Imagia
A magias das imagens
Vagueando
Há locais mágicos, tão mágicos que quando os descobrimos ficamos tão surpreendidos que nem acreditamos que sejam obra paciente da trova do vento que passa.
Estamos num tempo sem tempo, para fruir o tempo, queremos tudo a que temos direito, já - ontem!
A pressa, a pressão fazem de nós humanos, idiotas úteis, tão úteis que achamos que todos os outros que recusam a pressão, são idiotas inúteis, incapazes de apreciar a (boa) vida (em especial online) e o tempo.
E no crescendo da idiotice útil e na falta de disponibilidade dos alegados idiotas inúteis, para exigir tudo e rápido, deixamo-nos enredar pelos “benefícios” da Inovação, da Inteligência Artificial, onde só vemos vantagens e proveitos.
Ansiamos pela criação de robots que façam tudo aquilo que não gostamos e mais, que pensem por nós mas, egoisticamente, em nós e para nós os que temos o (melhor) umbigo que tanto apreciamos que não olhamos para mais nada. Já não basta a casa inteligente que programa, as torradas da manhã, o café, o pão, a temperatura do duche.
É necessário também que alguém, que não chateie - um robot - ponha tudo no prato e na mesa ou, melhor, que nos sirva tudo na cama e que depois vá trabalhar por nós.
Com todas estas facilidades é um tédio ficar em casa, falta o transporte, ambientalmente responsável, para espiar a nossa consciência de que existimos, logo somos poluidores, para nos levar onde ninguém sabe, afinal, como cantava António Variações, Só quero ir, onde não vou, porque só estou bem onde não estou.
Depois de termos tudo ou de pensarmos que tínhamos tudo e que ter tudo era o topo da pirâmide que nos colocaria perto do perto do céu, onde nunca ninguém esteve, mesmo depois de morto, acordei.
Extasiado, tinha acabado o sonho ou pesadelo.
Deparei-me com esta paisagem e descobri que tinha ficado aqui sentado por algumas horas a observar as nuances da luz. É uma paisagem moldada antes de toda esta nova moda que dá pelo nome inovação.
Foi criada pelos anseios, desejos e sacrifícios de humanos antes desta nova vaga inovadora e perigosa, que nos pode condenar ao extermínio, antes mesmo de o planeta estoirar connosco.
Sim, o planeta pode zangar-se com a espécie humana, revoltado com o nosso mau comportamento e desrespeito pela biodiversidade e tornar a nossa vida insustentável, ou seja, impossível, mas somos nós que desaparecemos o espetáculo natural e fotogénico que o planeta provoca sobrevive, não haverá é quem o registe, nem a inovação.
Não basta ir até este local para observar o mesmo, é preciso ter calma e esperar que a luz e o tempo a componha desta forma, quase fantasmagoricamente bela.
Felizmente ainda não conseguimos intervir na bendita rotação da Terra, ainda que, segundo os cientistas esteja mais lenta, lá está, alterações climáticas!
Ou será inovação?