15 mortes nenhuma indignação
Vagueando
Lamentavelmente a operação Páscoa, levada a cabo pela GNR nas estradas portuguesas neste período festivo, registou 15 mortes.
As explicações das causas ficaram-se, como habitualmente, pelo excesso de velocidade e o excesso de álcool no sangue.
Parto do princípio que as autoridades e as entidades ligadas a esta temática, há muito que identificaram estas causas como as principais causadoras dos acidentes.
O risco e os acidentes fazem parte da vida que, neste caso, fazem parte da morte.
Vamos partir da hipótese que alguém não para num sinal de Stop, é abalroado por um camião e morre. O camião circulava a 80 km/h, numa Estrada Nacional, dentro do limite de velocidade e o condutor do mesmo não tinha qualquer vestígio de álcool no sangue ou de outras substâncias proibidas.
A hipótese acima sai fora do padrão referido e acredito que este exemplo entre outros, fora dos mesmos padrões, provocam acidentes graves dos quais resultam feridos e mortes.
Nem todos os acidentes se deverão às causas repisadas nos meios de comunicação social. Contudo, fica a ideia de que todas as outras infrações, são menores o que transmite uma sensação de impunidade que não é reprimida.
O que me espanta e me deixa mesmo incrédulo, perante este número de mortes, é o grau de indignação social ser zero. Esperava, no mínimo, que a indignação fosse igual ao espetáculo mediático montado em torno do atropelamento mortal, numa auto estrada, onde é suposto não existirem peões, pelo veículo do ex-ministro da Administração Interna EduardoCabrita.
Não se trata de desculpar o ministro ou o seu motorista, mas a exigência para que tudo se apure, inclusive a ACA-M (Associação de Cidadãos Auto Mobilizados) constituiu-se assistente no processo judicial em curso contra o ministro e não exista nenhum interesse em escalpelizar as causas, com efeitos pedagógicos, destes acidentes, nomeadamente dos mais graves.
Afinal e volto a repetir, em quatro dias morreram 15 pessoas.
Serão estas vítimas menos importantes que o infeliz trabalhador da A6 que faleceu na sequência do atropelamento do carro onde seguia o ministro?
Serão os condutores envolvidos nestes acidentes, menos responsáveis pelos acidentes em que se viram envolvidos, que o motorista o ministro?
Serão estes mortos descartáveis pelos meios de comunicação social, por não estar nenhuma figura pública envolvida?
Será que as televisões, os jornais, as seguradoras, estas últimas chamadas a pagar prejuízos significativos, as entidades como a ANSR, a ACA-M, não deveriam mostrar aos cidadãos o que está em causa?
Não existe nenhum interesse das televisões, das seguradoras, da ANSR da ACA-M em dedicar um programa exclusivamente dedicado à segurança rodoviária, quando existem programas dedicados aos automóveis?
Será estas mortes não têm um custo superior à indemnização dada à ex gestora da TAP Alexandra Reis, ou sobre estes custos ninguém, quer saber?
Recordo um artigo recente sobre os custos da mobilidade sustentável que também não indignou ninguém.
Para terminar deixo a foto abaixo e pergunto:
Quem fez estas pinturas no pavimento, numa curva e contracurva não iria em excesso de velocidade, ou melhor, com tanta pressa nem reparou que o que fez estava errado?
Quem colocou a sinalização vertical a assinalar, em complemento à pintura das linhas no pavimento, não estaria com excesso de álcool no sangue?