Tótó
Vagueando
Há uns bons anos discutia (amigavelmente entenda-se) com um amigo o uso do cinto de segurança do automóvel. Estávamos nos primórdios da obrigatoriedade do seu uso e existia muita resistência dos condutores em coloca-lo. Esse meu amigo defendia que o uso deste dispositivo era mais perigoso do que não o usar, dando como exemplo, a maior dificuldade em sair do carro em caso de incêndio após acidente e acrescentava, só o uso para não ser multado.
Eu defendia que o usava porque acreditava que me oferecia uma proteção extra. Nessa altura já tinha lido uns artigos sobre o tema e como fui comissário no Autódromo do Estoril, convivi com pessoas ligadas ao desporto automóvel, pelo que estava convencido dos seus benefícios, o que o tempo feio comprovar de forma inequívoca.
Também é justo dizer, que a construção dos automóveis modernos, ajudaram bastante na mitigação dos ferimentos em caso de acidente.
Atualmente assistir-se-à discussão da obrigatoriedade do uso de capacete em ambiente citadino, quando se conduz uma bicicleta ou trotineta. Sou claramente a favor do seu uso e tenho dificuldade em engolir os argumentos para não o usar, mas coloco-me de fora desta “guerra”.
Vem isto tudo a propósito de um componente de uso obrigatório nos automóveis movidos a Diesel, o Catalisador.
Quando este componente avaria, a maioria dos condutores opta por retira-lo porque se trata de um componente bastante caro. Esta decisão fez-me recordar a discussão do uso do cinto de segurança, acima referida. Os que optam por retirar o catalisador fazem-no porque (ao contrário do uso do cinto) não têm medo de ser multados, a fiscalização não existe e até se diz por aí que os Centros de Inspeção não possuem a tecnologia que permite detetar a falta deste componente.
Por outro lado, também se diz por aí, que a multa pela falta deste componente é ridiculamente barata, pelo que mesmo que se seja multado várias vezes, ainda fica muito mais barato do que montar a tal peça. Obviamente quando refiro a “que se diz por aí”, estou a dizer que desconheço a veracidade de tais afirmações.
E lá entro outra vez na discussão porque o meu catalisador pifou e resolvi montar um novo, o que me custou uma nota preta, como se costuma dizer.
Fi-lo, desta vez não por acreditar que é uma complemento à minha proteção, mas sim porque é um complemento à protecção de todos e do ambiente, afinal tenho família e da família faz parte uma neta com menos de um ano.
E como é vista esta minha acção pela sociedade e pelo meu antigo amigo? Sou um tótó.
Ainda que da minha parte esteja convicto que tomei a decisão correta e que isso me coloca de consciência tranquila mas, só o facto desta afirmação ser usada pelos políticos quando ficam sob suspeita da prática de alguma infração, dá logo uma conotação negativa à coisa.
É a vida!