A Geometria diz-nos que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha recta.
Os portugueses são ases da estrada mas não muito dedicados às ciências exactas. Os peões escolhem o risco, usando o conceito da distância mais curta para atravessar a estrada, ainda que muitas vezes essa linha recta seja uma diagonal à mesma, do que a segurança, procurando uma passadeira de peões.
Animado por ter escrito um post com o título “Menos de 1km”, achei que era capaz de fazer uma distância maior, não necessariamente a pé. Daí que me tenha feito à estrada e a primeira paragem foi feita no local da foto.
Esta recta, representa a menor distância entre o local onde estou até onde a vista alcança e tem muito mais que 1km.
Neste sentido, podia ficar por aqui e não me maçar mais, nem maçar mais quem, eventualmente, tenha tido a pachorra de ler até aqui.
Decido continuar, espero que o leitor também, para informar que de onde a vista alcança até à minha residência são à volta de 100km e do local onde me encontro até ao local de destino são cerca de 25km. Falta calcular a distância (a tal mais curta) entre onde estou e onde a vista alcança, que não sei nem quero saber, porque parei aqui para contemplar tudo e perdi-me na medição, por causa da meditação.
A tranquilidade, a sombra, a estrada que pouca gente usa, a calma, a nostalgia de outros tempos, com outros carros nos anos 70 e 80 e com outras gentes.
Ah, e a cor dos sobreiros, acabados de ser descascados. Que cor, que impacto visual.
O que não sabia sobre os sobreiros é que se trata de uma árvore, classificada como nacional desde 2012. A primeira casca só está pronta a ser retirada 25 anos depois da árvore ter nascido. Esta primeira casca (cortiça) dá pelo nome de cortiça virgem e este primeiro descortiçamento dá pelo nome de desboia. Nove anos depois retira-se nova cortiça, a que se chama secundeira. É preciso esperar mais 9 anos para se retirar nova cortiça a amadia. A partir daqui retira-se cortiça de 9 em 9 anos.
Cada sobreiro vive em média 150 a 200 anos, o que quer dizer que pode ser retirada cortiça cerca de 15 vezes.
No mundo de hoje onde a rapidez é tudo, é notável.
Já se produz uva sem grainha, qualquer dia acelerarse o sobreiro.
Deixemos os sobreiros e passemos às Sobreiras. Não, não é a esposa do sobreiro, mas sim uma espécie de sobreiro, um sobreiro muito grande ou muito velho. Não sabia mas está no dicionário.
Vou falar do Sobreiras Alentejo Country Hotel, não para fazer publicidade, que não é essa a minha intenção, também não sou influencer, nem ninguém me pediu para deixar like no Facebook ou fazer um comentário positivo, mas porque;
- Foi a primeira saída digna desse nome, desde 11 de Março, altura em que fomos forçados a hibernar dentro do casulo. • Gosto do Alentejo.
- Gosto deste tipo de alojamentos e, normalmente evito as grandes aglomerações de pessoas, mesmo de férias.
- Achei que a ligação dos sobreiros da foto com o Sobreiras fazia sentido.
- Uma vez que falei do hotel, seria injusto, não falar da experiência e não vos deixasse, como gosto, um link com fotos.
O hotel está muito bem organizado nesta fase “Covid” até me custa escrever este nome. Os serviços estão bem organizados para não juntar muitos hóspedes ao Pequeno Almoço ou ao jantar de modo a que todos permaneçam a uma distância segura e é distribuído um folheto com as normas protecção que os hóspedes têm de cumprir.
A zona da piscina tem muito espaço e nota-se muito cuidado com a desinfeção.
Mantem-se o Buffet em funcionamento, quer ao pequeno-almoço quer ao jantar, mas a comida é servida pelos colaboradores do hotel. Não gosto, mas é assim e aceito.
Nota-se a limpeza nos quartos que possuem o piso em cortiça, convida a que se ande descalço.
A decoração, quer dos quartos, quer das áreas comuns é feita de forma minimalista mas muito agradável à vista, havendo bastante espaço para circular.
O enquadramento deste hotel na paisagem é perfeito.
Não gostei apenas de dois detalhes;
O primeiro - O acesso a alguns quartos obriga a passar por degraus que me pareceram desnecessários, podiam ser substituídos por pequenas rampas, facilitando não só o acesso com malas de rodas como eventuais cadeiras de rodas. Por outro lado o acesso do parque de estacionamento a alguns dos quartos também é feito por pequenos passeios de pedra solta o que não facilita o arrastar de malas.
O segundo -Tem a ver com a inexistência de sombra no estacionamento. O local no Verão é bastante quente, quando cheguei estava 40 graus, pelo que a sombra era bem vinda. O parque é pequeno, porque o hotel também é pequeno, pelo que não seria complicado nem dispendioso sombrear a área.
Não espero que me sigam, mas espero que pelo menos uma vez sigam atá ao Sobreiras e, de preferência, passem pelos sobreiros da foto, parem e contemplem.
Aqui fica o link para as fotos
https://photos.app.goo.gl/GrDE35E3EWhGimnJ7
Se encontrarem, por acaso, um cão nas fotos, lembrem-se que neste hotel são aceites.