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Generalidades

Generalidades

05
Mai24

Vagueando


Vagueando

A manhã de hoje apresentou-se sem Sol. O Sol gosta de Sintra mas esta vila faz questão de manter um contrato vitalício com as nuvens que, no estrito cumprimento do referido contrato, se cerram à volta desta vila e não o deixam passar.

Quem me dera que Sintra tivesse o mesmo contrato com o excesso de trânsito que, com Sol ou sem ele, invade todos os espaços, incluindo os passeios, fazendo parecer que aqui não existe lei, nem Código da Estrada, nem tão autoridade que o faça cumprir.

Para além de esconder o Sol as nuvens de hoje também trouxeram chuva abundante pelo que o meu passeio a pé, de manhã cedo por Sintra foi cancelado.

Em fevereiro de 2023 trouxe aqui uns Salpicos de Sintra, mas hoje impossibilitado - não será a palavra mais correta, só não fui porque quem anda à chuva molha-se e eu não gosto de caminhar com chuva - de vaguear por estes sítios decidi ficar em casa e fazer uma pesquisa de locais, mais ou menos fotogénicos, por onde já caminhei neste país.

Como já caminhei, ao longo dos últimos anos por muitos sítios, selecionei apenas fotos dos anos 2011 e 2012 , sendo certo que são todas em Portugal e maioritariamente tiradas enquanto caminhava por vilas e aldeias. Apenas uma ou duas foram tiradas numa deslocação para os Açores e  num voo de planador em Sintra.

Aqui fica o link para 94 fotos, esperando que gostem e que vos sirvam de incentivo a fazerem passeios pedestres.

https://photos.app.goo.gl/G8CqbTvEjoWo4rpo8

 

01
Set23

O legado dos jornais (locais)

Curiosidades


Vagueando

Quando somos jovens o tempo escapa-se com uma velocidade estonteante, os estudos, as namoradas, as festas, não nos deixam apreciar nada sobre os locais onde vivemos.

Os velhos, nessa altura eram segundo a nossa perspetiva, uns chatos, quando falavam começavam sempre com a frase -no meu tempo não era nada disto, isto agora é uma pouca-vergonha.

Depois vem a família, o trabalho e nada muda, bem pelo contrário o tempo já não se escapa, pura e simplesmente parece não existir. Os locais onde vivemos são os mesmos mas transformaram-se, acrescentaram história à sua existência, apagando os sinais do passado que se perde à medida que os mais velhos desaparecem.

Quando me reformei, comecei a prestar mais atenção a um jardim próximo da minha casa, cujo projeto, da autoria do arquiteto Raul Lino, o transformou num dos mais belos miradouros que conheço. No local, não existe nada que o ligue a este arquiteto, nem tão pouco existe uma placa com a sua história resumida.

Vai daí, resolvi pesquisar no Jornal de Sintra o que se escreveu sobre este jardim/miradouro. A pesquisa resultou num post que coloquei aqui em 09 de Abril de 2022 sob o título o Jardim da Vigia.

Durante estas pesquisas fui recolhendo outras informações que, não se ligando com o jardim, achei curiosas pelo que resolvi partilhar hoje duas destas notas. A primeira é um cartoon publicado no jornal em 31 de Maio de 1953 e que reproduzo abaixo A linha de Sintra foi inaugurada em 1887, pelo que este cartoon foi publicado 66 anos depois, eu ainda não era nascido, mas o turismo para Sintra já seria uma realidade.

Excursionistas Sintra 31 05 1953 jornal 16318.jpg

Não vou contar aqui a história da Linha de Sintra, apenas vou referir que não foi através desta linha que o primeiro comboio chegou a Sintra.

O primeiro comboio, denominado Larmanjat , chegou a Sintra, em 1873, passando por Ranholas e quer este, quer os que vieram com a construção da Linha de Sintra acabaram por influenciar a história das queijadas de Sintra, nomeadamente as da Sapa.

A outra nota curiosa, que publico abaixo, tem a ver com uma notícia deste jornal em 25 de Dezembro de 1954 e que se refere a um homem que seguia de bicicleta e acabou atropelado por um avião.

Colhido por um avião Jornal 160325 - 25 12 1954.j

Isto aconteceu porque a estrada antiga que ligava Sintra a Pero Pinheiro, atravessava a pista da atual Base Aérea nº 1 e era justamente conhecida por Estrada da Base ou Estrada da Granja, porque esta Instituição Militar está implantada no local conhecido por Granja do Marquês.

Na foto do Goggle que deixo abaixo é bem visível a estrada que atravessava a pista e que liguei com uma linha vermelha a parte que entretanto desapareceu.

BA1 (2).jpg

 

20
Out22

(A)linha!


Vagueando

20221013_183232.jpg

Fim do dia, últimos raios solares, estou sentado em casa com tempo, a desfrutar o tempo sem o contar ou com a preocupação de que não o tenho para fazer isto ou aquilo, mas que disponho dele para, obviamente, não fazer nada.

E então descobri que não fazer nada cansa.

Mais que não seja de tédio.

Devia de perceber os desportistas mas não.

Isto porque vão para o ginásio correr no tapete elétrico, em que a energia gasta por este último é superior à energia consumida por quem o usa. Gostava mais de os ver a correr em tapetes rolantes que se movessem com o seu esforço e que este movimento produzisse eletricidade em vez de a gastar.

Desculpem o desvario, mas isto de estar sentado, a pensar na morte da bezerra, no meu caso, dá-me para isto.

Voltando ao dolce far niente . Desfruto da vista para a janela, não há nevoeiro, tão típico de Sintra, vou observando as tonalidades do céu ao por do Sol, deslumbro-me.

Ao longe observo um avião, certamente voa em cima do mar, a mais ou menos 20km de distância da minha janela, ali ao largo da Praia Grande, segue em direção a Norte.

Sigo-o com o olhar, dentro dos limites da minha janela, imagino de onde vem para onde vai, sem querer saber se quem lá vai, vai de férias ou vai em trabalho ou se afinal, vai de volta a casa.

O que lá vai, lá vai, seguramente que a noção de tempo daqueles passageiros será mais longa ou mais curta se estão de férias ou em trabalho.

Por maior que fosse a minha janela, mesmo que fosse do tamanho do horizonte, aquela máquina voadora sairia – como saiu - do meu campo de visão, mas isso não impediu que deixasse a prova da sua passagem, o rasto de condensação ou a esteira de condensação.

Como se fosse um Polícia, resolvi fotografar a prova e como se fosse Polícia, publico a prova com a legenda “Procura-se”.

Procura-se o autor deste rasto – Poluidor para muitos – beleza para tantos outros.

Uma linha reta, do ponto de vista geométrico, é ilimitada e infinita, logo não é possível determinar o seu comprimento.

Contudo, este rasto, este pedaço de linha reta, ainda que fosse muito maior do que a minha lente conseguiu captar, não é mais que um segmento da linha que separa a origem e o destino deste voo, quiçá, ultrapassando vários fusos horários e fronteiras.

Esta é afinal, a linha que deu origem as despedidas e vai dar origem a saudações e reencontros, a linha da condensação deixa no céu a prova da passagem de gente, de cabeça no ar, que anseia por ter os pés bem assentes no chão.

Não resisto a citar uma frase Mário Quintana, não só porque a acho perfeita, mas também porque encaixa bem neste texto. “O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.”

Ao fotografar esta linha percebi o sentimento do grande fotógrafo Henri Cartier-Brensson quando afirmou que “ Fotografar, é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração”.

E assim, nesta linha está a minha cabeça, os meus olhos e o meu coração e ainda cabem as cabeças, os olhos e os corações de todos os que passaram nesta altura, à altura de aproximadamente 33 mil pés, cerca de 10.000m, dentro daquele avião que já passou, ao passar pela minha janela.

31
Out20

De Cabeça no Ar


Vagueando

Recorro à primeira letra do alfabeto para a colocar no início da palavra aéreo. A primeira letra do alfabeto inicia a palavra que se refere ao último grande meio de transporte a ser inventado.

Os últimos são os primeiros e, neste caso, é bem verdade.

O Comboio, o Barco a Vapor, o Automóvel surgem por volta de 1800, mas o avião só aparece no Século passado, em 1903 pela mão dos irmãos Wright e por Santos Dumont, já em 1906. Em 1926 deu-se início à aviação comercial. Nasci 31 anos depois, cedo fiquei fascinado por voar e tive a oportunidade de desfrutar de forma pessoal e profissional do boom do transporte aéreo.

Voar passou a ser o meio de transporte mais rápido e seguro de nos deslocarmos. Voar passou a ser também a mais bela forma de viajar. Voar, mesmo para quem usa muito o avião, continua a ser, ainda hoje, uma certa forma de aventura. Voar é, em suma, deixar de ter os pés bem assentes na terra e andar de cabeça no ar.

O meu primeiro voo foi entre Lisboa e o Funchal, na TAP, Boeing 727, entrava-se pela traseira, numa altura em que a pista só tinha 1,6 km de comprimento, aquilo parecia mais uma pequena estrada do que uma pista. Lembro-me perfeitamente de ver a pista antes de aterrar, tão pequena que me pareceu a minha régua de liceu, assente ali no morro de Santa Catarina. Esta pista foi o que se atamancou para ligar, por via aérea, o Continente à ilha da Madeira, tendo o aeroporto sido inaugurado em 1964.

Contudo, a primeira aterragem experimental de um avião na Ilha da Madeira, ocorreu em 1957, justamente o ano em que nasci.

A partir daqui, recordo-me sempre que voo, a frase de Leonardo Da Vinci – Uma vez que tenha experimentado voar, passará a andar pela terra com os seus olhos voltados para o céu, pois já lá esteve e desejará voltar.

No que toca a voar, pode até ser daqui para fora, mas sem nunca perder a vontade de voltar, andei a vaguear pela internet e descobri outras frases interessantes, sobre o tema, pelo que farei referência a algumas neste post.

A romancista brasileira, Tati Bernardi, deixa uma questão muito interessante sobre o medo de voar, perguntando – É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo Mundo ou quem aguenta ficar dentro de si? Eu diria que a única coragem de que se precisa para voar é para fazer o percurso de carro até ao aeroporto.

Quando se voa, seja num avião comercial, numa avioneta, num planador ou num helicóptero – falta-me um voo de balão - desfrutamos de imagens irrepetíveis, de vistas deslumbrantes, de sensações únicas e desafiantes, não temos olhos que cheguem para tanta beleza nem cérebro capaz de assimilar tudo o que vê, nem memória que chegue para armazenar tudo o que vimos.

Felizmente, para as questões de memória, há a fotografia.

Caio Fernando Abreu, jornalista e dramaturgo brasileiro referiu – Quando os corpos se tocam as mentes conseguem voar para mais longe que o horizonte.

Quando se voa não estamos para lá do horizonte mas temos muito mais horizonte para desfrutar. Uma pessoa com 1,7 metros de altura conseguirá ter, ao nível do mar, por exemplo na praia, uma visão de quase 5km até à linha do horizonte. Essa mesma pessoa conseguirá, num avião a 33 mil pés, cerca de 10 mil metros de altitude, ter uma visão de cerca de 350 km até ao horizonte. Um pouco acima já consegue vislumbrar, ligeiramente a curvatura da terra. Um boa experiência para os terraplanistas viajarem de avião.

Por outro lado é interessante verificar que a curvatura da terra implica que os aviões não percorram uma linha recta entre o ponto de partida e o ponto de chegada mas sim, a distância ortodrómica. Podem experimentar este site, https://es.distance.to/ usando, por exemplo, a rota entre Lisboa e Tóquio. A distância ortodrómica é de 11.148 km e a rota de avião, como podem comprovar não é a linha recta que une as duas cidades, traçada num simples mapa plano.

Espero que tenham gostado deste voo e que pensem como Clarice Lispector e Filipe Ret que afirmaram, respectivamente; •

  • Você até pode empurrar-me de um penhasco que eu vou dizer; Eu adoro voar. •
  • O medo de cair não pode ser maior que a paixão de voar.

As mihas fotos obtidas a partir de alguns do meus voos e de locais onde cheguei de avião e também de outros voos, no link abaixo;

https://photos.app.goo.gl/32Fo7WnPQUkfsQT69

Lembrem-se de Rita Apoena – A poeira é só a vontade que o chão tem de voar. Sem dúvida que até o chão gosta de voar.

Subscrevo inteiramente o pensamento de Verônica Heiss que não aceita ter nascido num mundo tão grande e conhecer apenas uma pequena parte e termino com Alejandro Jodorowsky – Pássaros criados em gaiola, acreditam que voar é uma doença.

No meio desta doença, uma terrível pandemia que nos atormenta e nos tolhe, estamos cada vez mais na gaiola e cada vez menos a voar, a desfrutar e a observar.

Espero que gostem, das fotos e desejo-vos bons e muitos voos.

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