Basta para não dizer chega
Vagueando
Participação XXIX, Ano II, no Desafio 1 foto 1 texto de IMSilva
Fascina-me o feito do nosso navegador Fernão de Magalhães.
Actualmente navegar naquela zona, com todo o conforto pessoal e com a ajuda dos meios tecnológicos avançados é fácil mas, quando passamos por aquele rendilhado de canais apercebemo-nos da epopeia que Fernão de Magalhães levou a cabo, é algo que só está ao alcance de grandes homens.
Ao ler o livro de Gonçalo Cadilhe, "Nos Passos de Magalhães, detenho-me na descrição feita por este escritor sobre a viagem que Magalhães faz a em 1518, durante 28 dias de Sevilha até Valladolid, passando por Córdoba, com o objectivo de obter o apoio que lhe foi recusado por Portugal, para a sua expedição.
E é em Córdoba que me detenho, pela curiosidade de visitar a Mesquita Catedral de Córdoba.
A história desta mesquita faz-nos lembrar como está correta a nossa postura de hoje perante a descoberta de vestígios do passado, não destruir, estudar e deixar evidência dessa descoberta.
No passado, por desconhecimento, por vingança, por guerra, em nome da religião, destruía-se o passado, erguendo em cima o presente, o novo pensamento, a nova conquista.
Ao visitar a Mesquita Catedral de Córdoba, cujo interior é belíssimo e cheio de nuances de luz que mudam consoante a rotação da terra, estava focado na luz que incidia no chão e tirei uma foto. Na fração de segundo seguinte, entra em cena uma criança que desconheço, apareceu ali, no meu plano, na minha foto e disparo de novo.
É essa foto da criança que trago hoje ao desafio.
Ao ver aquela criança naquele local, no meu plano, naquela luz, recordei e partilho convosco, o passado deste monumento. A Mesquita foi construída do Século VIII, em cima de uma Basílica Visigótica em honra de S.Vivente. Contudo, esta Basílica já havia sido construída em cima de um Templo Romano.
As suas colunas dão a sensação de um espaço imenso de um infinito inatingível, perspectivas estonteantes, sem perder nunca o alinhamento entre elas.
Não sei se Fernão Magalhães entrou neste monumento, quando em 1518, passou por Córdoba, mas se o fez ainda o viu na forma original, já que, em 1523 Carlos V, que apoiou a expedição de Magalhães, autoriza a construção de uma capela barroca no interior desta mesquita, vindo a arrepender-se amargamente, quando visitou o monumento três anos depois.
Espero, em nome daquela criança e de todas crianças que saibamos hoje educa-las de modo a não se destruir o passado e acima de tudo que a religião não seja o mote para radicalismos destrutivos. Basta, para não dizer Chega, a História tem que servir para prevenir os erros do passado.