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Generalidades

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24
Abr20

Um lugar ao Sol


Vagueando

20200423_180639.jpg

 

Na década de 80 vibrava-se, com os Delfins e a sua canção, “Por um lugar ao sol.”

Sempre gostei desta música embora nunca tenha gostado de me expor ao Sol. Recordei-a hoje, por um detalhe do tipo, lusco fusco, que dura tão pouco que mal temos tempo para apreciar.

Estamos confinados em casa, privados do nosso lugar ao Sol, sem lugar para ver o Sol ou num lugar sem ver o Sol.

E ainda dizem que o Sol quando nasce é para todos!

Tenho sorte de viver em Sintra e poder sair para pequenos passeios a pé com a minha mulher e com o meu cão.

Consigo fazê-los sem ver gente, sem ver movimento, sem ver acção, sem ver tuk tuks, sem ver turistas, sem ver sequer residentes, sem ver fontes produtoras de ruído, sem ver o que provoca sons tão melodiosos que pensava já não existirem, tudo tão diferente, tudo tão estanho.

Apenas a humidade e o nevoeiro não mudaram em Sintra, no meio de tanta mudança.

A pé temos tempo para tudo, para olhar, para observar, para fixar, mas não temos muito tempo para provar o que os nossos olhos descarregam no cérebro.

A foto que serve de tema a este post esteve ali disponível durante menos de 30 segundos, lá está, a única coisa que não mudou com o maldito vírus foi o nevoeiro, a humidade e as nuvens que gostam muito de tapar a serra de Sintra.

Assim durante 30 segundos tive o meu lugar ao Sol, mas nem sequer tive tempo para me sentar.

Reza a música dos Delfins.

“Não pares de lutar agarra o dia ao nascer há uma batalha a travar que só tu podes vencer... só tu podes vencer”

Eu quis agarrar aquela réstia de sol que se esgueirou. Mas não foi possível. Não era o dia a nascer era o ocaso do Sol.

Fez-me lembrar a Balada da Neve de António Gedeão;

"Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim"

E  o sol neste local, mesmo sem nevoeiro ou nuvens, ao nascer, não bate assim, nem ali, nem está lá gente para o receber como, certamente, merecia.

Espero que todos possamos, rapidamente, voltar a ter o nosso lugar ao Sol, na cidade, na praia, no campo e, porque não em Sintra.

Pode ser que as nuvens, o nevoeiro e o vírus nos concedam esse desejo e deixem de bater por aí, porque se as nuvens batem levemente o vírus não pode bater assim, em tanta gente.

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