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Generalidades

Generalidades

27
Dez23

Caramba é isto o Natal!


Vagueando

Se há coisa que me aflige e muito é ver a forma como se conduz em Portugal. Não é necessário circular durante muitos quilómetros, para assistir a mudanças de direção sem que se ligue o pisca, traços contínuos (continuamente) ignorados, faróis desligados com chuva ou nevoeiro, desrespeito pelo sinal vermelho, parar na estrada para tomar e largar passageiros (TVDE’s).

Em 10 dias, 4.852 acidentes, 17 mortos, 1.400 feridos, 80 dos quais graves, 49 mil infrações, 682 detidos por excesso de álcool no sangue ou por estarem a conduzir sem carta de condução, vários condutores a conduzir veículos sem seguro e/ou sem inspeção obrigatória.

Mas também me aflige e muito a falta de indignação, com esta tragédia. Não há primeiras páginas inflamadas à procura de culpados, porque não há figuras públicas envolvidas, nem políticos.

17 mortos, caramba é Natal, e isto não devia fazer parte do Natal.

Em que circunstâncias ocorreram estes acidentes, porque ocorreram, atropelos ao Código da Estrada, má manutenção dos veículos, negligência grosseira dos condutores?

Nem se consegue arranjar uma desculpa esfarrapada, por exemplo, a culpa é do mau estado das estradas e do parque automóvel envelhecido por causa dos impostos que se pagam na compra de um carro novo?

Convivemos bem com a desgraça, exceto se o envolvido num acidente, com ou sem culpa, seja uma figura pública ou um político.

28
Nov22

A Obrigação é mesmo obrigatória?


Vagueando

Se existe um tema que gera conflitos entre os diversos utilizadores do espaço público, são as ciclovias. Cada um de nós quer ver os seus direitos (não necessariamente a segurança) garantidos.

Nada mais natural e justo.

O problema surge quando, ao longo do dia, vamos sendo utilizadores diferentes do espaço público. Umas vezes somos peões, outras automobilistas, outras usamos os meios da, tão na moda, mobilidade suave. Enquanto assumimos cada uma destas facetas conseguimos ver os erros dos outros utilizadores, mas nunca os mesmos erros, quando praticados por nós quando estamos do outro lado. Um exemplo - na qualidade de automobilista, estacionamos o carro em cima do passeio, achamos que não faz assim tanto mal. Depois, ao dobrar a esquina, já como peão, refilamos com os caros que estão estacionados no referido passeio.

Informo desde já que sou a favor do estacionamento em cima do passeio ou que este seja reduzido para aumentar o estacionamento, desde que o(s) veículo(s) estacionado(s), permita(m) que os peões tenham espaço suficiente para circular pelo lado direito do veículo, mas jamais nos casos em que obrigue os peões a circular pela faixa de rodagem.

Contudo, não posso aceitar que um peão, com o passeio livre, às vezes até vedado com corrimão, circule fora dele, na faixa de rodagem sem qualquer necessidade. Já abordei isso aqui em “O flagelo dos atropelamentos”

Esta introdução serve para falar de um tema que foi ao Polígrafo, pode ler aqui Polígrafo, sobre os ciclistas não estarem obrigados a circular nas ciclovias, quando se deparam com este sinal de obrigação, o D7a.

D7a – Pista obrigatória para velocípedes

A avaliação do Polígrafo, nasce de uma publicação efetuada no Facebook, em que alguém abre um debate porque se comenta que, mesmo na presença deste sinal não, os ciclistas não são obrigados a circular na ciclovia.

E a questão vem logo inquinada à partida, porque o ciclista que a coloca, parece defender a não obrigatoriedade da circulação numa determinada ciclovia porque a bicicleta pode não se adequar ao tipo utilização que se pretende fazer dela.

A primeira questão é que um sinal de obrigação é isso mesmo, uma obrigação, não tem outra interpretação.

A segunda questão, tem a ver com a circulação na via púbica, seja bicicleta – ou outro qualquer veículo – tem de estar adaptada às regras de circulação e respeitar as características da via pública, pelo que a sua utilização não pode depender do uso que cada utilizador lhe quer dar porque esse uso tem que estar enquadrado com o exigido no Código da Estrada.

Fica claro que na presença deste sinal, os velocípedes terão obrigatoriamente que circular na ciclovia e adaptar-se às condições da mesma.

Não é opcional.

Se assim não fosse, perante o mesmo tipo de sinal que obriga, por exemplo a virar à direita, o ciclista também poderia optar por não o fazer e entrar em sentido contrário numa via de sentido único. Lamentavelmente, muitos fazem-no.

Não vou colocar tudo no mesmo saco, mas muitos os utilizadores da mobilidade suave, querem ser tratados como especialmente vulneráveis (e aplaudo que o Código da Estrada lhes concedesse esse estatuto) mas não podem delegar em terceiros a proteção da sua vulnerabilidade, quando eles próprios ( o exemplo acima é apenas um entre muitos) colocam a sua integridade física em risco por desrespeito ao Código da Estrada.

Ainda sobre a mobilidade suave, alguns utilizadores deste tipo de transporte nem sequer possui carta de condução, as bicicletas privadas poucas terão seguro e agora até aquelas scotters de mobilidade, usadas maioritariamente por idosos, que também não necessitam de seguro, nem tão pouco que os seus utilizadores tenham carta de condução, andam por aí na via pública conduzidas por pessoas a quem, eventualmente, a carta de condução não foi renovada.

Por fim uma palavra para as autoridades que, obviamente, não podem controlar todas as infrações, mas também fechar os olhos diariamente a várias infrações praticadas à sua frente também não me parece a melhor opção. Esta postura desenvolve um sentimento de impunidade juntos destes utilizadores de mobilidade suave, mas que são responsáveis por causar acidentes e ferimentos, que nada têm de suave.

05
Mar22

Sinistralidade autorizada


Vagueando

Recentemente o ACP lançou um vídeo, (ver aqui Video ACP) onde se aborda a situação das zonas 30.

A grande conclusão a tirar do filme é que em matéria de segurança rodoviária, se legisla bem e se fiscaliza mal, ou melhor, pelo menos dentro das cidades, não se fiscaliza.

Neste filme é possível constatar que nestas vias e ao que parece são poucas, só no ano passado, em que a circulação de pessoas foi fortemente condicionada pela pandemia,  registaram-se 16 mil acidentes e 119 mortos.

No video, a Dr Luísa Salgueiro, Presidente da Associação Nacional de Municípios, refere que nunca haverá fiscalização suficiente (o que é diferente de não existir nenhuma) e que haveria vantagens em clarificar a forma de como, para além da sinalização exigível pelo Código da Estrada, se uniformizasse outros elementos identificadores, como por exemplo o tipo de piso ou a cor do mesmo, para que não existam diferentes interpretações nem diferentes utilizações nestas vias.

30.pngDesculpa à parte, fica claro que a placa G4a (á esquerda)  - que cria este tipo de zona: indica a entrada numa zona 30km/h em que são aplicados dispositivos de acalmia de tráfego (para os mais distraídos) de modo a limitar a velocidade máxima de circulação a 30 km/h, cujo sinal de proibição, há muito que é conhecido dos automobilistas.

Independentemente do que vier a ser feito no futuro, a partir do momento em que se sinaliza o limite de velocidade é 30km/h é porque se reconhece que o mesmo é necessário, pelo que também é necessário fazê-lo cumprir para que não ocorram, só num ano, 16 mil acidentes num ano, muito menos 119 mortos.

Não vejo como a Presidente da ANM se “desculpa” com a falta de Polícia Municipal nalguns municípios ou com outras incapacidades para fiscalizar estas zonas, quando estes investiram em pessoal, formação e certificação dos seus fiscais, para que possam fiscalizar e multar veículos bem estacionados, na medida em que não prejudicam a fluidez nem a segurança do trânsito, mas que o Código da Estrada considerou oportuno incluir nos seus artigos, para assegurar a rotatividade dos lugares em zonas mais movimentadas.

Contudo, infelizmente, as autarquias viram nesta regulamentação do Código da Estrada um negócio, ao ponto de chegarem a explorar lugares pagos em contravenção com o mesmo Código da Estrada. Tenho vários exemplos que assinalei a autarquias e empresas de estacionamento municipal, que reconheceram o incumprimento e removeram os lugares e também tenho exemplos de autarquias e empresas de estacionamento municipal, perante este facto, optaram por ignorar o incumprimento e manter os lugares.

E foi este negócio que moveu as autarquias a servir-se do código da estrada, nomeadamente da alínea h) do Artigo 25º, que proíbe o parqueamento nas zonas de estacionamento de duração limitada, quando não for cumprido o respetivo regulamento e a alínea c) do artigo 163º , que considera abusivo ou indevido um veículo, em zona de estacionamento condicionado sem proceder ao pagamento de taxa ou se tiverem decorrido duas horas para além do período de tempo pago.

A Dr Luisa Salgueiro saberá que em Lisboa, onde existe Polícia Municipal e onde existem cinco zonas 30, bicicletas eléctricas a circular nos passeios, então agora com a febre da Glovo e Uber eats a entregar comida ao domicílio é perfeitamente normal trotinetas a circular em cima dos passeios,  é normal levarem duas pessoas e também é normal tudos isto se passar por vezes passar em frente a agentes da Polícia Municipal sem que nada aconteça.

Em Sintra, onde existe Polícia Municipal, foram criadas zonas proibidas a veículos de animação turística mas fiscalização não se vê e nem os operadores sentem qualquer tipo de repressão, caso contrário não circulariam, diariamente, e com tanta frequência nestes locais.

Lamentavelmente, as autarquias, na pessoa dos seus representantes, fazem vista grossa ao Código da Estrada para defender a segurança de pessoas e bens como ficou claro neste vídeo do ACP.

Assim sendo não se estranha a ocorrência de tantos acidentes.

Estranha-se sim o alheamento da comunicação social e de outros organismos, por exemplo a ACA-M Associação de Cidadãos Automobilizados que tanto eco têm dado ao acidente que infelizmente vitimou um trabalhador na A6 e até se constituiu assistente no processo, por considerar que ocorreu um homicídio por negligencia e se negligencia a ocorrência de 119 mortos em zona habitacionais.

Não haverá nestes acidentes, negligência de ninguém?

Ou ficamos apenas e só, como é costume dizer-se; É a vida, neste caso a morte para 119 pessoas.

Deixo alguns exemplos nas fotos abaixo do sentimento de impunidade decorrente da falta de fiscalização. O desespero leva residentes a colocar nas suas portas, de acesso às suas habitações, sinais de estacionamento proibido e mesmo assim não se respeita, estacionamento em cima de passadeiras de peões, entrada em ruas de sentido único em contramão para estacionar, sendo que algumas destas situações ocorrem a menos de 50 metros de um posto da GNR.

 

23
Jan22

Assim não


Vagueando

A sinistralidade rodoviária é grave em Portugal. Lamento que a comunicação social preste tanta atenção e mediatismo quando um acidente envolve um ministro (não me batam já) e não acompanhe com a mesma persitência quando outros acidentes com vítimas mortais ocorrem.

Os políticos e os partidos, que até ajudam à "festa" quando o acidente envolve um ministro, não se importam que durante a campanha eleitoral, os seus apoiantes se esqueçam que entrar numa rua em sentido proibido é um infração grave, agravada pelo facto de estacionar em segunda fila e do lado esquerdo.

Faço questão de tapar tudo o que pode relacionar esta carrinha com qualquer partido político (sendo certo que está representado na AR) que estacionou de forma lamentável, para que os apoiantes descarreguem o material de campanha.

O objectivo não é criticar o partido é criticar a postura de desrespeito sistemáico, socialmente aceite e lembrar que durante a operação Natal e Ano Novo, morreu uma pessoa e doze ficaram gravemente feridas em resultado de mais de 500 acidentes.

Podem sempre dizer, foi só para descarregar. Mas a pergunta que faço é; que visibilidade tem um veículo que circule corretamente e que pretenda virar à esquerda naquele entroncamento com aquele amontoado de gente no local?

Recentemente abordei aqui o desrespeito pelo Código da Estrada, demonstrado por dois jornalistas que, em trabalho para a sua estação de televisão, faziam uma reportagem na Nacional 1, no post abaixo;

Dois dias - 537 acidentes - Generalidades (sapo.pt)

É isto, ninguém liga, excepto se o acidente envolver um ministro, sendo que aí a vítima é mesmo vítima.

Inked20220123_101523(4)_LI.jpg

11
Ago21

Uma questão de respeito


Vagueando

 

Afinal quem não respeita quem?

Relembro aos ciclistas da foto o número 2 do artigo 90º do Código da Estrada;

Os velocípedes podem circular paralelamente numa via, exceto em vias de reduzida visibilidade ou quando o trânsito é intenso e desde que não causem perigo ou embaraço ao trânsito. Se pedalarem em grupo, devem fazê-lo em fila indiana ou aos pares, não sendo possível a circulação em paralelo de mais de dois velocípedes.

As associações de defesa dos ciclistas e bem, defendem-nos e até mandaram fazer, logo que saíram as alterações ao Código da Estrada, uns sinais todos catitas a pedir respeito pelos ciclistas, como é o exemplo deste da FPCUB Federação Portuguesa de Ciclistas e Utilizadores de Bicicleta. Ao fazê-lo estão a pedir a terceiros (que obviamente têm essa obrigação)  que também zelem pela segurança dos ciclistas.

Não deveria a FPCUB, fazer uns sinais a pedir aos ciclistas respeito pelos automobilistas e explicar exaustivamente aos seus associados, que esse respeito só aumenta a sua própria segurança?

Não são eles, ciclistas, os utilizadores vulneráveis que ao comportarem-se desta forma, só se tornam ainda mais vulneráveis? E não são eles, ciclistas, também peões e automobilistas?

20210822_083943.jpg

A rua na imagem acima é de sentido único, como se vê pela posição dos carros estacionados e possui dois sinais bem visíveis de proibição de entrar na mesma.

O que leva estas 4 criaturas (lá no cimo da foto antes da curva), classificadas pelo Código da Estrada, como utilizadores vulneráveis, a subir a rua em sentido contrário, ocupando toda a faixa de rodagem, uma vez que nem em fila indiana circulam?

Será que estas 4 criaturas, acham que a  segurança da sua vulnerabilidade, está exclusivamente a cargo de terceiros, automobilistas e -curioso- ciclistas, também utilizadores vulneráveis, que legitimamente, circulam no sentido descendente?

Uma pergunta final às autoridades; Quantas vezes foram abordados/sensibilizados ou mesmo multados estes grupos de ciclistas que frequentemente usam, desta forma as estradas portuguesas?

Um conselho final aos ciclistas; Se tiverem dúvidas como devem conduzir as suas bicicletas nas estradas, deixo abaixo o link para o Manual da ANSR para ciclistas.

 http://www.ansr.pt/Campanhas/Documents/Guia%20do%20Veloc%C3%ADpede%202014/Guia%20do%20Condutor%20de%20Velocipede.pdf)

A segurança nas estradas, não depende só de alguns mas sim do comportamento responsável de todos.

 

10
Jul21

A Propósito de Motas


Vagueando

Generalizou-se a ideia de que conduzir uma mota, sendo símbolo de liberdade, mas já não de cabelos ao vento, porque entretanto se ganhou consiciência de necessidade (obrigatoriedade) de usar capacete para protecção do motociclista, se pode "ultrapassar", nalgumas cabeças até legalmente, algumas regras do Código da Estrada.

Tendo conduzido várias motas, sem nunca ter sido dono de nenhuma, gostaria de deixar aqui um exemplo do perigo de contornar algumas regras do Código da Estrada.

Há pouco tempo circulava a pé numa avenida, com três faixas de rodagem para cada lado e com semáforos. Aguardava pelo sinal verde para peões, mas como o trânsito estava parado e existia um polícia no local este decidiu mandar parar o trânsito que gozava se sinal verde e mandar avançar os peões.

Um motociclista, guiando-se pelo sinal verde, não tendo visto o polícia seguia no meio de duas filas de trânsito a uma velocidade desproporcionada à situação com õ que se estava a deparar e quase me atropelou na passadeira. O acidente só não aconteceu porque me apercebi da sua vinda mas, ainda assim, pensei que iria parar.

Não obstante vir em contravenção com o estipulado no Código da Estrada, insultou-me sem se aperceber da presença do agente de autoridade que o mandou encostar imediatamente.

Não sei o que se passou a seguir, porque fui à minha vida, mas constato que frequentemente, os motociclistas usam o seu conceito de liberdade (quiçá um pouco egoísta) para ignorar o Código da Estrada, até naquilo que mais os desprotege, nomeadamente quando realizam ultrapassagens em zonas onde a sinalização o proibe e o mais puro bom senso desaconselha e isso, muitas vezes, dá mau resultado.

Como dizia António Variações, quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga.

 

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