A propósito de árvores
Vagueando
Há poucos dias publiquei aqui Fui Abraçar Árvores sendo que estas árvores se encontravam em ambiente rústico ou rural se preferirem, pelo que para além de acrescentarem muita beleza à paisagem, contribuírem para tornar o ar mais respirável e para a economia local, servirem de local de abrigo para aves e ainda, no Verão projetarem uma sombra generosa, a probabilidade de atingiram alguém se caírem ou se partir uma pernada é mínima.
A coisa pia mais fino em ambiente citadino, de tempos a tempos lá se parte uma pernada ou cai uma árvore grande porte e, para além dos prejuízos materiais, matam e ferem pessoas com gravidade.
Gosto de ver árvores dentro das cidades, deve ser promovida a sua plantação, ainda que me cause algum arrepio o tamanho de algumas, em especial em dias de vento, nomeadamente quando estão implantadas em zonas muito frequentadas, como é o caso de Sintra.
É que estes acidentes, quando acontecem, a primeira coisa que oiço é que estavam de boa saúde e nada fazia prever a sua queda. Não percebo nada de árvores, muito menos de podas ou desramagens, mas parece-me que quanto maior é a árvore maior o risco de queda ou quebra dos seus ramos.
Vem isto a propósito de uma notícia de 27 de Fevereiro de 1955, publicada no Jornal de Sintra nº 1098, com o título "Árvores Perniciosas" e que reproduzo abaixo, onde era solicitada à JAE - Junta Autónoma das Estradas (aquilo que é agora as Infraestruturas de Portugal) o corte de plátanos, justificando-se com vários constrangimentos que o seu porte provocava.
Ora hoje ninguém pensa em cortar árvores e talvez até de forma um pouco fundamentalista, parece que não se pode também podar árvoes. Assim os plátanos em Sintra atingem hoje nalgumas zonas, altura superior a 20 metros e continuam a crescer. Onde há cabos eléctricos alguns estão sob uma pressão enorme e não parece existir nenhuma preocupação com tal situação, nem da parte da Câmara nem da ERedes.
Ora se não existe vigilância sobre o cabos eléctricos que estão em risco de se partir, deduzo que também não exista vigilância sobre o estado de saúde das árvores.
Pela parte que me toca, o ano passado sofri vários cortes de energia por via do encontro destas ramagens com as linhas eléctricas e até se registou um princípio de incêndio em cabos que estavam a roçar num plátano que foi desramado posteriomente. A menos de 100 metros do local onde ocorreu este incidente, outros cabos estão na mesma situação, mas parece que ainda não é altura de fazer alguma coisa, espera-se - eventualmente - pelo próximo incêndio.
A outra parte que me toca é que o tal pó referido na notícia de 1955, é um regalo para a minha asma a para os meus olhos que ficam vermelhos como deve estar o peixe fresco e nem o uso da máscara e de óculos me salvam dos transtornos causados.
Nem quero imaginar se um dia, por via de Sintra ser considerado Património Mundial da Humanidade se decidir enterrar os cabos de energia e telecomunicações, retirando os inestéticos postes, até onde podem crescer as árvores em ambiente urbano.
O que vale é que já passaram 28 anos desde que lhe foi atribuída essa classificação e não me parece que tão cedo se proceda ao enterramento dos cabos, na minha rua estava previsto ser em 2023, o que será sempre uma boa desculpa ou, quem sabe, uma boa prática para desramar ou podar alguns dos plátanos existentes.
Não haverá por aí um meio termo entre o fundamentalismo atual e a exigência feita em 1955?