Em jovem era normal tratar por V.Excelência ou Excelência uma pessoa ou pessoas que fossem importantes, normalmente pelo cargo que desempenhavam.
Com o tempo desvaneceu-se esse formalismo, até mesmo para com os altos representantes da Nação, que são tratados, por todos e mais alguns, incluindo jornalistas, pelo nome e ponto, sem que isso, aparentemente, digo eu, configure algum menosprezo ou falta de respeito.
Não obstante se ter abandonado o termo excelência para as pessoas, já agora, para não se desperdiçar a palavra e para que a mesma não caia em desuso, até porque, afinal, continua a ter importância, encontramos o termo aplicado às empresas, o que segundo a avaliação das mesmas, significa que, supostamente, atingiram um grau máximo de qualidade ou perfeição dos seus produtos.
Não há excelência para as pessoas, mas existe em abundância nas empresas que, curiosamente, ainda atingem este status milagroso, graças ao esforço das pessoas.
Quer isto dizer que as pessoas perderam a excelência (porque o termo tem que ser usado com parcimónia e, obviamente, não chega para tudo e todos) em prol das empresas onde trabalham.
E isto leva-me ao Turismo e aos hotéis, muitos dos quais se dizem de excelência, querem sempre o cliente satisfeito, que se sinta em casa (se fosse para me sentir como em casa não ia para um hotel), que viva experiência únicas etc.
Para garantirem este desiderato, solicitam-nos sempre os nossos dados e oferecem-nos cartões de fidelização, sempre em nome da excelência, bem entendido. Já perdi a memória às vezes em que celebrei o meu aniversário e da minha mulher em hotéis, nacionais e estrangeiros, com a particularidade de o festejarmos no mesmo mês, com dois dias de diferença. Ou seja, nos quatro a cinco dias que estamos num determinado hotel, eu e ela celebramos o nosso aniversário.
Pois a excelência, a organização, o sistema informático, os metadados (ui agora não se pode falar nisso) nunca nos dirigiram uma palavra, por exemplo, aquela mais usada e que sozinha, sem mais salamaleques, basta para celebrar a ocasião; Parabéns.
Mas, curiosamente, e em nome da excelência, quase todos estes hotéis, nos enviam os parabéns no ano seguinte, quer por email, quer por sms. Concluo assim que enquanto lá estou a excelência da empresa não quer saber de mim, o lucro já está garantido pela estadia, mas a partir daí, talvez o mais importante para estas empresas de excelência, seja eu voltar.
Daí que para além dos parabéns me enviem também a “cenoura”um descontito na próxima estadia.
Só não percebo é porque a tal excelência, não se lembra de alertar o(s) colaborador(es) para simplesmente darem os parabéns aos clientes.
Talvez por pensar que as pessoas já não são de excelência para dar os parabéns a outras pessoas (clientes).
Tudo isto é mesmo muito personalizado e, claro está, excelente.