre a qual toda a gente opina como se tivesse uma receita comprovada ao longo do tempo, para evitar a contaminação, pouca gente se interessa sobre estas mortes, embora a sinistralidade rodoviária seja estuda há muito tempo.

Não faz parte, das redes sociais, não faz parte das notícias diárias a não ser para anunciar, com histeria, algum acidente mais grave. Esta mortes não interessam às televisões nem aos jornais da especialidade embora, estes dois últimos meios de comunicação tenham programas e tiragens semanais sobre o desporto automóvel, sobre novos carros, sobre carros clássicos, mas nada, com a mesma intensidade e destaque, sobre como conduzir em segurança.

Cada vez que se fala de acidentes, destaca-se a velocidade excessiva ou acima dos limites legais, como a causa. Contudo, a velocidade excessiva ou acima dos limites legais, nem sempre são a causa, contribuem decisivamente, para um agravamento das consequências.

Ao assinalar-se este dia, destacando-se as 6.880 vítimas mortais, nos últimos 10 anos devido a acidentes na estrada, não se fugiu à regra. A PSP referiu que uma das principais causas da sinistralidade rodoviária é a velocidade excessiva, altamente potenciadora de ferimentos e danos graves.

A sinistralidade rodoviária nem sempre decorre da velocidade excessiva mas potencia a possibilidade de ocorrência de ferimentos e danos graves.

E, neste sentido, vejo muitos controlos de velocidade, gasta-se muitos fundos na aquisição de dispositivos de controlo de velocidade e frequentemente ouve-se nas rádios e televisões a necessidade de intensificar a fiscalização do controlo da velocidade em locais propensos a acidentes de viação.

A primeira coisa que faz sentido é perceber a razão pela qual num determinado local ocorrem mais acidentes e, não se pode concluir que decorrem só porque circula em excesso de velocidade, porque, se isso acontece é porque a via está mal desenhada, não está devidamente sinalizada, não tem condições para suportar todo o tráfego que nela circula, serve de trânsito a peões sem condições adequadas para os mesmos circularem, é usada para estacionamento que reduz a faixa de rodagem, etc.

Já não é a primeira vez que vejo, em zonas industriais, veículos pesados a fazer cargas e descargas nas vias de acesso, algumas com duas faixas de rodagem, sendo que uma delas fica ocupada com estas operações. Como é possível, nos dias de hoje, projetar-se zonas industriais onde as empresas residentes , não dispõem de espaço para que as suas mercadorias possam ser carregadas dentro das suas instalações?

Por outro lado, cada vez mais se descura infrações frequentemente cometidas, por exemplo não sinalizar as mudanças de direção, que provocam acidentes e constrangimentos importantes na fluidez do tráfego.

Quem nunca ficou à espera num entroncamento ou rotunda, bastante movimentada, para entrar numa via e, alguém resolve sair dela sem sinalizar essa manobra, deixando-nos desesperados, porque perdemos uma oportunidade de entrar. Alguém tem uma ideia da dimensão dos engarrafamentos que provoca com este comportamento?

Outra coisa que não percebo é que quando há nevoeiro, não há autoridades nas estradas e são muitos os automobilistas que insistem em circular de luzes desligadas nestas condições, sendo certo que ocorrem, frequentemente, acidentes nestas condições alguns de gravidade elevada.

 Porque os acidentes mais graves não são reconstituídos nas Televisões de modo a explicar o que o provocou, e que medidas podiam ter evitado esse acidente. Na National Geographic, analisa-se os acidentes aéreos e explica-se o que correu mal e o que foi feito para que o acidente não se repita.

Será assim tão difícil as marcas, as televisões, as seguradoras, as autoridades, os jornais da especialidade, os pilotos do desporto automóvel, unirem-se e arranjar fundos para colocar no ar um programa semanal sobre segurança na condução, passar exemplos de transgressões, de más condutas, de reconstituição de acidentes, para servir de exemplo e de modelo para que tal não se repetisse?

Deixo aqui a minha sugestão.

10
Jul20

Mais de 1km


Vagueando

A Geometria diz-nos que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha recta.

Os portugueses são ases da estrada mas não muito dedicados às ciências exactas. Os peões escolhem o risco, usando o conceito da distância mais curta para atravessar a estrada, ainda que muitas vezes essa linha recta seja uma diagonal à mesma, do que a segurança, procurando uma passadeira de peões.

Animado por ter escrito um post com o título “Menos de 1km”, achei que era capaz de fazer uma distância maior, não necessariamente a pé. Daí que me tenha feito à estrada e a primeira paragem foi feita no local da foto.

20200707_150522.jpg

Esta recta, representa a menor distância entre o local onde estou até onde a vista alcança e tem muito mais que 1km.

Neste sentido, podia ficar por aqui e não me maçar mais, nem maçar mais quem, eventualmente, tenha tido a pachorra de ler até aqui.

Decido continuar, espero que o leitor também, para informar que de onde a vista alcança até à minha residência são à volta de 100km e do local onde me encontro até ao local de destino são cerca de 25km. Falta calcular a distância (a tal mais curta) entre onde estou e onde a vista alcança, que não sei nem quero saber, porque parei aqui para contemplar tudo e perdi-me na medição, por causa da meditação.

A tranquilidade, a sombra, a estrada que pouca gente usa, a calma, a nostalgia de outros tempos, com outros carros nos anos 70 e 80 e com outras gentes.

Ah, e a cor dos sobreiros, acabados de ser descascados. Que cor, que impacto visual.

O que não sabia sobre os sobreiros é que se trata de uma árvore, classificada como nacional desde 2012. A primeira casca só está pronta a ser retirada 25 anos depois da árvore ter nascido. Esta primeira casca (cortiça) dá pelo nome de cortiça virgem e este primeiro descortiçamento dá pelo nome de desboia. Nove anos depois retira-se nova cortiça, a que se chama secundeira. É preciso esperar mais 9 anos para se retirar nova cortiça a amadia. A partir daqui retira-se cortiça de 9 em 9 anos.

Cada sobreiro vive em média 150 a 200 anos, o que quer dizer que pode ser retirada cortiça cerca de 15 vezes.

No mundo de hoje onde a rapidez é tudo, é notável.

Já se produz uva sem grainha, qualquer dia acelerarse o sobreiro.

Deixemos os sobreiros e passemos às Sobreiras. Não, não é a esposa do sobreiro, mas sim uma espécie de sobreiro, um sobreiro muito grande ou muito velho. Não sabia mas está no dicionário.

Vou falar do Sobreiras Alentejo Country Hotel, não para fazer publicidade, que não é essa a minha intenção, também não sou influencer, nem ninguém me pediu para deixar like no Facebook ou fazer um comentário positivo, mas porque; 

  • Foi a primeira saída digna desse nome, desde 11 de Março, altura em que fomos forçados a hibernar dentro do casulo. • Gosto do Alentejo.
  • Gosto deste tipo de alojamentos e, normalmente evito as grandes aglomerações de pessoas, mesmo de férias.
  • Achei que a ligação dos sobreiros da foto com o Sobreiras fazia sentido.
  • Uma vez que falei do hotel, seria injusto, não falar da experiência e não vos deixasse, como gosto, um link com fotos.

O hotel está muito bem organizado nesta fase “Covid” até me custa escrever este nome. Os serviços estão bem organizados para não juntar muitos hóspedes ao Pequeno Almoço ou ao jantar de modo a que todos permaneçam a uma distância segura e é distribuído um folheto com as normas protecção que os hóspedes têm de cumprir.

A zona da piscina tem muito espaço e nota-se muito cuidado com a desinfeção.

Mantem-se o Buffet em funcionamento, quer ao pequeno-almoço quer ao jantar, mas a comida é servida pelos colaboradores do hotel. Não gosto, mas é assim e aceito.

Nota-se a limpeza nos quartos que possuem o piso em cortiça, convida a que se ande descalço.

A decoração, quer dos quartos, quer das áreas comuns é feita de forma minimalista mas muito agradável à vista, havendo bastante espaço para circular.

O enquadramento deste hotel na paisagem é perfeito.

Não gostei apenas de dois detalhes;

O primeiro - O acesso a alguns quartos obriga a passar por degraus que me pareceram desnecessários, podiam ser substituídos por pequenas rampas, facilitando não só o acesso com malas de rodas como eventuais cadeiras de rodas. Por outro lado o acesso do parque de estacionamento a alguns dos quartos também é feito por pequenos passeios de pedra solta o que não facilita o arrastar de malas.

O segundo -Tem a ver com a inexistência de sombra no estacionamento. O local no Verão é bastante quente, quando cheguei estava 40 graus, pelo que a sombra era bem vinda. O parque é pequeno, porque o hotel também é pequeno, pelo que não seria complicado nem dispendioso sombrear a área.

Não espero que me sigam, mas espero que pelo menos uma vez sigam atá ao Sobreiras e, de preferência, passem pelos sobreiros da foto, parem e contemplem.

Aqui fica o link para as fotos

https://photos.app.goo.gl/GrDE35E3EWhGimnJ7

Se encontrarem, por acaso, um cão nas fotos, lembrem-se que neste hotel são aceites.

01
Jan20

Escrever no primeiro dia do ano


Vagueando

Rua.jpg

 

Ainda ontem, mais precisamente o ano passado, estava queixar-me da falta de gana e de inspiração para escrever e aqui estou de novo, no primeiro dia de 2020 a escrever, com tanta gana que o teclado está quase a ceder á fúria e à força dos meus dedos e cheio de inspiração, julgo eu.

Mas quem sou eu para avaliar os meus dotes inspirativos? Bom não sou ninguém, estou apenas a fazer um exercício de auto avaliação que, como se sabe, está muito em voga pelo mundo. Para se poupar nos custos, agora são empresas que se auto avaliam e remetem os resultados aos respectivos reguladores. Neste sentido, não estou a inovar absolutamente nada, apenas e só, a seguir as tendências actuais e as melhores práticas.

Então, perguntar-me-ão o que há de novo para partilhar? Nada de interessante.

Nunca fui dado a excessos, sendo que muitas vezes nas épocas festivas ingiro normalmente menos calorias e bebo menos que no dia a dia. Ver muita comida deixa-me sem fome. Daí que não estou de ressaca a seguir às épocas festivas.

Assim saio bem cedo de casa e tenho todo o espaço, aprecio a falta de trânsito, a falta de pessoas, o silêncio e a tranquilidade que as ruas oferecem. É fascinante, em espacial num dia bom como é caso de hoje,- ver a luz a entrar pelas ruas, completamente despovoadas de gente e de carros.

Quando começou a moda de se criar um dia sem carros, nunca funcionou. Os verdadeiros dias sem carros são dias como o de hoje, de manhã, bem cedo. Logo a partir do meio do dia tudo volta à confusão, gente na fila para almoçar, nunca percebi este tipo de motivação, começar o ano, com stress e confusão, comer mal e caro, estar de pé á espera por uma mesa, apanhar trânsito com fartura junto aos restaurantes, assistir às primeiras asneiras na condução, que não são mais que a repetição dos constantes atropelos, exibidos ao longo do ano passado ao Código da Estrada, contribuindo para as negras estatísticas de sinistralidade rodoviária.

E pronto, Bom Ano.

02
Jul19

Estrada Nacional 2, Reviver o passado, viver o presente ou visualizar o futuro?


Vagueando

 

Preservatrice.jpg

Quem nunca sonhou visitar o passado ou o futuro, ainda que esteja ciente que, nem a realidade virtual nos pode transportar, fisicamente, até lá?

O desafio de fazer a N2 consistiu, nem mais, nem menos, em viajar no passado, com os pés, neste caso também com os pneus, assentes no presente. Antes de levar a cabo a preparação da viagem, peguei em dois mapas antigos, um do ACP de 1949 e outro da Preservatrice, cujo ano não consegui ainda verificar. No entanto, creio ser anterior a 1949 por causa de uma ponte, a de Totenique, sobre a ribeira com o mesmo nome, construída em 1949, que permitiu a ligação entre a povoação e estação de caminho de ferro de Luzianes a Monchique e a Portimão, através da N266, ainda não estava referenciada no mesmo. Só de olhar para os mapas, tendo nascido em 1957, conduzindo desde 1975, tenho bem a noção do que era circular por aquelas estradas.

Voltar a fazer um percurso tão longo por estrada, neste caso a N2, parecia-me um desafio, porque já não me lembro há quantos anos, não percorria uma distância tão grande apenas em estrada.

Quem já não é jovem lembra-se que em Portugal, antes da Revolução de Abril, existiam apenas dois pequenos troços de Auto Estrada; Um entre Lisboa e Vila Franca de Xira e outro entre Lisboa e Coina, aberto já mais tarde com a inauguração da Ponte de 25 de Abril em 6 de Agosto de 1966. O resto eram estradas nacionais, muitas delas de má qualidade.

As Estradas Nacionais eram a forma mais rápida, de se circular entre cidades. A maioria dos carros à época eram muito mais lentos, não tinham cintos de segurança, o habitáculo era invadido por cheiro a óleo ou a gasolina e os travões eram de tambor às 4 rodas, sem servo freio. Com esta panóplia de extras e gadgets, fazer uma ultrapassagem ou contornar uma serra, eram um teste à paciência e ao sangue frio de cada condutor, ou porque o motor fingia que acelerava, mas apenas deitava mais fumo ou porque os travões fingiam que travavam, mas apenas abrandavam.

A N2, outrora sob a jurisdição da antiga Junta Autónoma das Estradas e dos seus abnegados cantoneiros, depende agora das Infraestruturas de Portugal e/ou das autarquias, que menosprezam mais estas vias do que as rotundas dentro das suas localidades. Por outro lado atravessar 11 distritos, 35 concelhos, 11 cidades e muitas mais localidades e pequenas aldeias, bem como atravessar serras como a Lousã, Melriça, Monfurado, Montemuro (onde a N2 atinge a sua altura máxima 980 m na povoação de Bigorne) e Caldeirão , bem como cruzar rios, o Douro, o Varosa, o Balsemão o Paiva o Vouga, o Dão, o Mondego, o Alva o Ceira, o Zézere e o Tejo, para além de várias ribeiras, riachos e curso de água, passar ainda por desníveis acentuados e tornear milhares de curvas, parecia uma tarefa surrealista.

Temos uma certa tendência revivalista e talvez até ser do contra a modernidade nalgumas situações. Um bom exemplo é o da comida. Depois de anos a desdenhar da comida caseira, quer por falta de sabor, quer por ser lenta e trabalhosa, virámo-nos para a fast food. Contudo, começou agora o movimento contrário, o gourmet, que, por exemplo, no caso dos enchidos, dos queijos, do pão e até de alguns pratos, é, nem mais nem menos, a comida que eu tinha à disposição na casa dos meus avós, a preço muito mais contidos, sem publicidade ou tiques de novo riquismo.

Este desafio de regresso ao passado só era diferente apenas porque o carro era mais moderno, seguro e confortável, mas o condutor muito mais velho. Será que uma coisa compensava a outra ou a idade descompensava a segurança oferecida pelo carro? A N2 criou-me expectativas enormes e receios ainda maiores.

Os preparativos para a viagem foram feitos tendo por base a Edição 100 (2019) do mapa do ACP e do livro “ A Mítica Estrada Nacional 2” edição de 2016 da Motorpress. Olhando para o mapa actual é difícil não vislumbrar pelo menos uma autoestrada ou uma via rápida, que não siga na direção dos principais pontos cardeais da rosa dos ventos.

Com tantas e tão boas vias rápidas até parecia um absurdo fazer um percurso tão longo, exclusivamente por estrada. É que num mundo cada vez mais acelerado a escolha vai sempre para a via rápida mais perto de si, que ligue com a via via rápida mais perto do seu destino.

A velocidade a que gira o mundo, tirando as discussões científicas, sempre foi a mesma, mas parece que toda a gente, mesmo de férias ou aos fins-de-semana, está sempre com pressa para ir para ….sei lá eu! . A velocidade dos acontecimentos é que deixou de ser medida pelos critérios antigos, baixa, média ou alta, exige-se apenas que seja verdadeiramente estonteante.

Curioso, mas não há multas para o excesso de velocidade dos acontecimentos e das pessoas, exepto quando entram num transporte terreste. Também não deixa de ser absurdo que se fabriquem carros cada vez melhores, mais seguros, quer activa, quer passivamente, com velocidades limitadas pelos próprios fabricantes e que as estradas, também elas cada vez melhores nos imponham limites de velocidade.

Não deixo de reconhecer, às vias rápidas, importância para combater o isolamento, fomentar o crescimento económico e o indispensável turismo, quer o que apela para fazermos férias cá dentro, quer o que apela aos de fora, para as fazerem também dentro do nosso pequeno retângulo à beira mar plantado.

Recapitulando. Para iniciar esta jornada usei as vias rápidas, para chegar ao ponto de partida. Foram 531 km, de Sintra a Chaves em cerca de 5h e 55 m, respeitando as regras de trânsito, mesmo os tais limites de velocidade, mais as que o bom senso e o civismo aconselham, para que a rapidez não se faça com prejuízo da nossa segurança e dos demais utentes da via. Infelizmente apenas o factor humano, com a sua maior ou menor apetência para conduzir e com a sua maior ou menor capacidade para perceber o risco e interpretar as regras do Código da Estrada, impedem que se explore toda a rapidez e segurança que é possível obter num carro actual, numa auto estrada.

Antes de chegar a Chaves, não larguei a A24, saí só em Espanha (coisa que nos anos 60 e 70, não era uma tarefa assim tão fácil e descontraída) para colocar combustível, 20 cêntimos mais barato, na localidade de Feces de Abaixo e, no regresso, já por estrada, ainda antes de entrar em Chaves vejo o primeiro sinal a indicar, Chaves N2.

Não vou destacar nenhum ponto da viagem, porque isso faz parte das memórias e fotos que guardei, mas gostaria de deixar aqui algumas notas do que foi voltar a fazer 738,5Km em estrada, sem recurso a vias rápidas, excepto num pequeno troço do IP3 porque a Barragem da Aguieira afundou a N2, na ligação entre o Distrito de Viseu e o Distrito de Coimbra.

Pois bem, foi uma experiência muito agradável ao constatar que a Estrada Nacional 2, está muito bem conservada (estou a comparar com o que encontrava no anos 70, quer nesta estrada quer noutras) está razoavelmente bem sinalizada e marcada e à parte de ter muitas rotundas (coisa raríssima no passado) ao longo do seu trajecto, não perdeu o seu encanto nem a sua mística.

Ao longo da N2, encontra-se de tudo; cidades, aldeias, vilas, lugares, lugarejos, hóteis, pousadas, pensões, rotundas, cruzamentos, entroncamentos, gentes, restaurantes, cafés, postos de combustíveis, oficinas, paisagens de todo o tipo, pontes gigantescas, agora designadas por obras de arte, uma espécie de deserto, serras, rios, praias fluviais e com mar a sério, floresta, jardins, comboios, mamarrachos, monumentos, igrejas, encanto, desencanto, memórias, histórias, paisagens de toda a espécie, sinais de pobreza, sinais de riqueza e de desenvolvimento, sinais da voragem, dos tempos, frio, calor, sol, chuva, vento, brisa, terrenos cuidados e ao abandono, o malfadado eucalipto, ali mesmo na beira da estrada plantado, à espera que o próximo incêndio deixe tudo arrasado. Ainda assistimos à transformação da N2 em Regional (R2) despromoção que não me pareceu justa e ainda podemos encontrar duas N2, paralelas entre Vila de Rei e Abrantes, a saber; •

 * Uma N2, mais antiga, daí existirem marcos com a designação de Antiga N2 em vez de simplesmente N2, que passa na Praia Fluvial de Penedo Furado, local com a particularidade de ficar na extrema do Distrito de Castelo Branco com o distrito de Santarém. Foi esta a estrada que optámos por fazer •

 *Outra, mais moderna que segue um trajecto mais a nascente e que passa próximo de Sardoal.

Conduzir nesta estrada revelou-se agradável, talvez porque muito do trânsito (se calhar não tanto como seria desejável pelo preço das portagens) foi desviado para as vias rápidas. Voltar à estrada faz-nos reaprender a conduzir, obriga a mais atenção e muito mais acção, não provoca tanta sonolência e a paisagem é muito mais variada. Ao mesmo tempo, porque paramos com mais frequência, tira-se uma foto, relaxa-se e minimizamos o cansaço.

Os automobilistas portugueses sempre se queixaram da má sinalização das estradas nacionais.

Ao longo destes 738 km fui reparando que nos locais onde a estrada estava bem sinalizada, quer do ponto de vista da sinalização vertical, quer das pinturas no pavimento, esta era desrespeitada com muita facilidade. Até dentro de localidades, com limite de velocidade de 50Km/h com traço contínuo bem visível, fui ultrapassado. Por outro lado, em zonas onde a sinalização era mais fraca, o tipo de condução não variava muito, pelo que conclui que a maioria dos condutores, pura e simplesmente, ignora a sinalização e conduz à vista, com base na intuição que julga ser a correcta, a sua, obviamente! Sempre é um bocadinho melhor conduzir à vista do que com a vista no telemóvel ou com ele à vista, o que suponho que acontecia nos casos em que me deparei com veículos fora de mão, aos quais tive que buzinar fortemente e fazer sinais de luzes, para evitar males maiores.

O regresso de Faro a Sintra foi feito por estrada até Beja, apanhando a A2 até casa, no nó de acesso a esta cidade. O objectivo de fazer a N2, como um regresso nostálgico às estradas, foi cumprido. Contudo, há muito mais para ver e explorar em redor da N2, história, cultura, natureza, gastronomia, pelo que fiquei com vontade de repetir o percurso de forma mais demorada. Iniciei a viagem na Primavera, a 16 de Junho e cheguei a Faro no Verão, a 21 de Junho.

Percorri 2.119 km, sendo que 531 Km correspondem à ligação Sintra Chaves e 388 Km à ligação Faro, Alcoutim, Beja, Sintra. Na N2 foram percorridos 1200 km, ou seja 738,5km para percorrer a estrada e o remanescente 461,5km nas voltinhas à sua volta. Parecia que não havia volta a dar, mas tal como no mar, há ir e voltar, aqui também foi ir explorar e voltar à N2.

Posso concluir que as expectativas ficaram muito acima do esperado e os receios eram, felizmente, totalmente infundados.

Fazer a N2 significou reviver o passado, perceber melhor o país, conviver com pessoas sem necessitar de redes sociais, ver o que fomos e o que somos, e entender que somos melhores do que pensamos.

Esta estrada foi instituída em 11 de Maio de 1945, altura em que foi publicado o Decreto Lei 34.593 com o Plano Rodoviário de 1945, com as normas de classificação das Estradas Nacionais, Municipais e Caminhos Públicos. Com este plano criou-se a N2 como a estrada mais longa do País, que pretendia ser a espinha dorsal em termos de vias de comunicação, o que tinha a sua lógica, já que atravessar o país pelo meio, seria uma forma de não privilegiar o litoral em detrimento do interior.

A grande dúvida com que fiquei foi a de que país seríamos hoje em termos demográficos, se tivéssemos apostado nesta estrada central, que até poderia ter sido uma Auto Estrada.

A N2 não era, na época, apenas uma estrada mas sim um sinal de desenvolvimento e de organização. O litoral acabou por se desenvolver à custa do despovoamento do interior e assim chegámos ao tempo actual em que a desertificação do interior é uma realidade.

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