VAR - Vamos ali rever o video árbitro
Vagueando
O VAR, digo eu, nasceu sob o lema, acabar com a polémica e trazer mais verdade desportiva o futebol.
O mundo está cheio de boas intenções, de boas práticas, mas praticamente, na prática, não se vê nada.
O VAR, não sejamos egoístas, nem bota abaixistas, trouxe sim, mais rigor científico-visual à polémica, quiçá descobriu algumas carecas, grava para memória futura os casos dos jogos, deu emprego a mais árbitros, trouxe negócio às empresas de audiovisual, tornou-se numa óptima ferramenta de arremesso entre os comentadores desportivos avençados dos clubes.
O VAR veio permitir, de forma rigorosa e probatória, a estes comentadores verem o que ninguém vê, verem o que não se mostra e demonstrar que uma imagem, afinal, não vale por mil palavras, mas gera muito mais que mil palavras para justificar o injustificável ou demonstrar que, o que efectivamente se vê naquela imagem, em particular, é particularmente duvidoso porque, sendo a imagem esclarecedora, o esclarecimento da mesma, demonstra justamente o contrário.
Confuso? Acredito.
Não é por acaso que o provérbio de que uma imagem vale por mil palavras é da autoria do filósofo chinês Confúcio.
Continuando no campo das melhorias trazidas pelo VAR, este instrumento humano-tecnológico, trouxe valor acrescentado aos debates nacionais, que contam com a presença dos melhores especialistas, ainda que, no final, sejam mais as dúvidas que as certezas. Concluo que os melhores especialistas, são bem mais eficazes a demonstrar incertezas do que evidenciar certezas.
Nada escapa ao VAR, embora as pessoas que interpretam o manancial de informação visual gerada, tenham vindo a queixar-se de serem mal interpretadas, o que dificulta bastante o seu trabalho. O Presidente da República já se disponibilizou para passar algum tempo com o VAR, para se inteirar de todas estas dificuldades e daí retirar todas as ilações inerentes à sua Função Presidencial.
Convém não confundir VAR(e) e VAR(a) esposa do VAR - porque essa fica em casa a cozinhar novas técnicas de análise, ainda que a sua opinião não seja tida em conta, por ser demasiadamente evoluída e temperada de bom senso - para que não se levantem outros debates inflamados em torno do acompanhamento que o PR se propôs fazer ao VAR(e).
Gostaria de salientar que o impacto (financeiro, bem entendido) nas Televisões tem sido de tal ordem, que levou já a RTP a afirmar que está em condições de sobreviver sem o recurso à taxa de radio difusão, que a EDP gentilmente cobra aos portugueses, ao jeito de renda, quiçá excessiva.
Não consigo encontrar nada de negativo no VAR. Até os treinadores de bancada, vulgo comentadores das redes sociais, não destoam das interpretações oficiais dos comentadores avençados pelos clubes e estão sempre de acordo com as interpretações a favor dos seus clubes e contra se assim não for. Não é só uma questão de lealdade ao clube é, essencialmente uma questão de (in)coerência.
Parece-me que a única classe que está profundamente desapontada com o VAR, são os oftalmologistas. É que eles não encontram nenhuma razão plausível, do ponto de vista científico, para que os óculos receitados não funcionem quando estão em frente ao VAR.
Em suma o VAR que começou por ser um grito de Ipiranga, do tipo Vamos Alterar as Regras a bem do futebol, cedo passou a ser Vamos Adulterar Regras a bem (dizer também) do futebol das conversas de cafés e barbeiros. A revolta continua, mas inovação foi um sucesso.