Não, não fui votar
Vagueando
Como se a pandemia não bastasse para nos agredir, desmoralizar, matar e aniquilar países, destruindo até quem não apanha o vírus, hoje deixará mais alguns portugueses, que não conseguiram ir votar, com um sentimento de culpa.
Foi o meu caso.
Encontrei-me perante o dilema entre ir votar ou manter-me em casa em isolamento profilático. A pensar em todos os outros e para ficar de consciência tranquila fiquei em casa.
Contudo, não fiquei com a mesma consciência tranquila por não ter ido votar.
Tenho plena convicção (mas lá está não sou médico) que se tivesse ido votar, do ponto de vista das regras sanitárias em vigor, não teria colocado ninguém em risco.
Almocei com o meu filho e namorada no dia 10 e 11 de Janeiro, sendo que no dia 11 a namorada queixou-se de dores de garganta. A partir daí não voltámos a ter contactos.
A namorada acabou por testar positivo a 14 de Janeiro e o meu filho, soube o resultado já à noite, a 15.
Dia 16 comuniquei esta situação ao SNS, informando que o último contacto tinha sido a 11 de Janeiro. Ainda assim, foi decretado o isolamento profilático durante 14 dias a partir de 16. Fui ainda informado que seria contactado ao fim de 3 dias pelo delegado de saúde da minha área de residência o que, até hoje, nunca aconteceu.
Entretanto fui registando, diariamente, os meus sintomas (nunca tive qualquer sintoma da doença) no sítio do SNS. Tentei ao longo de toda esta semana contactar o delegado de saúde para lhe explicar a situação para poder ser testado e, em caso de o resultado ser negativo, poder ir votar.
Nunca consegui.
Precavido, tinha-me inscrito para votar a 17, obviamente, não fui, mas queria ir hoje.
Amanhã, dia 25, às 13h, passaram 14 dias que tive o último contacto e estou convicto que poderia ir votar sem risco, se o fizesse hoje à tarde, mas não fui.
Só lamento não ter conseguido contactar, nem por email, nem por telefone o Delegado de Saúde e que o SNS aceite como boas as informações que foram sendo prestadas, telefonicamente, pelo meu filho que entretanto já teve alta (mas não tem qualquer comprovativo) e foi votar hoje e não tenha considerado o meu isolamento profilático a partir de 11 de Janeiro, em vez do dia 16.
Lá existirão razões para este procedimento mas, perante a gravidade da doença, tratar-se de tudo à distância, por telefone, sem qualquer comprovativo, parece-me que algo não bate certo nesta narrativa de terror que nos é servida por todos os especialistas, cientistas, jornalistas, políticos, médicos, cientistas, comentadores e sei lá mais quem, durante 24 h por dia.