Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Generalidades

Generalidades

15
Fev24

Teleférico de Sintra


Vagueando

Depois de muitos anos de debates, de promessas e desilusões, avanços e recuos, finalmente o teleférico de Sintra.

Estávamos em 1958, quando na Edição 1247 do Jornal de Sintra, de 19/01/1958, se anuncia que finalmente iriamos ter um teleférico em Sintra, a partir da Estação de Caminhos de Ferro.

Pois é, no meio de tantos avanços e recuos, venceram os recuos e hoje, 66 anos depois, nem teleférico, nem estacionamento decente existe em Sintra para evitar que tantos veículos entrem em Sintra diáriamente.

Esta foto, do recorte do Jornal de Sintra referido, é a minah resposta ao desafio 1foto1texto de IMSilva.

20220927_160738.jpg

 

31
Jan24

As estações do desconforto


Vagueando

 

A resposta ao desafio 1foto1texto de hoje são várias fotos para um texto.

Saio de casa bem cedo, para um compromisso de saúde previamente agendado. Chove, o vento é forte, está frio, parece que devido às depressões Irene e Juan. Entro na Estação de comboios de Sintra mas é como se continuasse na rua.

O telhado deixa passar a água da chuva como se não existisse. É normal nas estações de comboio portuguesas, não protegerem os passageiros das intempéries. Não protegem porque estão degradadas, não protegem porque a CP ou a IP se estão marimbando para os seus clientes, não protegem porque a arquitetura que as concebeu privilegiou o design ou, eventualmente o ego do arquiteto em prejuízo do conforto do passageiro, em suma é normal achar-se que o clima em Portugal é quentinho e fofinho poupando-se dinheiro(o que não é necessariamente a mesma coisa de que evitar défices nos seus balanços) de as fazer confortáveis.

Para temperar o desconforto, a instalação sonora (talvez rouca da humidade no interior desta gare) cansada de anunciar os muitos atrasos da CP - só descansa em dias de greve informa que o (meu) comboio circula com um atraso de 12 minutos. Os relógios da estação, mostram horas diferentes e ambas erradas, manias, estão ali para enfeitar e não para informar, são apenas mais uma fonte de stress.

O comboio chega, sento-me (privilégio de quem entra na primeira estação) e sai com o atraso previsto, chegando a Lisboa, acumulando mais 10 minutos de atraso. Uma viagem de 40 minutos, demora mais 22 minutos que o previsto.

A Gare do Oriente, a estação ferroviária mais moderna e recente do país é o ex-libris da beleza máxima, conforto (muito abaixo do) mínimo, o oposto da Estação do Rossio, que conseguiu juntar antiguidade, beleza e conforto, uma autêntica raridade no panorama nacional.

Entro no Metro as passadeiras rolantes, que me poderiam fazer recuperar algum tempo, estão paradas. Deduzo, não existe nenhum aviso, que a paragem se deve a uma de duas coisas;

1- Zelar pela saúde dos utentes fazendo-nos caminhar, no meu caso em ritmo acelerado para recuperar os 20 minutos de atraso.

2- Zelar pelo ambiente, menos consumo de energia - supostamente - melhor ambiente. Ora não excluindo a hipótese de estarem avariadas, mais uma vez a falta de respeito pelo utente, avisos não há, nem sobre a eventual avaria, muito menos quando estará resolvida.

Se por hipótese for uma avaria, a IP teve conhecimento mas, não estará reparada porque a empresa encarregue da manutenção não tem as peças para substituir e não as tem porque a empresa fornecedora ainda não as enviou e esta não as enviou porque o transportador falhou e este último falhou por causa de qualquer coisa que não lhe é imputável.

Afinal estamos em Portugal, é normal não se considerar necessário vir a público dar qualquer explicação, a competência deste do assunto é sempre de outro qualquer, excepto, quando, por qualquer razão ou reestruturação, levada a cabo por qualquer governo, a competência que afinal era sua, lhe é retirada.

Aí sim, aparecem a defender a sua dama, mais que não seja, defendendo que o serviço público fica posto em causa com a tal transferência de competências de A para B.

Os websites destas empresas, donas das estações, da empresas encarregues da manutenção, das empresas que forneceram os equipamentos, apresentam-nos bem embrulhadas em marketing. Estão todas certificadas com as normas xpto qualquer coisa, são mais verdes que os lagartos, estão na rota da sustentabilidade e, imaginem, lá num cantinho qualquer, existem para nos servir.

Depois destas peripécias que não o são (estou a abusar do significado da palavra) porque isto é o dia a dia, saio do Metro e entro numa zona pedonal onde nem sequer deviam circular carros, eis que uns quantos estão lá parados.

Entro no estabelecimento de saúde, privado, para fazer o tal exame, um audiograma. Ouço mal mas vejo bem, não se pode ter tudo.

O sistema está em baixo (também acontece frequentemente) às vezes até para pagar se demora mais tempo do que na consulta ou no exame. Mesmo ouvindo mal vejo as filas e o desespero de alguns com pressa para se ir embora e não deixo escapar o comentário de um utente – O sistema de cobrança do estacionamento nunca vai abaixo e eu aqui a acumular mais uma conta, a de estacionamento, para pagar a conta do hospital.

Peço desculpa mas isto não é desculpável, mesmo que sirva de desculpa para descarregar a culpa neste, no anterior, no próximo governo ou nos políticos que os integram, integraram ou venham a integrar.

A culpa nos casos que relatei morre solteira todos os dias, porque a casam sempre com o governo, com os políticos, com isto é o país que temos, quando deveriam ser estas empresas a dar cara aos utentes.

E quanto aos carros mal estacionados o cidadão comum não se defenda a dizer que isto é uma bandalheira ou que a polícia não faz nada, a solução é não estacionar em cima do passeio, ponto!

Se o Polígrafo ler este post e for fazer a verificação do conteúdo, agora está na moda o “Fact Check” em vez de concluir por Falso, Verdadeiro, Verdadeiro mas ou Pimenta na língua, vai colocar mais uma hipótese que consiste em perguntar;

Quem é este gajo?

02
Jun23

Soco da EMEL


Vagueando

Declaração de (não de interesses) mas de cidadão – Só conheço o caso da alegada agressão a um cidadão por fiscais da EMEL pelo li nos jornais.

Não posso deixar de lamentar que este(s) colaborador(es) da EMEL tenham agredido um cidadão.

A justiça nestes casos não costuma falhar nos julgamentos que faz, esperemos então por essa parte. Desejo as rápidas melhoras ao cidadão agredido.

O que me interessa agora  é o objectivo da EMEL, o cumprimento do Código da Estrada e o que se exige a estes funcionários de uma empresa municipal.

A EMEL (segundo a própria) tem como missão a gestão da mobilidade e do estacionamento em Lisboa, através da gestão e fiscalização de lugares na via pública, de parques e de Bairros Históricos. Presumo e estranho que não conste da Missão que esta gestão terá em conta as regras do Código da Estrada e a segurança do cidadão.

Considerando os pressupostos em causa, não deveriam os seus funcionários ser premiados consoante o maior ou menor número de multas que emitem. Contudo, há muito que a opinião pública vem defendendo que a meritocracia e os prémios que lhes estão associados devem ser  premiados, se atingidos os objetivos traçados, tal como se exige nas empresas privadas. A EMEL aproveita a boleia para definir objetivos quantitativos (monetariamente falando) que são o melhor dos dois mundos, arrecada-se mais receita e premeia-se quem a ajuda a obter, desvirtuando assim o necessário bom senso que deveria pautar um serviço desta natureza.

O que está em causa é a boa gestão do estacionamento no espaço público de modo a que possa ser utilizado em rotatividade, assegurando-se que estes lugares de estacionamento oferecem espaço suficiente, segurança, não causam embaraço ao trânsito e cumprem com o preconizado pelo Código da Estrada. Em 2018 abordei o assunto aqui em PPP-P

Já confrontei a EMEL com a exploração lugares de estacionamento  em contravenção com o Código da Estrada que, honra lhes seja feita, os removeram.

É incompreensível que para além dos prémios para quem emite mais multas, se deixe de fiscalizar (ou se fiscalize muito menos) os restantes espaços onde sendo proibido estacionar, se estaciona. E, pior, se estaciona, causando risco para automobilistas e peões, causando congestionamento do tráfego. Dou apenas dois exemplos; estacionamento em cima de passeios e passadeiras de peões e em segunda fila.

O zelo ou seu excesso, em multar carros aparentemente bem estacionados cuja infração é não pagar um lugar de estacionamento, parece-me bem menos grave do que o estacionamento em cima do passeio ou em segunda fila. O curioso é que até a própria EMEL estaciona as suas carrinhas com bloqueadores, em segunda fila para autuar e bloquear os tais carros bem estacionados mas que não pagaram o estacionamento.

Uma palavra final para quem estaciona mal, ao arrepio das regras do Código da Estrada e liga os quatro piscas como se isso fosse um salvo-conduto para o estacionamento abusivo. Os quatro piscas só podem ser usados em situações de emergência e não para informar terceiros que se deixou o carro mal parado, de forma consciente. Consigo entender que se fique dentro de um veículo (desde que não estorve a circulação) à espera de alguém por uns minutos, mas não consigo entender que se ligue os quatros piscas para o efeito.

Afinal estamos num país em que frequentemente se fala em caça à multa, para justificar o injustificável e também estamos no mesmo país em que nos gabamos de sermos multados fora de portas, justificando que lá é mesmo a sério, seriedade que não aceitamos, infelizmente, em Portugal.

10
Jan19

Complicar ou inovar, eis a questão.


Vagueando

Disco.jpgSinal (2).jpg

O meu primeiro carro foi um boguinhas de cor verde, conhecido por Carocha, ou seja VW 1200, matrícula GF-38 qualquer coisa. Ano de nascimento 1960, tudo muito simples, duas portas, um porta bagagens à frente, onde se encontrava também o depósito de gasolina normal, motor atrás ainda mais simples que a simplicidade do carro e nada de cintos de segurança. Apenas duas fechaduras, uma para a porta do condutor, outra para a tampa do compartimento do motor.

Tudo era fácil. No tablier só se encontravam três botões, um para o limpa vidros (só de uma velocidade, lenta por sinal) e o dos faróis, que, com duas posições, ligava os mínimos e estes mais os médios. O botão que alternava entre os médios e os máximos era um pequeno interruptor accionado pelo pé esquerdo, que estava ao lado do pedal da embraiagem. Os faróis alimentados por uma bateria de 6V, montada debaixo do banco traseiro, eram tão fracos que muitas vezes saia do carro para confirmar se estavam mesmo ligados. O terceiro botão, servia para puxar um cabo que fechava a entrada de ar no carburador e assim facilitava o arranque do motor a frio. Após o motor arrancar, esperava-se uns segundos, empurrava-se aquilo para dentro e toca a andar.

O painel de instrumentos era composto apenas e só por um velocímetro com 4 luzinhas, uma azul que indicava máximos ligados, uma vermelha que era sinal de motor quente (nunca acendeu), uma amarela que indicava problemas de carregamento da bateria e uma verde que indicava se o pisca estava a funcionar. Nada de Auto Rádio porque, para 6V, também rareavam na altura e eram caros.

Indicador do nível da gasolina nem pensar, muito menos o botãozinho mágico que liga os 4 piscas ao mesmo tempo. Nem sem como seria a vida dos portugueses sem esta grande invenção da indústria automóvel, que tanto jeito dá para largar o carro de qualquer maneira, vai-se tomar um café ou, sei lá, fumar uma cigarrada ou estaciona-se em cima do passeio ou da passadeira de peões.

O motor não precisava de água, tinha um pequeno radiador que arrefecia o óleo de lubrificação, cujo arrefecimento era assegurado com o ar que era forçado, pelo próprio motor, em direção do referido radiador.

Essas coisas de desembaciador do vidro e chauffage eram coisas assim um bocado supérfluas e esquisitas, o sistema de desembaciar o vidro da frente era mais embaciador, pelo que no meio dos bancos da frente andavam sempre umas folhas do jornal O Século para esfregar o vidro nos dias de chuva e chauffage nunca se ligava porque era necessário dar muitas voltas a uma torneira (leram bem era mesmo uma torneira) que existia ao lado do travão de mão e quando se chegava ao fim, o pouco calor que entrava no habitáculo era acompanhado de um forte cheiro a óleo.

Só falta falar dos travões, de tambor às quatro rodas, com bomba hidráulica central, que, curiosamente, já dispunham de ABS, não como o conhecem hoje mas era um ABS muito especial porque quando se travava o carro Abrandava Basicamente Solto.

Eram tempos de contas de cabeça, pois a malta como não tinha indicador de gasolina atestava o depósito e depois era só fazer as contas aos quilómetros que se conseguia percorrer sem voltar à bomba. Como também não havia contador parcial dos quilómetros ou se os memorizava ou se apontavam num papelinho ou, pura e simplesmente, ficava-se sem gasolina.

Quando se andava de cabeça perdida usava-se um ferro, que também servia para fazer subir o macaco. Colocava-se, à vertical, dentro do depósito e a parte que ficava molhada, correspondia à gasolina lá existia. Não era uma medida expressa em litros mas sim em mais ou menos.

Vem esta lenga lenga a propósito de quê? Pois bem para falar do que foi transformar as coisas simples em coisas complicadas e, pior que isso, apelidar essa transformação de inovação quando lhe deveriam, justamente, chamar, complicação.

Com o aumento do número de carros em circulação o estacionamento, em especial nas grandes cidades começou a ser um problema.

Neste sentido, para facilitar a vida a todos, dentro das cidades, criou-se umas zonas de estacionamento com duração limitada. Essas zonas eram conhecidas por “Zona Azul”.

Para se estacionar nestas zonas era obrigatório possuir um Disco de Fiscalização que eram aprovados pelas Câmaras Municipais.

O procedimento não podia ser mais simples. Quando se estacionava nesses locais, marcava-se a hora de chegada no disco e, nesse mesmo disco, ficava logo indicada a hora até à qual o estacionamento estava autorizado. Tão simples, nada de moedas, nada de trocos, nada de ir ao parquímetro, nada de apps, nada de cartões pré comprados, apenas e só um disco que durava toda a vida, ainda por cima era gratuito, porque as próprias marcas de automóveis e outras empresas ofereciam-nos aos automobilistas.

Parece-me que o estacionamento à superfície nas cidades, deveria ser todo regulado desta forma porque se trata de espaço público que as Câmaras têm vindo, em meu entender, abusivamente, a ceder a Empresas Municipais de Estacionamento que fiscalizam ferozmente estes espaços, por vezes até exploram lugares em contravenção com o disposto no Código da Estrada, tudo em nome do NEGÓCIO. Lugares pagos só em parques de estacionamento construídos especificamente para o efeito.

A inovação é tão grande nesta área que até se esquece da complicação que este negócio trouxe às cidades e que consiste em perseguir-se os automobilistas que do ponto de vista da segurança e fluidez de tráfego (missão fundamental do Código da Estrada) têm os seus veículos bem estacionados, deixando impunes todos os outros que estacionam em cima do passeio, na faixa de rodagem, nas passadeiras de peões, a bloquear bocas de ataque a incêndios a bloquear saídas de garagens, ou seja, em clara contravenção com o Código da Estrada. E esta inversão de valores só acontece porque os automobilistas estão, cientes de que o risco de ser multado nestas condições é bem menor do que o risco de ser multado num lugar pago sem pagar. É o que se chama trabalhar-se para aumentar drasticamente o sentimento de impunidade.

Ironia das ironias até as carrinhas da EMEL estacionam na faixa de rodagem enquanto cumprem a sua missão de bloquear, multar e desbloquear.

Afinal o que queremos inovação ou complicação?

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mensagens

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub