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Generalidades

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30
Jan20

Sintra das Sômbras Vivas...


Vagueando

Sintra das Sômbras Vivas

 

Sintra das sombras húmidas, cativa

Nêsse destino agreste e singular

De quem nasceu para ser altiva

Eternamente namorando o mar

 

Abriste ribeirinhos e cascatas

Nos flancos altos, de perfil incerto,

E assim beijas a água assim já matas

Saudades Loucas pelo mar tão perto…

 

Sintra das sombras vivas – entre hortas,

Entre pomares, dicas e castelos,

Onde um canto coral de vozes mortas

Se abraça de cousas com mais fortes elos…

 

Fantasmas – Sombras vivas – não recolhas

A’ burguesia duma vida inglória...!

-Folhas das tuas árvores são folhas

Dum Livro Verde onde se escreve a História…

 

Mantem o orgulho nobre num destino

Que pelos tempos fora é caminheiro…

-Só tu venceste um poeta peregrino

Que disse, ao mundo, mal do mundo inteiro…!

 

 

Nas tuas quintas de portões fechados,

Conserva a solidão distante e austera…

Deixa cair as ninfas, aos bocados

Nas fontes secas recobertas de hera…

 

Oh Sintra dos wallis, Serra da Lua,

Sê mulher moira que jamias se atreve

A descobrir o seu rosto, e continua

Usando um casto véu de bruma leve…

 

Oh Sintra medieval, que foste ninho

De “ínclita geração de altos infantes”

Sê cavaleiro andante, que sozinho,

Persegue sonhos mais e mais distantes…

 

Sintra da hora da aventura imensa,

Que viste um rei, alvoraçado e lêdo,

Sôbre um monte cimeiro, em névoa densa,

Adivinhar das Índias o segredo…

 

Vê sempre, ao longe, se lá vem singrando

Nau do Progresso – Embarcações festivas. –

Mas não despertes o teu sôno brando,

Sêno de morte cheio de sombras vivas…

 

Publicado em Setembro de 1927, O Domingo Ilustrado"nº 141 do Ano III, por T.L.B. na rubrica Curiosidades

03
Jan20

Porquê?


Vagueando

Há locais que nos tocam mesmo antes de lá estarmos. São apelativos, aconchegantes, reconfortantes sem sabermos porquê, têm essa capacidade de nos fazer sentir bem. Será que esses locais, lugares, sítios, são mesmo importantes ou somos nós que nos sentimos verdadeiramente importantes?

Gosto de observar locais, sítios, lugares, percorro-os com vários olhares, tento ver o que está lá e não se vê, sem que ninguém saiba porquê?

Quando os encontro, gosto de refletir sobre eles, saber o que vem de trás, porque o resto está à vista ainda que muitos não vejam, porquê?

Estando lá, vejo ação, animação, emoção, quiçá degustação, mas não vejo interesse na observação, porquê?

Dou nas vistas levanto-me, agacho-me tiro uma foto e depois outra de ângulos estranhos, olham pra mim como se estivessem a observar um malabarista, mas não vão ver o que eu vi, ainda que insista, e tiro outra foto e depois mais outra, e, outra. Porquê?

Fico a olhar para o resultado do meu olhar, gosto do que vejo, porque antevejo que mais alguém pode gostar, decido partilhar, para quê?

Porque acredito que vendo melhor, se pode apreciar com detalhe, ao pormenor, o que está ao nosso redor, sentir-se mais jovem tipo um júnior, em suma, ser um cidadão explorador, produtor e emissor de imagens, com valor. Deixo seis fotos, aceito sugestões, sobre a identificação dos locais.

quhttps://photos.app.goo.gl/BeK3DbFroK9BQja4A

01
Jan20

Escrever no primeiro dia do ano


Vagueando

Rua.jpg

 

Ainda ontem, mais precisamente o ano passado, estava queixar-me da falta de gana e de inspiração para escrever e aqui estou de novo, no primeiro dia de 2020 a escrever, com tanta gana que o teclado está quase a ceder á fúria e à força dos meus dedos e cheio de inspiração, julgo eu.

Mas quem sou eu para avaliar os meus dotes inspirativos? Bom não sou ninguém, estou apenas a fazer um exercício de auto avaliação que, como se sabe, está muito em voga pelo mundo. Para se poupar nos custos, agora são empresas que se auto avaliam e remetem os resultados aos respectivos reguladores. Neste sentido, não estou a inovar absolutamente nada, apenas e só, a seguir as tendências actuais e as melhores práticas.

Então, perguntar-me-ão o que há de novo para partilhar? Nada de interessante.

Nunca fui dado a excessos, sendo que muitas vezes nas épocas festivas ingiro normalmente menos calorias e bebo menos que no dia a dia. Ver muita comida deixa-me sem fome. Daí que não estou de ressaca a seguir às épocas festivas.

Assim saio bem cedo de casa e tenho todo o espaço, aprecio a falta de trânsito, a falta de pessoas, o silêncio e a tranquilidade que as ruas oferecem. É fascinante, em espacial num dia bom como é caso de hoje,- ver a luz a entrar pelas ruas, completamente despovoadas de gente e de carros.

Quando começou a moda de se criar um dia sem carros, nunca funcionou. Os verdadeiros dias sem carros são dias como o de hoje, de manhã, bem cedo. Logo a partir do meio do dia tudo volta à confusão, gente na fila para almoçar, nunca percebi este tipo de motivação, começar o ano, com stress e confusão, comer mal e caro, estar de pé á espera por uma mesa, apanhar trânsito com fartura junto aos restaurantes, assistir às primeiras asneiras na condução, que não são mais que a repetição dos constantes atropelos, exibidos ao longo do ano passado ao Código da Estrada, contribuindo para as negras estatísticas de sinistralidade rodoviária.

E pronto, Bom Ano.

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