O País do Cuspo
Vagueando
Em Fevereiro li um post da autora Sónia Quental, que foi dado à estampa com o título “Filosofia do Lixo”.
A questão do lixo nas ruas, que acaba depositado no mar ou a entupir sarjetas e ribeiros constitui um tema que me revolta, porque o lixo não nasce, nem se deposita sozinho nas ruas, é depositado por pessoas que, recorrentemente, falam dos seus direitos nos quais, obviamente, não está incluído o de largar lixo nas ruas.
Aliás, já que estamos a celebrar os 50 anos do 25 de Abril, lembro-me bem dos tempos do PREC e da selvajaria dos direitos, que deu origem à frase que mais gosto para definir a liberdade e, consequentemente, os direitos; “A nossa liberdade termina onde começa a de todos os outros”.
Coisa mais simples não há, desde que, obviamente, haja bom senso e respeito.
Curiosamente, talvez até esteja enganado, quiçá por algum erro de paralaxe, a geração mais qualificada de sempre, não parece ter concluído com sucesso as áreas curriculares, respeitantes à educação e ao bom senso. Talvez faltem às aulas de Educação para a Cidadania ou estas áreas não se aprendam lá ou simplesmente não queiram saber.
Na “Filosofia do lixo", faz-se referência a Theodore Dalrymple que em Inglaterra tem publicado vários artigos sobre o lixo e que num deles e numa só frase, resume o comportamento dos seus cidadãos; Britons now drop litter as cows defecate in fields, or snails leave a trail of slime. (Os britânicos agora largam o lixo tal como as vacas defecam nos campos, ou os caracóis deixam um rasto de ranho por onde passam).
A comparação não sei se peca por defeito ou por excesso, mas perceciono que possa corresponder à realidade.
Numa troca de comentários com a autora do post, aborda-se também a questão de cuspir para o chão e que tal ato nem sequer provém da população mais velha e sem instrução, mas também a população mais jovem que anda na escola.
Perante esta situação, como sou dado a fazer pesquisas, descobri recentemente no jornal local Ecos de Sintra, edição 202 de 20/09/1939, ou seja há 84 anos atrás, um artigo de opinião com o título “O País do Cuspo”. Neste artigo - ver foto acima - que tal como o Brandy Constantino", mostra que a fama vem de longe, aborda-se a falta de educação e de respeito pela saúde pública, quando se cospe para o chão.
Depois de tanto tempo, não há dúvidas que quem cospe para o chão, ainda tem muito que aprender, sobre saúde, educação, direitos e liberdades, não sei é se ainda vai a tempo.