Ideias soltas ou à solta!
Vagueando
Os meus processos criativos são tão raros que poderiam comparar-se à sorte daquele que encontra a Lâmpada de Aladino e o génio lhe concede três desejos. Com a gula de aproveitar ao máximo todos os desejos acaba sempre por falhar algum ou obter outro que, afinal, não era assim tão desejado.
Na minha ânsia de obter ideias para escrever, acabo por ter muitas mas que não se ligam umas com as outras e desisto, ainda que se venda por aí a ideia que desistir não é opção.
As palavras são peso que a balança não sente, são sentimento cheio de ironia, mentira e verdade, são aquilo que não quero que sejam, um carrego na minha mente. Sei que não sou nem consigo ser poeta e embora tente e me esforce, também não sou escritor, carrego ideias fugazes como um cometa, que são a dor de um texto sem sabor.
Não sei se é a natureza que está baralhada ou baralha a minha natureza, mas até o meu azevinho está com as voltas trocadas, um ramo pensa que já está no Inverno e outro na Primavera, as suas bolinhas que deveriam ser todas verdes, algumas já estão vermelhas.
Invocou-me em conversa de árvore para homem, o direito à diferença, todos diferentes todos iguais e as bolinhas verdes, carregadas de esperança, zombam das suas congéneres vermelhas (quem sabe coradas de vergonha) por se terem deixado seduzir pelo rápido e inconsciente amadurecimento, tipo a ilusão do livre arbítrio (Ver livro de Oscar Wilde - Histórias à Volta da Mesa).