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Generalidades

Generalidades

06
Jul25

Noventa e cinco cêntimos a crédito


Vagueando

Letra.jpg

Estão a imaginar, actualmente,  uma empresa conceder crédito a outra no valor de 95 cêntimos?

Provavelmente acham ridículo e inadequado.

E se vos disser que para além de conceder crédito deste valor, formalizavam-no através de um documento oficial (pagavam por esse documento e imposto em selos fiscais) e cobravam-no através de um banco?

Ainda mais ridículo parece.

E se vos disser que esse crédito se referia ao fornecimento de fazendas (tecidos) que seriam comercializados a metro em lojas da especialidade, para a confeção de roupas pessoais, através de costureiras e/ou alfaiates?

Acreditam?

Pois então olhem para esta letra (oficialmente um título de crédito), no valor de 189$00 – Cento e oitenta e nove escudos (0,95 €), sacada ( o vendedor) sobre um aceitante, (o comprador), que se comprometia a pagar este valor passados 15 dias da data de emissão deste documento, 13 de Novembro de 1950.

Falta ainda nesta letra a assinatura do aceitante (esta assinatura era feita ao lado da chancela da casa da Moeda).

Normalmente esta assinatura não era feita na emissão do documento (o vendedor era de Sintra e o comprador da Vidigueira) e as deslocações não eram tão fáceis e baratas como são hoje, era o Banco, por instrução do vendedor, que tratava de recolher a assinatura do comprador junto de um Balcão próximo da sua morada.

A mercadoria seguia assim via transportador e a letra seguia via banco.

Sucede que algumas vezes, os compradores não aceitavam o documento e/ou não o pagavam.

Nestas circunstâncias o vendedor solicitava ao banco o protesto da letra, ficando assim na posse da mesma e do protesto, com um documento oficial para reclamar a dívida, junto das entidades competentes.

Quando as coisas corriam bem o banco, neste caso o Banco Borges & Irmão, recebia o dinheiro do comprador (aceitante) e creditava a conta do vendedor (sacador).

Tudo isto tinha os seus custos, mas ainda assim faziam-se negócios. Dá para perceber pelo valor envolvido, que a maioria das pessoas vivia mal, muito mal.

Já lá vão setenta e cinco anos.

09
Mai23

Poligrupo diz-lhe alguma coisa?


Vagueando

 

Cópia do contrato e de um recibo da Poligrupo

Aqui estou eu a dar mais uma volta pelo passado.

Nos anos oitenta os Bancos ainda não tinham descoberto o filão de dar crédito para a malta gastar à tripa forra e, se não me engano, existiam até algumas restrições na concessão de crédito para alguns fins.

Restringido ou ainda não previsto pelos Bancos, o crédito para aquisição de automóvel não existia.

Bom como sempre a necessidade aguça o engenho e trafulhice também, começaram a aparecer uma empresas que reuniam um grupo de pessoas, dispostas a comprar carro.

O número de pessoas que constituíam um grupo, liquidavam mensalmente as suas prestações e o valor de todas elas, permitia que o grupo adquirisse dois carros. Esses dois carros eram atribuídos aos participantes, um por sorteio e o outro por licitação, ficando com o carro o autor da licitação mais alta.

À medida que se avançava no tempo, a possibilidade de se obter o carro aumentava, pois os participantes sem carro eram cada vez menos.

Embarquei, com mais 120 pessoas numa coisa destas, com a Poligrupo, Ldª, para adquirir o meu primeiro carro, um Fiat Un 60 SL, tendo assinado contrato em Outubro de 1984.

Fazendo aqui um à parte, nunca percebi como aquela ideia da FIAT em juntar dois satélites ao lado do volante não vingou, eu gostava bastante, pois permitia que se operasse todos os sistemas do carro, com exceção da climatização e do auto rádio. O cinzeiro (fumava-se muito nos anos 80, vicio que nunca tive e não deixava ninguém fumar dentro do meu carro) era móvel, podia estar mais para a esquerda ou mais para a direita.

Inkedfiat-uno-1983_3 (1).jpg

As setas a vermelho mostram os satélites do lado direito e esquerdo do volante

Enquanto durou o meu contrato (60 meses) algumas empresas ficaram com a massa do pessoal e carros nem visto. Aí comecei a assustar-me e com ajuda dos meus pais licitei o carro, cerca de 3 anos depois do início do contrato e tive que o ir levantar a Portimão porque entretanto começaram a existir listas de espera.

Com a Poligrupo acabou tudo por correr bem e lá comprei o meu carrito com o qual fiz muitas viagens sem nunca ter tido o mínimo problema.

30
Abr19

A nossa Caixa Geral de Depósitos de Mercedes


Vagueando

A CGD, ao que parece, está a enviar emails aos seus clientes para vender a crédito, bem certo, sendo certo que esta política não é um estímulo ao endividamento, automóveis da marca Mercedes Benz, Classe A.

Estranha forma de vida; Quem precisa, coitado, nem vai ao Banco porque sabe que leva uma nega, a não ser que tenha vasto património (ou não) que cubra bem o valor que necessita. Para quem não precisa, o Banco, por acaso público, consciente do papel fulcral que desempenha na dinamização da economia, vai lembrar o cliente, que comprar Mercedes Benz, Classe A é bom para a economia, para o cliente e para a Caixa.

Na gíria diz-se ganhas tu, ganho eu, ganhamos todos.

Faz bem, porque os clientes alvo do email, provavelmente, ainda não se aperceberam que a CGD paga a quem tem poupanças, uma taxa de juro tão pequenina que mais vale gastar do que poupar.

A escolha do Modelo, Classe A, presumo, deriva dos Bancos preferirem dar crédito a pessoas e entidades cujo rating seja o mais próximo de A. Se a Mercedes tivesse um Classe AAA ou, vá lá, A+, era ainda melhor; Assim em vez do desconto agressivo na taxa de juro poderia ter um risco menos agressivo de crédito e um valor (ainda mais) acrescentado com estas operações.

Mais estranho ainda é a justificação do Banco público para seguir esta estratégia, que se deve ao facto de ter que atingir metas exigentíssimas, por lhe ter sido aprovado um plano de recapitalização (necessário devido ao crédito mal parado) que, foi aprovado pelas autoridades Europeias, as quais também já tinham apadrinhado o PEC IV! Ao menos este tipo de crédito não vai ficar mal parado, excepto se o condutor/cliente do Mercedes o estacionar em local proibido ou se o carro avariar, coisa rara numa marca de prestígio.

Não discuto a estratégia da CGD, nem a exigência das autoridades europeias, nem eventualmente as exigências dos contribuintes que não são chamados a opinar, apenas a contribuir para a injecção de capital. Mas porquê a compra de Mercedes Benz?

Ainda se fosse para recuperar jipes da marca nacional UMM, com um passado histórico brilhante, aliás um hino desportivo (José Megre, Carlos Barbosa – Tucha, Pedro Vilas Boas, lembram-se?) à indústria automóvel nacional eu compreendia. Parece que os UMM já estão mais ao serviço dos estrangeiros que nos visitam do que ao serviço dos portugueses. Até no aeroporto de Lisboa, porta grande do turismo em Portugal, tem pelo menos um UMM a exibir-se aos turistas. Assim como assim, se voltar a ser chamado (que devo ser se ainda estiver vivo) a pagar os próximos prejuízos sempre dói menos.

É que esta coisa de ter um número de contribuinte agregado ao cartão de cidadão impede-nos de desertar dos impostos e de rasgar o cartão de sócio das Finanças quando estamos zangados com este clube.

Não obstante, quero deixar um conselho à CGD; Não se esqueça de enviar um email ao comendador Berardo, para que ele faça um crédito destes, com a condição do Mercedes, Classe A, sair directamente do Stand para a sua garagem no Funchal e depois, voilá, penhorar a garagem que estará fortemente valorizada com tão prestigioso automóvel. É que pelo menos a garagem passa ter um rating de Classe A, não dá para AAA, mas sempre ajuda o devedor a fazer Ah, Ah, Ah, com menos vergonha.

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