Escadinhas e queijadinhas (light) de Sintra
Vagueando
A vida na grande terra
Corrompe a humanidade
Entre a cidade a serra
Prefiro a serra à cidade
António Aleixo
Depois do primeiro Escadinhas de Sintra ter sido um fiasco, não porque alguém se tivesse ido abaixo das canetas ou porque o coração não aguentasse, mas sim porque só apareceram 2 participantes, deu para perceber que de manhã e já agora também de tarde, o bom é na caminha, ou seja, com o rabinho colado ao colchão. Estou plenamente convencido que se as escadinhas fossem rolantes e em vez de estarem na serra, estivessem num qualquer Centro Comercial tinha sido um sucesso garantido.
O projecto Escadinhas de Sintra consistia, e ainda consiste, em trazer pessoas a Sintra para caminhar, (de carro, de autocarro e de tuk tuk’s, já há cá muitas) ora para cima ora para baixo. Era cool, era ecológico e, além disso fazia-se exercício físico mas não vingou, se calhar por ser tão bom. Vá lá entender-se esta gente (ecologicamente) moderna!
Faz-me lembrar quem vai de carro até ao aprazível Parque das Nações para correr e andar, mas deixa-o mais perto possível de um café ou pastelaria, mesmo que fique parado na rotunda, em segunda fila, ou apertadinho noutro lugar quando, junto ao Rio Trancão há lugares grátis com fartura. Há mas ah e tal, são longe e não está lá ninguém para apreciar o equipamento fitness, todo xpto, de marca e na moda.
Acredito que o habitual nevoeiro de Sintra, tenha pesado na decisão de faltar. Talvez pensassem que tornasse a caminhada sem interesse ou tivessem receio das lendas e do sinistro ou, quiçá, que El Rei D. Sebastião, finalmente, aparecesse e ficasse chocado com tanta gente desarmada a assaltar o castelo em plena serra de Sintra. Mas não, contou-me um youtuber que a malta não gosta do nevoeiro porque as selfies não saem bem e o mesmo também prejudica o sinal do telemóvel, pelo que na maioria das vezes não dá para postar em directo.
Como não sou de desistir à primeira resolvi aditivar (cheira a combustível) às escadinhas umas queijadinhas, ou seja, apimentar a coisa, mas com doce.
A ideia das queijadinhas pareceu-me boa, mas o receio fundado dos nutricionistas, dos seus seguidores fundamentalistas, do vício que se transmite às criancinhas com estas iniciativas e até da taxa sobre o açúcar, ainda foram factos que me levaram a pensar em desistir, que se lixem as Escadinhas.
Mas aí, surgiu uma ideia luminosa, lá está a inovação é espectacular e por causa das dietas e da alimentação saudável, resolvi que a sacarose até pode ser boa, se for da moda, ou seja, light.
Juntar light à coisa doce pode ser cientificamente correcto mas, se não estiver no Facebook, com um mínimo de, digamos um milhão likes, não vale nada.
Já estou a estudar a hipótese de abrir uma conta no Facebook , para divulgar isto, mas só quando o Zuckerberg tiver resolvido todos os problemas relacionados com a proteção dos dados.
Portanto o leitor, imagine; As escadinhas e queijadinhas (light) de Sintra, é um passeio que não é very-light do ponto de vista físico, mas é light do ponto de vista nutricional, excepto se em vez de comer uma queijadinha, enfardar uns bons pacotes das mesmas (eu não posso dizer isto, daí ficar entre parêntesis, mas que dá gosto comer um pacote de queijadas de enfiada, lá isso dá).
Está na sua mão e no controlo que o seu cérebro conseguir exercer sobre a gula, a forma de perder a forma ou ficar em forma.
Então agora que o apetite já foi aguçado, resta dizer que as escadinhas que vamos encontrar (algumas) são pequenas, merecem a classificação que lhe deram, outras nem por isso, são mais escadões. Umas são largas, outras são estreitas, umas têm corrimão, outras, por mais que pesquise, não o vislumbra, nunca lá foi posto. Umas são mais inclinadas outras nem tanto, umas brilham pelas vistas deslumbrantes e de tirar o folego (mentira o esforço é que nos tira o dito), outras não brilham porque o sol não entra, estão encurraladas entre muros ou incrustadas na densa vegetação, umas são às curvinhas, outras a direito. Viradas a norte, a este, a oeste ou a sul, lá estão elas à espera de serem pisadas pelos corajosos caminheiros, andantes, andarilhos, andandeiros, andadores, andejos, caminhantes, transeuntes, nacionais ou estrangeiros, agora que já não há aguadeiros nem tão pouco almocreves.
As Escadinhas de Sintra permitem-lhe ascender a pé, a níveis e a cotas que costuma fazer de carro, mas com a vantagem das queijadinhas (light) de Sintra lhe darem a glicose necessária para dar corda aos sapatos e, ao mesmo tempo eliminá-la com prazer. E o melhor é que sem dar passos a mais, vai encontrá-las ao longo deste percurso maravilhoso-
Confuso, olhe para o gráfico altimétrico do passeio (ver olink das fotos) e imagine quantas escadinhas cabem lá e como vai variando a sua glicose quando sobe e a sua auto-estima quando, sentadinho a descansar em plena serra, come a queijadinha. Se optar por ficar na caminha, vai ver como fica ao rubro, não pelo calor gerado dentro da dita, mas de vergonha por ter optado pelo vale dos lençóis em detrimento do movimento que lhe dará alento para nova semana de stress.
Subir para cima destas escadinhas e descê-las para baixo, não é mais do que uma montanha russa pedestre, onde a velocidade em metros/segundo dá lugar a pulsações/minuto e em que adrenalina é substituída pelo esforço físico. Ao juntarmos as queijadinhas, tudo fica mais apetecível, mais convidativo e mais fácil.
Por fim, quando terminar, as cerca de 40 escadinhas e os seus quase 2.000 degraus, pode levar um pacote das ditas, de cada fabricante de Sintra e se quer que este dia seja mesmo excepcional, leve também um travesseiro e antes de pensar em usá-lo para dormir, coma-o.
E se gostou, não interessa se mais das escadinhas ou mais das queijadinhas light, então volte e repita.
Aqui ficam algumas fotos
https://photos.app.goo.gl/bBdnRarXxxzwArKc9