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Generalidades

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01
Mai24

Ideias soltas ou à solta!


Vagueando

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Os meus processos criativos são tão raros que poderiam comparar-se à sorte daquele que encontra a Lâmpada de Aladino e o génio lhe concede três desejos. Com a gula de aproveitar ao máximo todos os desejos acaba sempre por falhar algum ou obter outro que, afinal, não era assim tão desejado.

Na minha ânsia de obter ideias para escrever, acabo por ter muitas mas que não se ligam umas com as outras e desisto, ainda que se venda por aí a ideia que desistir não é opção.

As palavras são peso que a balança não sente, são sentimento cheio de ironia, mentira e verdade, são aquilo que não quero que sejam, um carrego na minha mente. Sei que não sou nem consigo ser poeta e embora tente e me esforce, também não sou escritor, carrego ideias fugazes como um cometa, que são a dor de um texto sem sabor.

Não sei se é a natureza que está baralhada ou baralha a minha natureza, mas até o meu azevinho está com as voltas trocadas, um ramo pensa que já está no Inverno e outro na Primavera, as suas bolinhas que deveriam ser todas verdes, algumas já estão vermelhas.

Invocou-me em conversa de árvore para homem, o direito à diferença, todos diferentes todos iguais e as bolinhas verdes, carregadas de esperança, zombam das suas congéneres vermelhas (quem sabe coradas de vergonha) por se terem deixado seduzir pelo rápido e inconsciente amadurecimento, tipo a ilusão do livre arbítrio (Ver livro de Oscar Wilde - Histórias à Volta da Mesa).

08
Dez20

Talvez seja um Conto de Natal


Vagueando

Aqui vos conto o conto possível deste Natal, contando que seja a primeira e última vez que passo por esta pandémica celebração de Natal.

O ano passado, andava eu a vaguear num conto de Natal (1) pelo espaço sideral , fui obrigado a lá ficar longos meses devido ao cancelamento dos voos espaciais, motivado pela pandemia de Covid 19 que se abateu sobre a terra, mas que não chegou ao espaço.

Alguns meus companheiros estiveram na missão de reposição das estrelas nos seus devidos lugares e a reorganizar a via láctea, depois do sucesso que foi se terem unido para fazer uma gigantesca e espacial iluminação de Natal. Contudo, a mim coube-me a fava e fiquei confinado no escritório da Estacão Espacial “Christmas Lighting 2020”a programar toda logística de regresso à Terra, bem mais chato, trabalhoso, moroso e sujeito a todo o tipo de críticas, do que realinhar todas as estrelas do Universo.

Com tudo isto perdi a noção de tempo terreste.

Acabei de chegar à Terra onde, devido ao space jet lag, ainda não sei se tenho os pés bem assentes na dita.

Chego a casa e antes mesmo de entrar, passo pela minha árvore de estimação, o azevinho. Constato que está de boa saúde.

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Entro em casa, cumprimento a família que me recebe de braços abertos, mas com máscara na cara. A minha cadela vem de rompante, salta e deita-me ao chão.

Que seria eu sem ela?

Meio atordoado reparo na árvore de Natal montada na sala, com as luzinhas a piscar e perante o meu ar estupefacto, a minha mulher diz-me; É Natal, qual é o espanto? Bem, o espanto é que eu estava habituado a que fosse o meu azevinho a anunciar-me o Natal, que era sempre na altura em que as suas bagas ficavam vermelhas, fazendo um contraste lindíssimo com o estonteante verde das suas espinhosas folhas. Portanto, se o azevinho não tem bagas não é Natal.

Pois homem, não sei o que se passa, mas isto cá pela Terra está tudo muito estranho desde que começou esta coisa da pandemia. Está tudo triste, não podemos estar com ninguém, não podemos ver ninguém, não podemos ir comprar prendas de Natal e acho que o azevinho interiorizou este sentimento tão humano de tristeza e, vai daí, não deu bagas.

Lá na Estação Espacial íamos tendo notícias sobre o que se passava na Terra mas como não possuíamos acesso ao Whats App, Facebook, Instagram, Tik Tok, não tínhamos a percepção real do que se passava cá em baixo.

Fui de novo ter com o azevinho, não falei com ele, mas fiquei a observa-lo a tentar perceber. Seria que o tempo meteorológico não lhe correu de feição, ou terá feito mal as contas desde a última floração, terão as bagas caído ou fugido com medo? Ou se pura e simplesmente o azevinho, este ano, deu-lhe um amoque.

Não obtive resposta. Como posso celebrar o Natal se o meu azevinho se recusou a celebrar. O meu azevinho, resistente, às agruras da natureza, como o frio, o vento, a chuva, este ano, armou em grevista e disse não à produção dos seus frutos.

Daí que, não havendo Natal o que há é uma espécie de Natal, resguardo-me também e fico por aqui no conto ou nesta espécie, absurda, de conto.

No entanto, para todos, pandemia à parte, um Bom Natal e que o ano de 2021 nos restitua a liberdade e a alegria.

 

(1) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/o-meu-conto-de-natal-7583

 

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