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Generalidades

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25
Jun23

Sintra uma caixinha de surpresas


Vagueando

Alguém teve a feliz ideia, fora da caixa, de juntar o ar livre, as caminhadas e a música.  E onde é que todo este três em um inovador, podia acontecer? Em Sintra, What else!

Tenho que reconhecer que a Directora da Cultura da CMS, Drª Ana Alcântara e a Direcção Artística do Festival de Sintra, o maestro Martim Sousa Tavares, realizaram um excelente trabalho.

O espectáculo de dia 24 de Junho, que juntava tudo isto, e mais alguma coisa, desculpem qualquer coisinha “Worten”, foi realizado no topo da praia de Magoito. Teve tudo para brilhar, ainda que o Sol não tivesse brilhado, adivinham porquê?

Nevoeiro, claro, faz parte do Verão de Sintra e do Oeste como muito bem frisou um dos membros da Postcard Brass Band.

Portanto, se por acaso nas fotos (e uns pequenos filmes) que poderão ver no link abaixo não conseguirem ver o mar, queixem-se ao nevoeiro, porque ele estava e está lá todos os dias. Se não acreditam mas sabem seguir as coordenadas GPS, podem lá ir, a pé claro, escolher um dia sem nevoeiro, vão confirmar que falo verdade.

Aqui ficam as coordenadas 38º 51’ 32,78’’N – 9º 26’ 52.94’’W.

Na caminhada entre as Azenhas do Mar e o local do evento, depois de sair desta magnífica aldeia, encontramos a Casa Branca, do arquiteto Raul Lino, onde Madona gravou o vídeo-clip com as batucadeiras de Cabo Verde, “Batuka” . Tenho que reconhecer que Madona enquanto esteve em Portugal, percebeu muito bem a beleza de Sintra.

Pois bem, não sou entendido em música, muito menos em meteorologia, mas como gostei do espectáculo, a acústica pareceu-me muito boa, os aplausos de pé (é certo que as cadeiras não existiam e as pedras não eram propriamente o local ideal para estarmos sentados) dos presentes (resistentes ao frio, quando uma onda de calor estava a atravessar o país) deu para perceber que a coisa foi mesmo muito boa.

Por fim, estive atento, se Martim Sousa Tavares, o maestro, aplaudiu e bem, quem sou eu para duvidar que a performance (fica sempre bem um estrangeirismo nos posts) da banda não foi mesmo melhor do que eu estou para a aqui a relatar? Parabéns aos músicos, aos organizadores, aos (caminhantes) espectadores. Ah e ao nevoeiro, que apareceu para dar o ar da sua graça.

 

Linka para as fotos. Não deixem de ver o videdo clip da Madona, Batuka, vão reconhecer a Casa Branca que aparece nas fotos.

https://photos.app.goo.gl/NuWhpQoF9Ecfhsak9

 

15
Jun23

O Caminho


Vagueando

Comecei a andar por aquele caminho que não sabia para onde ia. O nevoeiro cerrado não deixava perceber em que direção seguia, tinha a noção dos pontos cardeais mas não tinha nenhuma referência que me permitisse identifica-los, era como se tivesse na mão uma bússola desorientada na presença de um íman.

Contudo, simpatizava com aquele caminho, talvez até tivesse carinho por ele, ainda que racionalmente não existissem razões para tal.

Sentia a sua beleza sem a ver, sentia a sua sinuosidade sem a compreender, sentia que subia ou descia através do maior ou menor esforço para caminhar e sentia que devia continuar. O comum dos mortais dar-se-ia como perdido mas eu não estava, afinal nem sabia para onde seguia aquele caminho e também não fazia a mínima ideia para onde queria ir.

Quando os meus pés, único sensor que me ligava à realidade, perdiam a sensação de pisar terra e pedra, passando a tatear um tapete húmido e fofo, sabia que me tinha desviado do caminho e entrado numa floresta. Aí parava e procurava regressar ao caminho que me queria levar não sei onde.

O caminho era abraçado por copas das árvores que não via e pelo nevoeiro que também não me deixava ver os meus pés, mas seguia-o na esperança de encontrar o que não sabia ou com medo de encontrar coisa nenhuma e ficar ali, no caminho ou fora dele.

Caminhei, caminhei, caminhei, sei lá porquanto tempo, também não me interessava o tempo, nem tinha forma de o medir, apenas sabia, através da pouca luz que atravessava aquele espesso nevoeiro, que era dia. O caminho seguia algures não sei por onde e eu seguia para lado nenhum (1).

Fiquei curioso com isto do lado nenhum, como materializar o lado nenhum. Tentei imaginar como o fotografaria, como me sentiria eu ao lado do lado nenhum. Finalmente um bom motivo para continuar, agora tinha um objetivo, encontrar o lado nenhum.

Continuei então, de vez enquanto o vento sacudia as copas das às árvores que aliviavam ruidosamente as gotículas de água que se tinham acumulado nas suas folhas e que sem dó nem piedade, caiam em cima de mim. O vento parecia forte, espaçadamente tão forte com rajadas furiosas. Como era possível sacudir as árvores com tanta violência e deixar o nevoeiro tão calmo a envolver tudo e mais alguma coisa?

Não compreendia.

Era tão estranho que não sabia se estava num ponto alto, onde o nevoeiro gosta de se fixar com maior regularidade ou se ele, nevoeiro, desta vez, tivesse descido tão baixo até ao meu caminho apenas para me atrapalhar ou quem sabe, me ajudar. Não obstante as dificuldades, continuava porque aquele caminho me guiava e de certo modo dava-me tranquilidade, afinal todos os caminhos vão dar a Roma, mas antes de lá chegar, chegam a outros lados, quem sabe se ao lado nenhum. O curioso é que este caminho não se encontrava com outros caminhos, nem sequer uma vereda, que me obrigasse a tomar uma decisão de continuar ou de o abandonar, não tinha nada que enganar, como se eu não me estivesse, quase de certeza, a enganar-me a mim mesmo ao seguir aquele caminho.

Afinal o caminho faz-se caminhando e para a frente é que é caminho.

Sentia cheiros que não conseguia identificar, mas os que identificava permitiam-me saber que aquilo à volta era terra húmida, estava habitua a ter água em abundância. Mas não ouvia água a correr, era como se não existissem rios ou riachos a terra absorvia toda a água que por ali caísse, exceto a que era despejada em cima de mim, pelas árvores em fúria com o vento que as sacudia. Ouvi aqueles chocalhos usados pelo gado nas pastagens. Este som tão tranquilizante, parecia-me longe ou então era perto mas estava abafado pelo nevoeiro e desvirtuado pelo vento. Podia tentar seguir o som na esperança que o cão pastor me farejasse e me conduzisse a alguém. Desculpei-me a mim mesmo, nenhum cão me farejaria, o vento, o nevoeiro, quiçá a distância o impediria de sentir o meu cheiro. Talvez, no fundo, no fundo, não quisesse encontrar mesmo ninguém e seguir o (meu) caminho.

Continuei, sentia agora o vento mais forte e percebi que as árvores teriam ficado para trás, já não recebia salpicos e o vento era mais forte, estava em campo aberto sem o ver, maldito nevoeiro porque não te vais embora. A paisagem que não via assumia-se como fantasmagórica no meu imaginário, mas a roupa começava a secar com a ajuda da brutalidade das rajadas de vento que me dificultavam a progressão no caminho. O caminho seguia e eu seguia-o, como um crente em Deus, mas sem esperança no que quer que fosse, apenas e só com o desejo de continuar.

A dado momento o vento, ainda que forte deixou de se manifestar em rajadas, era mais quente, mais aconchegante não fosse o pó que trazia consigo e que se me colava no rosto, começava a ficar exausto, mas não parava, sempre com o pensamento de que chegaria a algum lado, talvez ao lado nenhum. Estou a sonhar, tenho que acordar, acabar com isto, lavar a cara, já não suporto este pó colado ao rosto que me impede de ver, como se o nevoeiro não bastasse. Mas qual quê, não era sonho era realidade, o nevoeiro e o vento não mentiam, sentia-os e bem.

Seitei-me no chão pedregoso e seco, senti o cheiro do mar, que me reconfortou, fechei os olhos para o imaginar, foi como se tivesse posto os óculos da realidade virtual, vi o mar e praia.

Abri os olhos, o nevoeiro desaparecera, à minha frente tinha uma mulher que me observava, perguntei-lhe o nome, respondeu Mariana.

Demos as mãos, seguimos os dois o caminho, que ainda estamos a caminhar, até que a morte nos separe e ainda não encontramos o lado nenhum. Desde esse dia, encontramos sim, lado a lado, muitos e bons lugares, por todos os lados. 

(Título de um livro espantoso da autora Júlia Navarro e cuja história explica o que é ser de lado nenhum)

14
Jun23

Da caça à multa à falta de caça


Vagueando

Hoje, em grandes parangonas, anuncia-se por aí, com revolta e indignação, que os militares da GNR vão passar a receber uma percentagem nas multas que emitirem, sugerindo-se nessas notícias, pelas imagens e pelos títulos que estas percentagens incidem sobre infrações rodoviárias.

Até o Polígrafo, na sua avaliação, publica a foto de uma brigada de trânsito da GNR.

A verdade é que as mesmas vão incidir sobre infrações fiscais e aduaneiras, mas mesmo que fosse sobre as rodoviárias, a questão nuclear é que a caça à multa só resulta, se existir caça para ser caçada.

Eu gosto de ver o problema ao contrário, ou seja a GNR indignada e revoltada que não tem nada para caçar, tal como, todos os anos se queixam os caçadores munidos de cães pisteiros e espingardas, quando voltam de mãos a abanar no final de um dia de caça.

Também gosto de pensar que se alguém decide premiar (não querem a meritocracia em todo o lado?) a caça é porque existe caça para ser caçada, podemos dar como exemplo a praga de javalis que, segundo muita gente, ninguém lhes dá caça, o que causa muitos prejuízos económicos, o que acontece também com as fraudes fiscais e aduaneiras.

No limite o que eu gostava mesmo de ver  noticiado, em grandes parangonas, era a GNR e a PSP a queixarem-se que não tinham nada para fazer. Acho que seria dinheiro bem empregue nos ordenados que se lhe pagavam e, de certeza, o país estaria bem melhor.

11
Jun23

Primal Survivor


Vagueando

A National Geographic tem um programa onde Hazen Audel, um instrutor de sobrevivência e guia da natureza, viaja até alguns dos locais mais extremos do planeta para enfrentar desafios a solo que o levarão ao limite do conhecimento, resistência e habilidades.

Depois de quatro crianças com 1,4, 9 e 13 anos, sobreviverem quarenta dias na Amazónia colombiana, para além de antes terem sobrevivido à queda da avioneta onde seguiam e terem perdido a mãe, parece uma tarefa bem mais complicada.

Tanto quanto se sabe pelas notícias, a criança mais velha, se é que o termo “velha” pode ser aqui aplicado, sabia não só sobreviver na selva, como também  cuidar de uma criança de tenra idade o que é espantoso, já para não falar do sentido de missão que assumiu e levou a bom porto.

Sugiro que o instrutor do Primal Survivor, faça um upgrade do seu curso com estes miúdos.

É que segundo a imprensa portuguesa, a menina de 13 anos tinha os skills de sobrevivência necessários e claro que isto de ter skills em vez de conhecimentos, dá outro enfoque à notícia e permite que Hazen Audel perceba o que quero dizer com a sugestão do upgrade.

Parabés crianças (adultas). 

Isto é só uma ideia, mas mereciam estar presentes, nas Jornadas Mundiais da Juventude e no Altar-Palco.

08
Jun23

Um motor descrito por uma mulher de letras


Vagueando

Despertou-me a curiosidade do título "O Infinito está nos olhos do outro”, mas logo olhei para o lado, porque achei estar na presença demais uma tanga. Mas, não sei porquê, voltei atrás e ao título e constatei que era escrito por uma jornalista da RTP, Fátima Campos Ferreira e com prefácio de António Ramalho Eanes, duas figuras que me merecem muito respeito.

Comprei o e li o livro, do qual destaco dois pequenos excertos que se identificam comigo e de que gostei particularmente.

O primeiro tem a ver com um carro, que foi o meu primeiro carro um VW Carocha e fiquei estupefacto como uma mulher de letras descreve, em tão bem e tão poucas palavras, o motor deste carro.

"O motor do carro tinha um ruído inesquecível, como se tivesse um botão de volume e aumentasse e diminuísse à medida que dobrávamos curvas ou entrássemos nas povoações” .

Se a inteligência artificial conseguisse pegar neste texto e transformá-lo no tal “ruído” aposto que os meus ouvidos jamais o aprovariam. Só quem viajou neste carro conseguer entender o que ali está descrito.

O segundo tem a ver com um gosto muito especial que tenho pelas coisas que já foram usadas e carregam um passado. Estas coisas só contam o seu passado a quem estiver disposto a conhecê-lo.

“O sentido do usado ganhava a ilusão da viagem ao mundo de outras vidas”

Quando olho para um objecto usado, seja meu ou esteja numa qualquer feira de velharias é este o meu sentimento.

De resto, este livro, sendo a história de uma familía, não aprofunda detalhes desnecessários, descreve vivências de outras eras  que merecem ser conhecidas.

Parabéns Fátima Campos Ferreira

02
Jun23

Soco da EMEL


Vagueando

Declaração de (não de interesses) mas de cidadão – Só conheço o caso da alegada agressão a um cidadão por fiscais da EMEL pelo li nos jornais.

Não posso deixar de lamentar que este(s) colaborador(es) da EMEL tenham agredido um cidadão.

A justiça nestes casos não costuma falhar nos julgamentos que faz, esperemos então por essa parte. Desejo as rápidas melhoras ao cidadão agredido.

O que me interessa agora  é o objectivo da EMEL, o cumprimento do Código da Estrada e o que se exige a estes funcionários de uma empresa municipal.

A EMEL (segundo a própria) tem como missão a gestão da mobilidade e do estacionamento em Lisboa, através da gestão e fiscalização de lugares na via pública, de parques e de Bairros Históricos. Presumo e estranho que não conste da Missão que esta gestão terá em conta as regras do Código da Estrada e a segurança do cidadão.

Considerando os pressupostos em causa, não deveriam os seus funcionários ser premiados consoante o maior ou menor número de multas que emitem. Contudo, há muito que a opinião pública vem defendendo que a meritocracia e os prémios que lhes estão associados devem ser  premiados, se atingidos os objetivos traçados, tal como se exige nas empresas privadas. A EMEL aproveita a boleia para definir objetivos quantitativos (monetariamente falando) que são o melhor dos dois mundos, arrecada-se mais receita e premeia-se quem a ajuda a obter, desvirtuando assim o necessário bom senso que deveria pautar um serviço desta natureza.

O que está em causa é a boa gestão do estacionamento no espaço público de modo a que possa ser utilizado em rotatividade, assegurando-se que estes lugares de estacionamento oferecem espaço suficiente, segurança, não causam embaraço ao trânsito e cumprem com o preconizado pelo Código da Estrada. Em 2018 abordei o assunto aqui em PPP-P

Já confrontei a EMEL com a exploração lugares de estacionamento  em contravenção com o Código da Estrada que, honra lhes seja feita, os removeram.

É incompreensível que para além dos prémios para quem emite mais multas, se deixe de fiscalizar (ou se fiscalize muito menos) os restantes espaços onde sendo proibido estacionar, se estaciona. E, pior, se estaciona, causando risco para automobilistas e peões, causando congestionamento do tráfego. Dou apenas dois exemplos; estacionamento em cima de passeios e passadeiras de peões e em segunda fila.

O zelo ou seu excesso, em multar carros aparentemente bem estacionados cuja infração é não pagar um lugar de estacionamento, parece-me bem menos grave do que o estacionamento em cima do passeio ou em segunda fila. O curioso é que até a própria EMEL estaciona as suas carrinhas com bloqueadores, em segunda fila para autuar e bloquear os tais carros bem estacionados mas que não pagaram o estacionamento.

Uma palavra final para quem estaciona mal, ao arrepio das regras do Código da Estrada e liga os quatro piscas como se isso fosse um salvo-conduto para o estacionamento abusivo. Os quatro piscas só podem ser usados em situações de emergência e não para informar terceiros que se deixou o carro mal parado, de forma consciente. Consigo entender que se fique dentro de um veículo (desde que não estorve a circulação) à espera de alguém por uns minutos, mas não consigo entender que se ligue os quatros piscas para o efeito.

Afinal estamos num país em que frequentemente se fala em caça à multa, para justificar o injustificável e também estamos no mesmo país em que nos gabamos de sermos multados fora de portas, justificando que lá é mesmo a sério, seriedade que não aceitamos, infelizmente, em Portugal.

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