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Generalidades

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21
Set23

Sustentabilidade

A palavra mágica da moda, que vende que se farta ou então, esqueçam lá isso!


Vagueando

 Hoje ao vaguear pelo meu computador sustentável, apenas e só na medida em que uso energia renovável para o alimentar a maior parte do tempo em que está ligado, dou de caras com dois acontecimentos.

O primeiro cai-me no email e reveste-se de um convite para ir apreciar um novo carro, elétrico, cheio de novas tecnologias, construído da forma mais sustentável possível. Um exemplo, para reduzir a quantidade de cabos elétricos necessários para comandar os vidros, os interruptores passaram para a consola central evitando-se assim alguns cabos elétricos que seriam necessários ir da porta do condutor até todos os vidros do carro, para que o condutor os possa operar todos.

Não obstante, o carro mais pequeno da Volvo, com cuidados de sustentabilidade extra, pode ser equipado, se o cliente assim o quiser e puder pagar o exagero, com dois motores para obter uma potência de 428 cavalos e assim conseguir acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,6 segundos, com uma autonomia de 450 km. Cada um faz com o seu dinheiro o que bem entender contudo, o custo do motor extra, do consumo (desnecessário) extra, acaba por ser suportado por todos, mesmo os que não possuem qualquer carro.

Fazer-se este esforço de sustentabilidade e depois usar dois motores, quando a mesma versão, apenas com um motor, tem uma potência de 272 cavalos e uma autonomia de 475 km, não parece sensato, nem sustentável.

Quando a Toyota e Datsun apareceram nos anos 70, o segredo da sua economia e preço acessível, estava no peso que rodavam os 700kg, justamente para serem económicos (sustentáveis). Estando os fabricantes de automóveis a usar cada vez materais mais leves, este Volvo EX30, pesa cerca de 2.000 kg.

Nos Toyta e Datsun cada cavalo tinha que puxar por 10Kg, no Volvo Ex30 cada cavalo puxa por 4,6Kg no caso da versão com dois motores ou 7,35kg na versão de apenas um motor.

Não deveríamos, em nome da sustentabilidade, da coerência que andamos a exigir aos governos para que rapidamente, acabem com o petróleo, começar por exigir carros mais leves, abdicando do conforto, por exemplo, abrindo e fechando os vidros com as mãozinhas a dar à manivela, ou prescindir de bancos com regulação elétrica ou da tampa da mala com abertura elétrica, ou usar apenas um motor?

Ou a sustentabilidade não passa de estratégia de venda em que efectivamente pouco ou nada se altera senão a fonte de energia, a qual em muitos países ainda é obtida maioritariamente com recurso a fontes poluentes?

O segundo evento refere-se a uma notícia que me enviaram, via Wahts App. onde se dá conta que um restaurante em Lisboa, Sala de Corte, que nunca tinha ouvido falar, tem no seu menu carne, Rib Eye Kobe, a 950 euros/Kilo.

Ora então e o que tem de sustentável, desculpem, de especial esta carne?

Pois trata-se, segundo a notícia, de um bovino nascido e criado no Japão, na área de Hyogo, da raça Japanese Black e linhagem Tijama e tem entre 28 e 60 meses, sendo alimentados com plantas selecionadas de arroz e milho e criados em ambientes tranquilos, para evitar o stresse.

Presumo que estes bovinos também se peidam e, como tal, são altamente poluentes, pelo menos é que dizem, não sei se o Polígrafo já o confirmou ou desmentiu.

Aí está um bifito, que chega ao prato sem stress, não sei se antes de ser servido é sujeito a algum stress test, mas no qual nunca vou por a beiças, por causa do meu stress/sustentabilidade financeira.

Assim como assim, ainda que a produção de vinho seja mais sustentável (já existe vinho bio) também nunca me passou pelas beiças um Pera Manca tinto, adivinhem porquê? O stress financeiro da minha carteira.

Contudo, depois da palestra em Assembleia Municipal do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, já comprei, uma garrafa de Pera Manca Branco, vinho banal que, ainda assim talvez seja um sinal de que estou a viver acima das minhas possibilidades.

Caramba, mesmo sem gostar de vinho branco, já vou poder gabar-me de ter bebido um Pera Manca. Eu consigo entender esta coisa da inovação gastronómica, fica bem nas redes sociais, alimenta mais o ego e a nossa página do Facebook do que o nossa barrinha e sustenta bem a publicidade destes restaurantes.

A propósito de inovação gastronómica e sustentabilidade, há uns cinco ou seis anos, estava a jantar num restaurante conhecido junto a uma praia algarvia, perto de Castro Marim. A brisa era morna, enquanto esperava pela comida ia conversando com a minha mulher, até que reparei que o sal que estava em cima da mesa, era importado da África do Sul. Para quem desconhece a zona, informo que as salinas de Castro Marim, onde costumo comprar sal e flor de sal, por sinal de excelente qualidade cada vez que passo por lá de férias, ficam a cerca de 5km do restaurante!

Ora então vamos lá esperar por 2024 altura em que chega o carro (sustentável) da Volvo, para ir comer um bife (de vaca não stressada, eventualmente sustentável) na Sala de Corte, desde que o dito bife seja temperado pelo chefe Salte Bae, com sal (sustentável) da África do Sul, sim porque não acredito que o sal das salinas de Castro Marim tenha o pedigree necessário para a mão de chefs de alto gabarito.

01
Set23

Recordações da minha avó materna

Desafio 1 foto 1 texto de IMSilva


Vagueando

Mais olhos que barriga (2).jpg

A foto de hoje no âmbito do desafio 1 foto 1 texto de IMSilva, despertou as minhas memórias sobre a minha avó materna.

Andava sempre com este ditado na boca - quem não é para comer também não é para trabalhar - e, quando eu ainda jovem torcia o nariz a alguma comida que vinha à mesa, por exemplo, cozinha de batatas ela olhava para mim com ar ternurento mas decidido, porque percebia que eu não gostava e dizia, come que isto não te mata e - o que não mata engorda.

Eu encolhido, fingia que comia e pronto aguentava estoicamente à mesa com os adultos, porque já sabia que não teria direito a sobremesa, naquela altura era assim mesmo, ainda não se fazia as vontades todas às crianças. Vai daí a minha tia ia servir-me uma fatia de bolo que, obviamente, rejeitei por não ter comido a cozinha de batatas. A minha avó percebeu a deixa e voltou à carga - quem não come por ter comido, não é doença de perigo.

Já quando se tratava de comida de que gostava, bifes com ovo a cavalo, batata frita, enchidos, queijo, alambazava-me e rapava o prato. Aí lá vinha mais um ditado dela - mais vale alimentar um burro a pão de ló - ao que eu respondia, para alinhar na paródia, tenho que comer carne porque - peixe não puxa carroças.

Só existia mesmo um ditado popular que a minha referia mesmo a sério quando se punha comida a mais no prato que depois não se comia , lá vinha a ladainha - tens mais olhos que barriga - e rematava - asno com fome até cardos come.

E assim aprendi a nunca desperdiçar comida.

Voltando à foto. Tirei-a esta semana quando cheguei a uma esplanada em Sintra e me deparei com este desperdício.

Bem sei que - cada um come do que gosta - mas, desperdiçar comida assim faz-me muita confusão. Se não se gosta não pede, se era grande, partilhava-se a tosta mista, se só se aperceberam do tamanho das tostas quando chegaram à mesa, levavam o resto, mas este espetáculo, nunca.

É falta de respeito por quem tem fome, é obsceno, é pornográfico.

Se estas pessoas se tivessem lembrado - do guarda que comer, não guardes que fazer - teriam guardado mesmo as sobras para dá-las a alguém.

Para terminar com mais um ditado popular (até rima), costuma dizer-se que - há hora de comer sempre o Diabo trás mais um.

Pois neste caso foi pena não ter aparecido um (pobre) diabo que tivesse ficado com estas sobras, certamente teria dado graças a Deus.

28
Abr20

E no entanto, as vacas continuam a peidar-se


Vagueando

Vacas 1.JPG

 

Até há pouco menos de 6 meses os debates mais acesos no Mundo e nas redes sociais eram sobre a qualidade do ar que respirávamos. Nessa época (fica bem aqui a palavra época, dá uma sensação de longínquo) não se falava de COVID-19, porque, como não estava na Internet nem nas redes sociais, obviamente, não existia.

Greta Thunberg era a figura de proa deste combate e lembrava-nos a todos, inclusive aos líderes mundiais, como nos atrevíamos a pensar só em dinheiro, quando o importante era mudar de vida, porque a vida só tinha futuro sem poluição.

A sustentabilidade, onde quer que se aplique, por azar, atinge quase sempre os gostos dos portugueses.

Primeiro foram as sardinhas, quando a comissária europeia Emma Bonino proibiu-nos de as pescar: Depois foi o bacalhau. Segundo o Marine Conservatin Society no Reino Unido, parecem existir provas que o bacalhau capturado na costa da Noruega é insustentável, tendo já arrasado a capacidade reprodutiva. Também Isabel Jonet se referiu ao nosso bife como sendo quase um pecado da gula.

Ora, para piorar a coisa, os nutricionistas lembram-nos que o bife também está associado a maus hábitos alimentares, nomeadamente porque são acompanhados por batatas fritas (french fries para quem não sabe o que são batatas fritas).

Entendo os países nórdicos e mais alguns do Norte da Europa na posição de força contra eventuais futuras ajudas financeiras ao nosso país. Desde já porque pensam que a probabilidade de morrermos todos do vírus é elevada e porque, mesmo que tal não aconteça, uma vez que vão ficar sem bacalhau para nos vender, não vale a pena darem-nos dinheiro que depois não vai gerar lucros nos seus países.

Já fomos acusados de gastar tudo em copos e mulheres, mas eu continuo a achar que o bacalhau e o cheiro do dito, na versão Quim Barreiros, ocupa também um lugar de destaque nos nossos gastos.

Voltemos à vaca (fria).

Os ecologistas e demais seguidores de Greta Thunberg asseguram que as vacas são as maiores responsáveis pela emissão de gases poluentes para a atmosfera. No total o sector da criação de gado, será culpado por 18% das emissões, enquanto o sector dos transportes, lançará apenas 13,5% de emissões poluentes.

Acredito piamente que nestes 18% de emissões de gases estejam incluídas as vacas dos Açores, nomeadamente aquelas que em Setembro de 2011, foram alvo da atenção do então Presidente da República, Dr Cavaco Silva, que, de forma perspicaz, viu que o sorriso das vacas espelhavam a sua satisfação ao olhar para o pasto que começava a ficar verdejante.

Ora se o pasto estava a ficar verdejante e se as vacas são o maior foco de poluição, a ecologia não pode ser verde. Atrevo-me a dizer, que o negro das ervas nas bermas do IC 19 é mais verde que o pasto das vacas nos Açores, isto sou eu a falar, mas sou daltónico.

Eis senão quando chega o Covid-19 e o Mundo parou.

Para meu espanto, as vacas continuaram a peidar-se, mesmo onde são sagradas, nos Açores e no Mundo.

Contudo, a poluição, milagrosamente baixou mais de 50% em todo o Mundo.

Acho que está na altura de se voltar ao bitoque e ao prego no prato ou no pão, desde que se ande a pé e deixar de apelidar as vacas de poluidoras.

O ar está agora mais limpo mas, ainda assim conspurcado com um vírus que funciona como o Sheltox, mata que se farta e a culpa não é, seguramente, das vacas.

A dúvida que se impõe é saber se não há vida sem poluição? Ou se, para não haver poluição, temos que acabar com a vida, inclusivé com a das vacas?

Então e os direitos dos animais, já para não falar dos direitos humanos?

 

Nota de 08/07/2020 . Hoje, ao passar por um quiosque, reparei que a capa do Jornal o Sol de 04/07/2020, destacava as palavas da Ministra da Agricultura, numa entrevista que deu ao jornal; "As vacas não deixaram de existir e a poluição não baixou".

Hoje 24/09/2020 li o seguinte;

https://greensavers.sapo.pt/greenpeace-alerta-que-as-emissoes-de-gases-da-criacao-de-gado-sao-maiores-que-as-causadas-pelos-carros-na-ue/

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