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Generalidades

Generalidades

10
Mar23

Ambiente


Vagueando

Cada vez mais se discute as questões ambientais e o custos que elas acarretarão para o planeta. Sobre o ambiente, não sou técnico nem estudioso da matéria, só sei o que me chega pelos jornais e aos jornais chegam os preciosos estudos científicos. 

Os rigorosos estudos, cujas "evidências científicas" demonstram a gravidade da situação e o seu contrário, são usados pelos jornais  para difundir as notícias e às vezes fico com a sensação de que as notícias ou o estudos, se parecem com aquela rábula do Ricardo Araújo Pereira, que chega lá acima dizem-lhe que sim e chega cá abaixo dizem-lhe que não.

Uma coisa é certa, os estudos que defendem que a situação é grave, apontam-nos o dedo a nós, humanos, como sendo não só os culpados do aquecimento global e por via disso da subida do nível da água do mar, como também de nada fazermos ( e poderíamos fazer,  faltará vontade política) para salvar o planeta, deixando de fora a possibilidade de o que está a acontecer não se dever à acção humana.

Sabendo o que sei, estou consciente do problema, para cumprir com o que posso para reduzir a minha pegada, até comprei uns sapatos um número abaixo. 

Contudo, ainda não consegui estar seguro de que tudo o que se propagandeia é verídico, está devidamente comprovado e  mesmo que façamos tudo o que a ciência nos pede, se seremos capazes de inverter a situação.

Mas há uma coisa que me preocupa muito mais ao nível do ambiente, o ambiente social. E o ambiente social, no meu entender está muito mais degradado e será muito mais difícil melhorá-lo. Hoje de manhã ao ler um artigo aqui na Sapo, de  Arménio Rego, sobre a Incivilidade no Trabalho - Perigo na Estrada, fiquei convencido que o ambiente social anda pelas ruas da amargura.

Antes de salvarmos o planeta, o qual, com ou sem alterações climáticas, vai ficar por cá, parece mais importante melhorarmos o ambiente social, porque o planeta pode mesmo ficar sem nenhum de nós.

Cheira-me que é mais fácil desaparecermos por falta de bom ambiente social do que por falta de bom ambiente climático.

 

Adenda: Já depois de escrever este post eis que me deparo com este artigo aqui na Sapo Geração "delivery", inteligência sacrificial e corrupção, que exemplifica de forma espetacular e, obviamente, muitissimo melhor do que eu alguma vez consiga imaginar, o que escrevi.

03
Out22

Ranholas


Vagueando

Ranholas é a principal porta rodoviária de entrada em Sintra. Chega-se apressado, do IC19, com três faixas de rodagem, para desembocar mesmo no limite nascente desta localidade. E chega-se apressado porque o limite de velocidade, antes de chegar ao local da foto abaixo é de 100 km/h.

Este risco indesculpável foi reportado à Infraestruturas de Portugal em Março de 2021, Processo 2021REC01422. Em 01/04/2021, recebi a seguite resposta deste organismo; "Esclarecemos que sendo uma zona de transição de gestão da via entre a IP e o município de Sintra, vamos proceder à alteração da sinalização vertical de forma a resolver a situação o mais rapidamente possível."

Talvez porque a resposta da Infraestruturas de Portugal foi transmitida no dia das mentiras, explique o facto de, até agora, nada ter sido corrigido.

Ranholoas.jpg

É aqui que as três faixas de rodagem do IC 19  se transformam apenas numa, as outras duas, uma segue para Cascais (via A16), a outra segue em direção às praias de Sintra . É por dentro desta localidade que se acede ao centro de Sintra. (Atente-se no limite de velocidade, já lá irei).

A toponímia  Ranholas, ao contrário do que se pensa, nada tem a ver com ranho ou ranhoso, mas sim com o diminutivo de "ranha" termo que é usado em Portugal e na Galiza para designar declive no leito de um rio - "José Pedro Machado Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa." 

E por se tratar de uma pequena localidade, não se pense que não tem a sua importância na historia de Sintra, porque tem e muita. Foi em Ranholas que nasceram as queijadas mais antigas de Sintra, as queijadas da Sapa, pela mão de Maria Sapa. 

"As Queijadas da Sapa tiveram a sua origem em Ranholas em 1756, momento que terá marcado o início da produção industrial de queijadas, com uma produção diária de vinte dúzias, vendidas aos fidalgos que se dirigiam a Sintra.

Em 1887 o comboio a vapor chegou à Estefânia e Ranholas deixou de ser a porta privilegiada de entrada em Sintra, devido à chegada do comboio. Desta forma as queijadas de Maria Sapa, mudam-se então para a Volta do Duche, onde desde então e, passando de geração em geração se mantém até hoje, a produção diária das tradicionais queijadas de Sintra." Ler em comércio com história Queijadas da Sapa.

Em Ranholas, viveu Raul Solnado, até existe uma Avenida com o nome deste artista muito próximo desta localidade e este conhecido artista usou a localidade de Ranholas nas suas paródias, ouvir aqui Raul Solnado Exército de Ranholas

Em Ranholas vive também o conhecido ator Rui Mendes.

O primeiro comboio que chegou a Sintra, em 1873, o Larmanjat, entrava por Ranholas onde tinha uma paragem. Em boa hora, a Pousada da Juventude em Sintra, inaugurada este ano, decidiu atribuir o nome de Larmanjat ao seu café restaurante. Larmanjat.

Estou aqui a vaguear pelo passado para chegar à situação actual da localidade de Ranholas. 

Sendo o IC 19 uma das estradas mais movimentadas do país, o fluxo de trânsito que desemboca em Ranholas é brutal e por isso facilmente se transforma em infernal. O limite de velocidade,  visível na foto acima, nunca é cumprido excepto nos congestionamentos de trânsito, infelizmente  é habitual. Os moradores de Ranholas reclamam e bem, por uma segunda travessia de peões, ainda que de pouco sirva, porque é raro os carros pararem na que existe. Os automobilistas têm medo -fundado, diga-se - de serem abalroados se o fizerem.

Aos Domingos, os motoqueiros passam por Ranholas a velocidades bem superiores ao permitido, ultrapassando ( é proibido ultrapassar dentro desta localiadade) vários carros em simultâneo. Os acidentes são frequentes.

A fiscalização  não existe, quer em termos de controlo de velocidade, quer no toca ao desrespeito diário e frequente do trânsito proveniente de Lisboa,  pela sinalização que proíbe a viragem à esquerda em dois entroncamentos existentes em Ranholas. O piso apresenta-se muitas vezes escorregadio com a humidade que é habitual em Sintra aumento o risco de acidente.

Desconheço se se está a estudar alguma solução para o problema do trânsito desta localidade, mas há uma que, sem necessidade de qualquer obra,  aliviaria bastante o trânsito dentro de Ranholas. 

A solução passaria pela eliminação da portagem entre Sintra e Cascais, uma vez que a maioria do trânsito que provem de Lisboa ,  segue na direção de Cascais. Assim escoaria-se-ia o grosso do fluxo de trânsito pela A16 e não por dentro de Ranholas.

Com esta solução, cada veículo proveniente de Lisboa que segue na direção de Cascais faria  menos dois quilómetros por dia,  um para cada lado, para além de descongestionar o trânsito na localidade e, consequentemente a qualidade do ar, a qualidade de vida das pessoas que ali residem, ainda aumentaria a segurança e fluidez rodoviária.

Segundo um estudo sobre o fluxo de trânsito, levado a cabo pelo IMT, nos primeiros 6 meses de 2021, atravessaram diariamente Ranholas, entre 37 mil a 56 mil veículos. Partindo do pressuposto que metade (é muito mais) se dirige na direção de Cascais, teríamos entre 18 a 28 mil veículos diários fora de Ranholas.

Fazendo uma média, cerca de 12 mil veículos deixariam de atravessar Ranholas todos os dias. Estes 12 mil veículos deixariam de fazer os tais 2km a mais diariamente, ou seja menos 24 mil Km.

Cada carro consome aproximadamente 7 litros aos 100km, diariamente teríamos uma poupança de combustível de 1.680 litros, qualquer coisa como 2.856,00 euros  e ainda uma redução de CO2 na ordem dos 38kg. Anulizando estes valores.

  • Poupança de combustível 613.200 litros
  • Poupança no pagamento do combustível 1.042.440,00 Euros
  • Redução da emissão de gases (CO2) 13.870 kg

Neste caso, a inflação, os custos da guerra, os custos para o ambiente, o custo da importação de combustível, já para não falar da segurança e tranquilidade da população de Ranholas, não serão mais importantes que o custo ambiental que recai sobre todos?

Deixo esta mensagem, porque estou de acordo com o Presidente da República, deve-se explicar aos portugueses, o que aí vem, nomeadamente as consequências da inflação, da guerra e da gula financeira, (ah isto de falar da gula financeira não é politicamente correto)  cujo impacto se refletirá negativamente na vida das pessoas.

Entretanto, como não sou Presidente da República, reconheço que não tenho estaleca sequer para poder candidatar-me, limito-me a alertar para o que já cá está e, como nos podemos enganar uns aos outros com uns galardões.

Se Sintra, mesmo com este problema consegue ser um dos 100 destinos mais sustentáveis Sintra destino sustentável, parece-me que a tarefa de querer salvar o planeta uma utopia. 

Até porque o planeta está-se marimbando para nós, porque ele fica, com bom ou mau ambiente, nós é que podemos desparecer.

Nota Posterior à data do post (17/10/2022) - Entretanto leio o artigo, A Batalha do Nosso Futuro, de Diogo Queiroz de Andrade, na revista do Expresso, Edição 2607, de 14 de Outubro de 2002 e fiquei totalmente esclarecido sobre a questão ambiental , na versão de uma corrente de gente rica, denominada "longtermism" e fiquei esclarecido sobre todas as questões ambientais. Sugiro a leitura, mais que não seja, para ficarem a saber como o Mundo dos "influencers" ricos funciona.

 

 

 

27
Set22

Ser ambientalmente responsável


Vagueando

Enquanto sou bombardeado com notícias,  que temos  de mudar de vida, porque não há planeta B, eis que sou confrontado com notícias interessantes sobre o respeito que vamos tendo pelo ambiente.

Hoje na Sapo sou brindado com um record futebolistico,  onde participou o português Luis Figo. Tratou-se de um jogo de futebol, para constar no Guiness, disputado dentro de um avião, a 6 mil metros de altitude, que simulava a gravidade zero. Não foi só o record de jogar em gravidade zero, foi também a gravidade no impacto que estas coisas têm para o ambiente. Pode ler a notícia aqui - Record Guiness.

A outra notícia tem a ver com uma situação contrária. 597 mergulhadores concentraram-se no Sábado em Sesimbra, com o objetivo de bater outro record do Guiness, o que foi conseguido, juntar o maior número de mergulhadores para recolher plástico no mar, pode-se ler aqui - Recolha de plástico Sesimbra.

Ora aí está como vemos o ambiente, quem tem dinheiro para brincar fá-lo sem problema e sem problemas de consiciência ambiental, enquanto outros se voluntariam para limpar o que não deveria estar sujo, afinal os plásticos não chegam ao mar em modo de condução autónoma, nem por qualquer processo de inteligência artificial.

 

Nota Posterior à data do post (17/10/2022) - Entretanto leio o artigo, A Batalha do Nosso Futuro, de Diogo Queiroz de Andrade, na revista do Expresso, Edição 2607, de 14 de Outubro de 2002 e fiquei totalmente esclarecido sobre a questão ambiental , na versão de uma corrente de gente rica, denominada "longtermism" e fiquei esclarecido sobre todas as questões ambientais. Sugiro a leitura, mais que não seja, para ficarem a saber como o Mundo dos "influencers" ricos funciona ou melhor como condiciona os governos eleitos.

 

08
Jun22

O que é que estas duas imagens têm em comum?


Vagueando

À primeira vista, estas duas imagens nada têm em comum, mas têm e muito.

Falamos muito em ambiente, fazendo-nos sentir culpados, ora porque não reciclamos, ora porque comemos de mais o que não devemos, É bom manter a população em stress, para nos controlarem melhor.

Ao mesmo tempo que somos vítimas deste bullyng ambiental, o marketing e a finança  encarregam-se de nos fazer comprar e gastar o que não queremos nem necessitamos.

Há cerca de 50 anos, o meu pai comprou a caixa que se vê na imagem para andar dentro do seu carro. Dava-lhe muito jeito para colocar as compras ou coisas mais sujas evitando assim derramar liquidos ou sujar a bagajeira. Habituei-me a ver esta caixa desde miúdo e herdei-a com todo o gosto, passando eu a circular com ela agora no meu carro.

Entretanto antes de a herdar, procurei por todo o lado e não encontrei nada do género, apenas caixas parecidas. A questão é que essas "imitações de caixas" se partiam ou rachavam com toda a facilidade, pelo que no espaço de 20 anos comprei mais de 40 caixas para ir subistiuindo as que se partiam.

E, também hà cerca de 50 anos o meu pai construiu um casa de raiz para onde fomos viver. Na altura comprou-se torneiras Oliva, eram nacionais e a drogaria que as vendeu dizia que eram muito boas. Quando casei, há 35 anos, mudei de casa e uma das coisas que fizemos nessa casa foi renovar a instalação eléctrica e canalizações. Tudo muito modernaço.

As torneiras avariaram ao fim de 8 anos, tiveram que ser todas subsituidas e as que vieram a seguir também não duraram muito tempo. Casualmente, passava eu por uma antiga drogaria em Lisboa e vi na montra torneiras Oliva. Comprei todas, porque necessitava de todas , menos duas que infelizmente já não tinham. O Sr da drogaria disse-me que eram as últimas, leva aí bom material, do melhor que há.

Pois então desde essa altura, regularmente tenho que trocar as duas, que não são Oliva, mantendo-se em perfeito estado de funcionamento todas as outras, inclusivé todas que estão montadas, há mais de 50 anos, na casa do meu pai.

Estes materiais (caixa e torneira) eram feito em Portugal, eram bons, eram ambientalmente responsáveis, na medida em que não se produzia lixo desnecessáriamente e não se utilizava matéria prima sem necessidade.

Moral da história, o que há de comum entre estas duas imagens, é poupança e ambiente.

Estou farto de ser bombardeado com o mal que andamos a fazer ao planeta, de me fazerem sentir culpado. Afinal, o que está em causa não é o planeta, que aconteça o que acontecer, ele fica cá, regenera-se como sempre fez.

Quem pode ir à vida somos nós e não por "vivermos acima das nossa possibilidades ambientais" mas sim por nos "obrigarem " a viver dessa forma.

 

14
Nov21

Pandemia, ambiente e a liberdade que vamos perder


Vagueando

(Uma receita, elaborada por um chef sem tachos, onde se recorre a uma batedeira manual que ajuda a misturar, conceitos e ideias (se calhar pré-concebidas), para fazer sair uma sopa (talvez uma mixórdia) a consumir fria em nome do ambiente ou, se preferirem, em nome do custo do gás ou da eletricidade.

225781 (2).jpg

 

A crise económica de 2008 serviu para por na linha quem foi “empurrado” para contrair crédito a rodos e assim, alegadamente, passar a viver acima das possibilidades e mostrar aos que acreditavam no mundo livre e nas teorias de mercado e da globalização que, afinal, a riqueza deve ser distribuída com parcimónia para alguns e à bruta para muito poucos.

Pagar impostos era (se calhar ainda é) para tansos, porque quem não era  podia (se calhar ainda pode) sempre recorrer a uns planeamentozinhos fiscais.

A evolução tecnológica e digital, a par da inteligência artificial tem vindo a receber largos apoios públicos (ou seja dos impostos pagos pelos tansos) pelo Mundo fora sob a capa dos ernormes benefícios futuros para a sociedade. Ou seja a maioria dos que pagam impostos hoje estão a financiar a sua pobreza de amanhã porque não vão ter trabalho.

O potencial de conhecimento de quem domina e vai dominar estas novas tecnologias, deixarão os Estados sem qualquer tipo de capacidade, pelo que serão meros moços de recados deste novo poder.

A pandemia, com origem, natural, criminosa ou acidental, está a ser um grande teste no até onde se pode ir ou melhor até onde se pode pisar, as pessoas e os seus direitos, depois de na crise anterior se ter testado a teoria do ai aguenta, aguenta, aguenta.

Assim se avançou rapidamente para o teletrabalho o que, por si só, introduz duas novas realidades;

A primeira,  distância física entre pessoas da mesma empresa, aumenta o individualismo, reduz a capacidade organizativa/reivindicativa dos mesmos e segunda,  limitação de circulação das pessoas em geral, não mais é do que colocar pessoas em prisão domiciliaria e matar pequenos negócios nas cidades.

O mais curioso é que isto não é feito contra vontade das pessoas mas sim a pedido destas.

Falta falar do ambiente onde, mais uma vez, somos nós que estamos a exigir mudanças drásticas, algumas impossíveis de levar a cabo a curto prazo.

A grande moda ambiental, para que não percamos nada do que tínhamos antes são os carros elétricos. Tornaram-se uma realidade. Quem os compra tem a perceção de que está a fazer um bom negócio, quer do ponto de vista ambiental quer do ponto de vista financeiro, mas ainda queremos mais, exigimos que muitas empresas deixem de usar combustíveis fósseis, tornando-nos assim dependentes de apenas uma forma de energia a eletricidade.

Não deixa de ser curioso uma notícia que li há poucos dias em que um executivo de uma empresa de voos privados afirmava estar a ter sérias dificuldades em encontrar aviões para expandir a sua frota.

Mesmo depois de ter firmado a compra de 65 novos aviões a empresa tinha sido obrigada a cancelar vendas de blocos de horas de voo por não conseguir acompanhar a procura.

Pode ser lido aqui - https://executivedigest.sapo.pt/fabricantes-com-dificuldades-em-acompanhar-crescimento-do-mercado-de-aviacao-privada/

Referiu ainda este executivo, estar a comprar tudo o que aparece para fazer face ao crescimento anual de 30%. Isto porque os seus clientes, mesmo após um maior controle sobre a pandemia, reconheceram as vantagens da aviação privada. Até eu, que nunca fiz um voo privado na minha vida, reconheço as vantagens, grande novidade.

Portanto o ambiente é isto e mais umas manifes de jovens crentes (e bem na vida), cimeiras para debater a coisa ambiental em que todos os participantes viajam de carro eléctrico ou de bicicleta movida a pernas (também já as há elétricas porque pedalar à moda antiga era muito poluente), de parapente, para os que se deslocaram de mais longe e só se alimentaram com refeições de tofu e água. Nada de sopa da pedra, porque as pedras são para estar onde sempre estiveram. Se estou a mentir, alguém que atire a primeira pedra.

E nestas cimeiras saem soluções muito interessantes, a maioria ninguém as vai cumprir, mesmo os gajos da manifes anti tudo.

Não obstante, aquelas soluções fáceis de implementar, como por exemplo não engomar a roupa que se veste (sempre é mais chique andar de camisa engomada com umas calças rotas que custaram os olhos da cara) ter um dispositivo em casa que aproveite a água de lavar fruta e saladas para um depósito que sirva para regar ou para a máquina de lavar roupa e louça ou até usar uma torneira que, ao ser aberta para a água quente faça retornar a água fria à canalização até que esta lhe chegue quente, não se vê nada disso.

Imaginem que a Madonna, o Cristiano Ronaldo, o Tom Cruise, começavam a sair à rua com roupa não engomada, quantas emissões de CO2 se evitariam e quanta electricidade se pouparia.

Que me perdoem os fabricantes de ferros de engomar!

Quando o dinheiro deixar de circular e/ou as criptomoedas deixarem de ser apenas um instrumento especulativo e passarem a ser moeda oficial, bastará uma crise como a de 2008 para que a maioria das pessoas fique sem nada, porque não tinham umas notas debaixo do colchão. Uma crise não é como o Natal, que é quando um homem quiser, a crise é quando alguns homens decidirem que tem que ser. Que me perdoem as mulheres!

Dizem que o tempo não volta para trás, mas desconfio que desta vez é que vamos viajar para trás no tempo, para a altura em que andávamos descalços, vivíamos em barracas, sem electricidade nem água canalizada, onde uma carroça puxada por um burro já era um sinal exterior de riqueza, cultivava-se umas batatas e umas couves, algumas já eram de bruxelas, e sem o PAN podemos sempre ter uns porquitos e galinhas para matar e comer.

23
Abr21

Espectador de rotundas, cruzamentos e entroncamentos


Vagueando

Não é que tenha que dar satisfações da minha vida a ninguém. Contudo, quando (mal) alimentamos um blog ainda, que sem a responsabilidade de alguém morrer à fome por não ter colocado nada no prato virtual - ainda me lembro da malta que se levantava da mesa para ir apanhar a fruta ao FarmVille para alimentar o Tamagotchi – volto hoje ao contacto.

Resolvi ir abastecer o carro. Esta coisa do cartão fidelidade que dá pontos e descontos, obrigou-me a ir ao posto de combustível habitual. Em boa verdade foi mais uma desculpa para sair de casa, dentro do Concelho. Cumpri com as regras, fui para fora (de casa) cá dentro (do Concelho).

Já tinha tentado dar uma volta com o carro dentro de casa, mas por azar tinha posto o ano passado umas floreiras na escada e, por isso, não conseguia chegar à sala onde tinha espaço para fazer drifting.

Para chegar à bomba (atenção a nossa saúde mental não anda muito bem, não pensem que estou a planear algum ataque bombista) - tive que passar por 6 rotundas, 23 entroncamentos e ainda um cruzamento

Como sabem, pelo menos aqueles que conduzem, quem entra numa rotunda (e bem) tem que esperar que quem está lá dentro se vá embora. Chego à primeira rotunda e espero que todo trânsito passe e também esperava que quem saísse antes de chegar onde estou à espera, fizesse, tal como está obrigado, o pisca a informar que vai sair, onde eu, pacientemente, estou à espera para entrar . Como ninguém faz pisca, fico ali como espectador do trânsito que passava.

Com a falta de espectáculos de âmbito cultural, apercebo-me que é culturalmente aceite o desrespeito pelo Código da Estrada no que respeita a sinalizar as mudanças de direcção. Percebem agora porque há filas de trânsito?

Fui ficando a contar quantos carros passavam por mim e quantos saíam, sem fazer o tal pisca. Até que me buzinaram, perdendo a contagem. Milagrosamente uma brecha e lá fui. Nas outras 5 rotundas as coisas não melhoraram.

Nos entroncamentos também foi engraçado, pelas mesmas razões, quem saía à direita da estrada onde eu, pacientemente, estava à espera para entrar, não fazia o pisca e lá ficava a contar carros enquanto esperava, até que vinha a buzinadela, que coincidia com as brechas e lá ia eu.

Estão a imaginar o que aconteceu nos restantes 22 entroncamentos. Mais do mesmo pois claro, mas com uma novidade. Num deles, uma daquelas carrinhas de caixa alta resolveu parar mesmo na esquina, pelo que não via nada mais do que um caixote branco enorme ao meu lado esquerdo e ali fiquei à espera que o condutor do caixote chegasse para ter a visibilidade necessária para sair dali em segurança.

Falta o único cruzamento. Chego, paro, escuto e olho. Esqueci-me que não era preciso escutar, afinal  era só um cruzamento e não uma passagem de nível. Incrível, não vem ninguém de lado nenhum. Avanço, sem medo, mas eis que um grupo de ciclistas, me aparece de frente, em contramão, saído dum canavial e ainda me insultam porque conduzo um carro de combustão interna, a gasóleo, que é um perigo para o ambiente, e para as pessoas que respiram, agora de máscara, aquela trampa que sai dos gases de escape. Ainda bem que o meu carro só tem um escape, caso contrário, tinha sido linchado ali mesmo.

Estava quase a chegar a casa, reparo que ainda tenho menos combustível do que quando saí. As filas nas rotundas, nos entroncamentos, e no único cruzamento, tinham esgotado o combustível a minha paciência e aliviado a minha carteira.

Aproveito uma rotunda, volto para trás, chego na reserva ao posto de combustível, atesto, pago e sigo para novo calvário.

Repetem-se as peripécias, mas consigo chegar, finalmente a casa hoje, com menos de meio depósito, um pouco mais do que tinha quando saí para abastecer, em 3 de Março.

Está explicada a razão pela qual não tinha escrito mais nada.

13
Out20

Mentira


Vagueando

Hoje escrevo para mentir.

Mentir, isso mesmo, dito assim, descaradamente.

Mentir a mim mesmo. Mentir como se estivesse a discutir sobre a culpa de, como peão, ter sido atropelado por mim próprio, na qualidade de automobilista.

Depois do atropelamento, desculpem, do confinamento, resolvi também mentir sobre o medo. Não do medo de sair à rua, mas do medo de respirar.

Decidir deixar de respirar não é bem como tomar a decisão do tipo, hoje vou parar de fumar e deixo de comprar tabaco. Contudo, cravo um de vez enquanto aos amigos. Até que os amigos se negam e deixo de fumar.

Isto de deixar de respirar, já me perseguia antes da pandemia, por causa dos gases com efeito de estufa (ver E no entanto, as vacas continuam a peidar-se aqui) https://classeaparte.blogs.sapo.pt/e-no-entanto-as-vacas-continuam-a-11359?tc=52615441535

Até esta altura só treinava para deixar de respirar quando ia tirar uma chapa aos pulmões e o técnico dizia: Encha o peito de ar, não respira, não respira, não respira, pode respirar.

Ainda com esta ideia maluca por resolver, saí porta fora, para voltar a circular. Já na rua lembrei-me que o melhor seria respirar em modo de segurança.

(A propósito de porta https://classeaparte.blogs.sapo.pt/as-portas-15637)

Respirar em modo de segurança, consiste em fornecer aos pulmões apenas 50% do oxigénio que preciso, mas devidamente filtrado por uma máscara

Em vez de inspirar com a convicção de que o ar puro faz bem à saúde, passei a respirar, não sei se sem convicção ou se com a convicção de que respirar afinal, pode fazer muito mal à saúde.

Este tipo de respiração tem a vantagem de encaixar bem com a narrativa actual, safe and clean. Ao respirarmos menos, não só reduzimos em 50% o risco de deixar entrar o vírus e ao mesmo tempo, fica disponível mais ar limpo - ainda que possa estar “covidado”. Se está mais limpo, também estamos a contribuir para um ambiente melhor, ainda que o ambiente mental das pessoas possa, eventualmente, estar a piorar.

Para continuar a mentir deixo algumas imagens (ver link abaixo), destas minhas saídas.

https://photos.app.goo.gl/fh37ncEZcBiHnFox9

Acredito que acreditem que algumas fotos possam parecer verdadeiras. Nada mais falso porque, se forem a estes locais não vão ver nada daquilo que eu retratei.

É tudo uma questão de sorte e de respiração, inspiração, expiração, sudação e muita concentração.

Sou um mentiroso, mas agora a sério.

Estamos todos a precisar, agora que vem aí o Inverno, de calor humano, de voltarmos as estar juntos, onde quer que estejamos.

Só estou preocupado com uma coisa. Andam para aí a dizer que uma mentira contada muitas vezes passa a ser verdade, pelo que já estou baralhado e sem saber se falei verdade ou se contei uma mentira.

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